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“Tomar tem muito a lamentar-se”

“Tomar tem muito a lamentar-se”

Mário Nogueira confessa que está preocupado com o rumo que a sua cidade está a levar. Dirigente sindical dos professores mantém--se atento ao que se passa na terra natal, onde esteve recentemente para apresentar o seu livro sobre o futuro da escola pública.

“Tomar tem muito a lamentar-se em matéria de saúde mas também assisto com preocupação ao rumo que a cidade está a levar e que vou sabendo através de jornais que leio na Internet ou de gente amiga. Mas, confesso, o melhor às vezes é nem ler”. O desabafo é de Mário Nogueira, um filho da terra que é também uma figura nacional por ser líder da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), a maior organização sindical de docentes do país. O sindicalista partilhou uma experiência pesarosa vivida recentemente. “O meu pai foi ao Hospital de Tomar para fazer uma TAC (Tomografia Computorizada) mas encaminharam-no para Abrantes, a 40 quilómetros de distância, porque aqui não tinham o equipamento. Só fez a TAC passado cinco horas de ter o problema e só soube os resultados dez horas depois”, lamentou, à margem da apresentação do seu livro sobre “O Futuro da Escola Pública” (ver caixa), sessão que decorreu na sexta-feira, 30 de Janeiro, na antiga sede da Junta de Freguesia de Santa Marias dos Olivais. Teodoro Nogueira, antigo comerciante que esteve ligado ao ramo de vendas de uma cadeia de supermercados, faleceu no dia 14 de Janeiro, aos 84 anos.A O MIRANTE, Mário Nogueira confessa que continua atento ao que se passa, politicamente, na cidade dos templários, mantendo as amizades da sua juventude. “Saí de Tomar com 17 anos mas venho cá regularmente para ver a família e estou em todas as Festas dos Tabuleiros. Na última, estive duas horas para conseguir sair daqui com o carro”, recorda a rir.Nascido em Tomar a 11 de Janeiro de 1958, Mário Nogueira é o filho único de um casal que morava no centro da cidade, junto à ponte velha do rio Nabão. Frequentou a escola primária (actual Escola Básica Santo António) junto ao Bairro 1º de Maio, tendo sido aluno do professor Couto, figura que recorda com saudosismo. Chegou a ter aulas no quartel dos bombeiros enquanto não abriu o Liceu de Tomar, recorda a O MIRANTE. Foi em Tomar que viveu até entrar na Escola do Magistério do Ensino Primário de Coimbra, em 1975, para evitar o serviço cívico (um ano de trabalho em prol da colectividade que antecedeu o ano propedêutico, que acabaria por ser o percursor do 12º ano). Não acabou por entrar no curso de Matemática, que pretendia seguir nos tempos em que jogava bilhar no café Paraíso ou em que praticava natação no Sporting de Tomar. Também se lembra de ir mostrar às namoradas ou aos turistas “o segredo” de Gualdim Pais, estátua na Praça da República, que mais não era que um pedaço da espada que, vista de certo ângulo, tinha um aspecto fálico. Municipalização da Educação é presente envenenadoA Municipalização da Educação, uma das mais recentes medidas do actual Governo, é um presente envenenado para os municípios que aceitem assumir esse encargo, sublinhou Mário Nogueira durante a apresentação do seu livro “O Futuro da Escola Pública”. “O que eles pretendem é que sejam as autarquias a assumirem a concessão das escolas, a fazerem as matrículas dos alunos e a constituir as turmas, sem lhes darem quaisquer recursos. Serão as câmaras, por exemplo, a decidir 25% do currículo dos alunos através das chamadas componentes curriculares locais”, salientou. Um modelo que, para o dirigente, apenas vai prejudicar as câmaras municipais que vão ter mais despesas e um aumento de responsabilidades educativas. Para Mário Nogueira, o Estado apenas quer ficar com quatro áreas que considera fundamentais: Justiça, Diplomacia, Segurança Interna e Defesa. “Todas as outras áreas, como a Educação e Saúde, ficam postas ao serviço dos investidores privados”, alerta. “O que querem é transformar a escola pública numa escola de segunda categoria e com isso poucos conseguem chegar ao ensino superior se não frequentarem antes o ensino particular”, acrescentou.
“Tomar tem muito a lamentar-se”

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