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Uma artista que gosta de brincar com o fogo

Uma artista que gosta de brincar com o fogo

Rita Miguel, animadora social residente em Tomar, lamenta nunca ter actuado na sua terra natal.

A dança e o fogo são os elementos principais de “Dragon Fire”, um projecto artístico que tem como mentora Rita Miguel, 36 anos, artista natural de Tomar que se está a dar a conhecer ao público. Cada actuação, garante, é pautada por um imenso glamour e magia envolvendo o espectador num ambiente povoado de misticismo. “A dança é, para mim, uma forma de comunicação onde o homem, de forma criativa, se exprime e mostra sentimentos e emoções. Se juntarmos o fogo, juntamos o risco”, conta a O MIRANTE, junto às muralhas do Castelo Templário. Rita Miguel regressou a Tomar há quatro anos, após acumular diversas experiências profissionais na hotelaria e no turismo. Foi há um ano e meio que, desempregada e com um filho para criar, decidiu recomeçar do zero mas a fazer o que mais gostava. Irreverente assumida, conta que gosta de tudo o que seja diferente. Inspira-se muito nos filmes de Tim Burton e escolhe a música criteriosamente. Já passou por várias experiências na sua vida, sendo que a mais marcante foi ter sido mãe aos 27 anos. Foi, sobretudo, pelo seu filho e pela ligação aos pais que voltou às suas raízes e decidiu arriscar num projecto que é a sua cara. Tudo o que sabe,aprendeu de forma autodidacta. A primeira vez que contactou com o elemento fogo foi numa feira medieval em Aljubarrota, através de um artista de rua, que era seu amigo. Deu “a primeira labareda”, correu bem e, a partir daí, nunca mais parou de aprender mais sobre estas técnicas. Primeiro treinou com água e depois com outros objectos. “O fogo sempre me seduziu por causa da questão do risco”, relata.Dona de uma figura exuberante, Rita não se coíbe perante os olhares mais indiscretos ou preconceituosos porque, atesta, está de consciência tranquila. A dignidade é a sua arma. Para além de actuar em recriações históricas, os seus espectáculos podem conferir uma animação diferente a qualquer festa privada, garante. A indumentária que veste depende do tema da festa, tal como os apetrechos. Cada espectáculo é preparado com cuidado para não existirem falhas e, se for necessário a participação de mais pessoas, recorre a alguns amigos. Agradece às pessoas que acreditaram em si e a ajudaram: a Patrícia, o Bruno e o Vítor.“Quando decidi criar este projecto, sabia que tinha que criar algo diferente de tudo a que o público estivesse habituado a ver na arte circense”, resume. Para prosseguir o seu sonho, Rita aprendeu a andar de andas e pesquisou horas a fio na Internet a ver outras pessoas a brincar com o fogo. Apesar de já ter enviado várias cartas de apresentação do projecto, Rita Miguel lamenta nunca ter tido a oportunidade de actuar em Tomar, cidade de que tanto gosta. “Penso que seria uma mais valia para esta cidade poder contemplar um espectáculo diferente. Se actuasse aqui, penso que ainda o faria com mais paixão”, refere.Um espírito livre que gosta de ter raízesRita Margarida Miguel nasceu a 22 de Maio de 1978 em Tomar, cidade onde viveu até ter frequentado o Curso de Restauro, Arqueologia e Pintura no Instituto Politécnico de Tomar, que concluiu em 2000. Andou pelas igrejas de todo o país a trabalhar no restauro de peças de arte sacra. Uma hérnia discal levou-a a abandonar a actividade, tendo optado depois por uma formação em turismo. “Sempre foi um gosto para mim viajar e dai ter começado a trabalhar em agências de viagens”, conta. Em 2011, regressa a Tomar pela necessidade “de se reencontrar” como pessoa. Depois de verificar que ainda se identificava com a cidade onde nasceu, começou a trilhar uma nova vida. “Sempre fui um espírito livre mas sempre tive necessidade de regressar para o meu canto. Mesmo hoje, quando vou para fora, passados alguns dias já quero voltar”, afirma. Criativa e dinâmica, Rita ainda quer lançar, este ano, o livro “Gota de Água”, que resume os pensamentos de quem escolheu mesmo viver e não apenas sobreviver.
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