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“Queremos envelhecer dignamente e com a mente ocupada”

“Queremos envelhecer dignamente e com a mente ocupada”

É a segunda vez em apenas um ano que um grupo de mulheres de Azambuja fica sem local onde se reunir e montar o ateliê de pintura, actividade de que tanto gostam. Em último recurso, decidiram apelar ao município para que lhes ceda um espaço.

Umas são reformadas e outras donas de casa, com idades entre os 57 e os 83 anos, e só pedem um local onde possam dar largas ao seu gosto pela pintura. Juntavam-se às segundas e quintas-feiras de manhã para frequentarem um curso de pintura no Centro Social e Paroquial de Azambuja (CSPA). Já o faziam há cerca de sete anos quando o professor que as acompanhava decidiu emigrar. “Foi a partir daí que o falecido padre Canilho disse que teríamos de abandonar as instalações porque o curso estaria suspenso por tempo indeterminado”, explicou a O MIRANTE Deolinda Sousa, 69 anos, que se fez acompanhar por seis colegas.O curso nunca mais foi retomado e as mulheres continuaram a lutar para que pudessem ter um lugar onde montar o seu ateliê. Conseguiram, pouco tempo depois, que a antiga direcção da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja lhes cedesse um espaço, mas nunca lhes foi escondido que, mais tarde ou mais cedo, a casa ia entrar em obras. E assim foi. Com a entrada da nova direcção na Santa Casa foi pedido que as senhoras abandonassem o espaço e nem os seus pertences ainda conseguiram retirar. Novamente sem local para se reunirem, resolveram recorrer ao município. Na última reunião de câmara, o presidente, Luís de Sousa, mostrou-se receptivo ao pedido e disse que iria “fazer de tudo para o atender, quanto mais não fosse no próximo ano lectivo com o início da Universidade Sénior”. As queixosas acreditam que a universidade sénior seja ainda uma miragem e, por isso, apelaram por outro espaço temporário ao autarca.Maria do Carmo Dias, 83 anos, garante que o mais importante é terem alguma coisa com que ocuparem o tempo. “Em Azambuja não há nada direccionado aos idosos, como vemos noutros concelhos, e é uma tristeza porque não queremos ficar em casa a dormir até tarde ou a ver televisão o dia todo. Queremos envelhecer dignamente e com a mente ocupada, porque todos sabemos que se pararmos é pior”, alertou.A octogenária deixou ainda um apelo à população reformada de Azambuja para se juntar ao grupo, quer sejam homens ou mulheres, para aprenderem a pintar, bordar, tricotar, costurar entre outros ofícios. “Se estivermos à espera da tão prometida universidade sénior, ainda morremos e ela não aparece”, frisou ainda.Contactada por O MIRANTE, Maria João Canilho, directora do Centro Social e Paroquial de Azambuja , diz que apenas pediram que as senhoras abandonassem o espaço, dado que o curso tinha sido interrompido, porque precisavam daquela sala para acompanhamento ao estudo do ATL. Já a Misericórdia de Azambuja diz que vai precisar das instalações onde se reuniam as mulheres e por isso nunca quis estabelecer qualquer tipo de vínculo com elas. “Sempre lhes foi transmitido que no dia em que a Santa Casa necessitasse do espaço lhes seria solicitada a sua retirada”, esclareceu a O MIRANTE Cristina Ferreira, secretária da mesa administrativa da instituição.
“Queremos envelhecer dignamente e com a mente ocupada”

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