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Inspirado Serafim das Neves

No sábado apanhei um cagaço que nem te conto. Tinha ido ao Entroncamento ao mercado e comecei a ouvir sirenes de ambulâncias e de outros carros de bombeiros. Era uma chinfrineira que até parei o carro para não estar a interromper o trânsito. A sinfonia de uivos ouvia-se a grande distância. Com esta coisa dos atentados em França cheguei a pensar que alguém tinha atacado a sede de alguma publicação humorística...tipo Boletim Municipal ou coisa assim. Havia mais gente sobressaltada. Senhoras a recolher os filhos e a apanhar a roupa que estava estendida, cães a uivar. Abri o vidro e a medo meti a cabeça de fora para perguntar o que se passava e só então respirei fundo. Era dia de aniversário dos bombeiros e parece que é tradição pôr os carros de socorro todos na rua e dar umas voltas com as luzes a piscar e os alarmes a guinchar. Abençoado governo que acabou com a crise. Abençoados mercados que provocaram a redução do preço dos combustíveis. Subscrevo essa tua ideia de candidatar o Fandango a Património Imaterial da Humanidade. E subscreverei todas as outras candidaturas do mesmo género que aparecerem e que tenham a ver com danças e cantares tradicionais, sejam a zumba, a dança no varão, a variante portuguesa da dança do ventre ou as palavras de ordem da União dos Sindicatos de Santarém. Não sei se os chineses ou os esquimós estarão interessados em usar o nosso vasto património imaterial mas só ele estar classificado já é um descanso. Eu sou pela preservação, como sabes. Seja do lince da Serra da Malcata ou das Bandas Filarmónicas. Só não preservo o caracol nem o costeletão de novilho grelhado porque receio que se estraguem se os deixar muito tempo em pousio. As candidaturas a património imaterial vieram substituir com vantagens as candidaturas ao livro dos recordes do Guinness. Os recordes do tipo comer mais minhocas pelo nariz numa hora podiam ser batidos por outros malucos ainda mais malucos que os malucos nacionais mas o património imaterial é imbatível.Mas há mais. As candidaturas a património imaterial são muito melhores que as candidaturas a património material. Se a Unesco classificar o Fandango, por exemplo, a manutenção de tal distinção apenas exige os tais homens de meias de renda e calções justos a dançarem uns com outros como tão bem descreves no teu e-mail. E isso é o que não falta por aí, como sabes. Muitos inquilinos de habitações sociais, propriedade da Câmara de Santarém, não pagam as rendas. As dívidas já vão em 270 mil euros, o que é obra porque as rendas são baixas. Deve ser por causa disso que a câmara não atribui nenhuma das antigas casas dos oficiais da Escola de Cavalaria que agora são propriedade sua, a famílias carenciadas. É verdade que as casas vazias estão a degradar-se mas pelo menos as rendas em dívida não sobem para o dobro ou mesmo para o triplo, evitando-se assim a tal estigmatização dos pobres de que tanto se fala. O presidente da Câmara de Almeirim diz que dá quinhentos euros por mês a cada médico que vá para o concelho. Não sei porquê mas acho que não vai ter freguesia. A presidente da Câmara de Abrantes já tinha prometido nove mil euros por ano e não conseguiu nenhum. Cá por mim, o Pedro Ribeiro e a Maria do Céu Albuquerque deviam dar mais atenção ao mundo do futebol. Pelo menos ficavam a saber que o tempo em que se jogava por amor à camisola já lá vai. Não há ninguém a sair de grandes clubes para campeonatos distritais e o sonho de qualquer um, seja futebolista ou médico, é conseguir um contrato no estrangeiro. A única diferença é que os sindicatos dos médicos ainda estão na fase de fazer pressão para que o Estado abra os cordões à bolsa. Vê lá tu se o sindicato dos jogadores vai para o aeroporto chorar a partida de mais um craque para a Liga Inglesa, por exemplo??!!Saudações europeiasManuel Charlie Serra d’Aire

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