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Bandas filarmónicas precisam de dar nas vistas para não desaparecerem

Bandas filarmónicas precisam de dar nas vistas para não desaparecerem

Dinis Carniça é um jovem talento do saxofone que tem ganho concursos nacionais

Dinis é natural da Lapa, Cartaxo. É filho de uma família de pessoas ligadas à música. Ao verem o seu talento os pais inscreveram-no no conservatório da Euterpe Alhandrense, em Alhandra, onde ainda se encontra a concluir os estudos.

As bandas filarmónicas precisam de sair mais à rua, fazerem mais concertos, captar público e novos músicos para as suas fileiras. Se assim não for corre-se o risco de ver definhar e desaparecer uma grande tradição nacional. A opinião é de Dinis Carniça, jovem de 17 anos, que está a estudar saxofone alto no Conservatório Silva Marques em Alhandra e é membro de duas bandas filarmónicas e já venceu prémios nacionais de música.“A música que as bandas têm hoje em dia no seu repertório é muito boa, o problema são as pessoas, que ligam menos às bandas. Estamos a perder uma grande tradição do nosso país”, lamenta. Na opinião de Dinis Carniça, o desinteresse deve-se também aos novos estilos de vida da sociedade. “As pessoas estão cansadas do trabalho e aos fins-de-semana querem é descansar. É precisamente nos fins-de-semana que as bandas têm mais serviços. Infelizmente os jovens hoje também têm outros aliciantes, como as consolas de jogos e os computadores. Às vezes as bandas passam em frente das suas janelas e eles nem ligam”, critica.Dinis é natural da Lapa, Cartaxo, terra onde ainda vive. É filho de uma família de pessoas ligadas à música. O avô era dirigente da banda da Lapa e o pai músico naquela filarmónica. Aos seis anos Dinis começou a interessar-se pela música e o avô acabou por metê-lo a aprender pauta. “No início não era o que mais gostava de fazer mas hoje estou muito grato ao meu avô”, reconhece. O jeito para a música deu nas vistas e os pais optaram por colocá-lo no Conservatório de Alhandra, da Sociedade Euterpe Alhandrense, onde está a tirar sétimo grau de formação musical e o oitavo grau de saxofone. No currículo tem já dois primeiros prémios nacionais de música, um conquistado em Lagos, com executantes de outros instrumentos, e o outro em Belmonte, num concurso apenas dedicado aos saxofones. Em Alhandra ficou por duas vezes em segundo lugar dos Prémios de Música Silva Marques. Vai em breve começar a participar em concursos internacionais e gostava de ir a Espanha ou França. Os professores dizem que tem capacidade para ir mais longe e dar nas vistas mas Dinis revela humildade e garante que só pensa um dia de cada vez.Sonha vir a entrar numa banda militar, como a da GNR ou Marinha depois de terminar o conservatório. Diz que nunca abandonará a música mas admite que se as coisas não correrem bem terá de partir para outras profissões. “Em tempos pensei seguir agricultura. Sempre gostei muito da vida do campo, desde pequenino que acompanhava o meu avô. Também gostava de seguir engenharia”, nota. Gosta de passar os tempos livres com a namorada, Carolina, que vive em Alhandra, mas confessa ter uma relação paralela com o saxofone. Toca no mínimo duas horas por dia, também adora violoncelo e anda a aprender a tocar saxofone soprano. Uma das peças que o marcou foi “Capricho em forma de valsa”, de Bonneau, com a qual ganhou o concurso de saxofones em Belmonte. O seu ídolo é o saxofonista Rodrigo Lima, seu professor. Dinis é um músico que não gosta de partilhar o palco mas abre uma excepção para o seu sonho: acompanhar fado com o saxofone. “Isso seria um espectáculo, a maior experiência da minha vida, adoro fado”, confessa Dinis, que tem em Carlos do Carmo a sua maior referência. Já chegou a tocar sozinho, no meio do campo, rodeado de animais. Quando estudava em casa, na Lapa, os vizinhos vinham ter com ele no final a pedir mais música. Actualmente divide o seu tempo com as bandas da Lapa e da Euterpe. Diz que não é fácil arranjar tempo para tudo mas que quando se gosta consegue-se inventar tempo onde ele não parece existir.Vale a pena aprender música“Nos tempos que correm vale a pena aprender música. Quem ainda não teve uma experiência com a música deve experimentar. Verá que vale a pena. Das bandas não se leva apenas o conhecimento, leva-se amigos, aprende-se e cresce-se muito. Foi aqui que conheci a minha namorada e pode ser também uma forma de complementar outra profissão e ganhar mais algum dinheiro”, conta. Dinis gosta de passear com a família, ir ao campo com o avô e ler. Acabou há pouco tempo “A culpa é das estrelas” de John Green e está a ler “O fim da inocência II” de Francisco Salgueiro. Porque a vida não são só pautas musicais.
Bandas filarmónicas precisam de dar nas vistas para não desaparecerem

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