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Arquivada queixa-crime contra empresário de Abrantes que provocou distúrbios em reunião de câmara

Arquivada queixa-crime contra empresário de Abrantes que provocou distúrbios em reunião de câmara

Jorge Ferreira Dias já cortou as longas barbas porque sente que, aos poucos, a justiça lhe vai dando razão nos vários processos judiciais que o opõem ao município. Mas ainda vai responder pelo crime de injúria agravada, por ter chamado “mentirosa” à presidente da Câmara de Abrantes.

O Ministério Público de Abrantes arquivou a queixa-crime que o Município de Abrantes interpôs contra o empresário Jorge Ferreira Dias que, a 22 de Outubro de 2012, irrompeu pelo edifício dos Paços do Concelho, provocando distúrbios na sala onde decorria a reunião privada do executivo municipal. Jorge Dias refere que a decisão de arquivamento foi proferida a 16 de Outubro de 2014. Do rol de acusações a que estava sujeito neste processo, o empresário, de 58 anos, apenas vai responder pelo crime de injúria agravada, por ter chamado a presidente da Câmara de Abrantes de “mentirosa”. Já requereu, no entanto, a abertura da instrução dado que esta acusação “não padece de qualquer suporte probatório, não passando de conclusões retiradas de suposições”.Tal como O MIRANTE noticiou na sua edição de 1 de Novembro de 2012, o construtor civil, que anteriormente tinha tentado invadir a câmara com cinco burros, até tinha autorização para falar nessa reunião, apesar de ser de carácter privado. O problema é que a sessão teve início às 14h30 e o empresário atrasou-se pelo que foi demovido de entrar pelo elemento de segurança que, habitualmente, regista a entrada das pessoas no edifício, com o argumento de que este iria perturbar os trabalhos iniciados. Inconformado por não ser ouvido, Jorge Dias subiu as escadas, depois de andar aos empurrões com o segurança, irrompeu pela sala de reuniões e levantou a mesa ao ar, derrubando copos e papéis para o chão para espanto dos presentes. Jorge Dias reconhece ter agido com a cabeça quente e, nos 45 minutos que ali esteve antes da polícia chegar e levá-lo sem que tivesse apresentado resistência, desabafou tudo o que lhe ia na alma.De acordo com a decisão, a que O MIRANTE teve acesso, o Ministério Público determinou o arquivamento dos autos no que concerne ao “crime de ofensa a organismo, serviço ou pessoa colectiva” por entender que “o arguido se limitou a emitir juízos de valor ou uma opinião pessoal sobre o que considera ser a razão da sua situação económica actual, razão que levou as suas várias empresas à falência e de hoje estar praticamente na miséria”. Também determinou o arquivamento do “crime de difamação agravada” quando referiu que “há muito gente burra na câmara”, dado que “em nenhum momento identificou as pessoas a quem imputava os factos supra referidos”. De igual modo, o Ministério Público arquivou o crime de “ameaça agravada ocorridos nos dias 22 de Outubro e 5 de Novembro” em relação aos seguranças que estavam na portaria dos Paços do Concelho porque “as expressões proferidas não integram o tipo legal em questão” nem ficou provado que das mesmas ressalte a promessa da prática de qualquer crime”.Cortou as barbas de há sete anos para não cometer uma loucuraJorge Ferreira Dias, que mantém há vários anos um diferendo com a Câmara de Abrantes por causa de vários processos que estão a correr nos tribunais, confessa a O MIRANTE que cortou as barbas que usava há mais de 7 anos, no dia 23 de Agosto de 2014, para não ter que cometer uma loucura. “Confesso que me passou pela cabeça o pior. O desespero que sentia era tanto que pensei em ir à câmara e matar aquela gente toda e suicidar-me a seguir”, desabafa a O MIRANTE, no sótão da sua casa onde tem centenas de documentos judiciais reunidos. O empresário, que já protagonizou pelo menos dois protestos mediáticos que envolveram animais da sua quinta, tinha a ideia de voltar a entrar na câmara com os burros em Agosto, por ter passado mais um ano sem que a situação se desbloqueasse. Foi demovido dessa intenção quando pessoa amiga o aconselhou a ter calma porque os processos que tinha em tribunal iriam, em breve, ter um desfecho favorável. “Fui ao barbeiro em Abrantes e cortei a barba porque sinto que o futuro me vai dar razão e vou ser indemnizado com tudo a que tenho direito”, afirmou. Jorge Dias confessa ainda que a prisão de José Sócrates, antigo primeiro-ministro de Portugal, lhe deu um novo alento. “Voltei a ter fé na justiça”, concluiu.Construtor civil reclama quase 7 milhões de indemnizaçãoNeste momento encontra-se a decorrer um processo no Tribunal Administrativo de Leiria onde o construtor civil reclama uma indemnização de 6 milhões e 693 mil euros à Câmara Municipal de Abrantes devido à falência da sua vida empresarial. Jorge Dias conta que já foi dado provimento ao teor do mesmo, aguardando o agendamento do julgamento. Acrescenta ainda, mostrando esse documento, que a advogada da autarquia remeteu uma carta ao Tribunal Administrativo de Leiria a requerer que, no dia da leitura da audiência final, estejam presentes as testemunhas Nelson de Carvalho, antigo presidente da câmara, José Bento Coelho e João Pina da Costa. “Segundo a minha advogada, isto é já 50% do processo ganho pois estes senhores estão implicados na minha ruína, podendo a eles ser imputada culpa”, refere. Contactada por O MIRANTE pela autarquia, a presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Albuquerque (PS) disse desconhecer que tenha existido qualquer evolução neste processo indemnizatório em concreto.
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