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“Somos doentes da cabeça pelo tricô”

“Somos doentes da cabeça pelo tricô”

Mulheres de Santarém juntam-se uma vez por mês para trocar saberes e pôr a conversa em dia. Tricotar, bordar ou fazer croché é para elas uma forma de manter vivo um conhecimento e uma tradição que corre o risco de se perder com o tempo.

Trocar conhecimentos e saberes, socializar, ocupar o tempo e não deixar morrer a tradição são as razões que levam um grupo de mulheres a reunir-se no segundo sábado de cada mês no Círculo Cultural Scalabitano, em Santarém. O encontro das Tricotadeiras de Santarém é um espaço informal que se distancia da velha imagem da “avózinha” de cabelos brancos e manta sobre o colo a tricotar numa cadeira de baloiço.No último encontro apareceu uma dezena de tricotadeiras. Nem o frio, nem a chuva as demoveu. “Somos doentes da cabeça pelo tricô”, brinca Rosário Pedro enquanto retira coloridos novelos de lã de dentro de um saco. Aprendeu a arte em pequena com a avó, ganhou-lhe o jeito e nunca mais parou. Participa nos encontros das Tricotadeiras de Santarém há cerca de três anos, depois de ter visto um anúncio sobre o grupo na loja onde costuma comprar lãs. O grupo começou em Fevereiro de 2012 por iniciativa de duas apaixonadas pela arte de tricotar, Catarina e Carla, que decidiram criar em Santarém um movimento de tricotadeiras à imagem do que já existia em outros pontos do país, como Porto ou Oeiras. Por razões pessoais, deixaram de poder participar nos encontros e Rosário ficou responsável por coordenar a “mulherada”. “Algumas são minhas alunas”, explica Rosário, professora de tricô na Universidade da Terceira Idade de Santarém (UTIS). Abília Fonseca é aluna de Rosário. Do tricô ao artesanato, passando pelo ponto cruz e pelos tapetes de arraiolos, ajeita-se a fazer tudo e não lhe falta vontade de aprender mais. No pescoço, traz um bonito xaile roxo brilhante. Enquanto tricota, vai trocando dois dedinhos de conversa com a amiga Cecília da Conceição, de 61 anos. São ex-colegas de trabalho e amigas que partilham esta paixão por tudo o que implique “fazer trabalhos com as mãos”. “Eu tenho uma pancada e não gosto de coisas simétricas”, confessa Cecília.A Internet é para este grupo de tricotadeiras uma ferramenta tão fundamental como as lãs e as agulhas. É aí que vão buscar ideias para os seus trabalhos e tirar dúvidas como uma ou outra técnica. “O tricô é uma terapia para os problemas”, afirma a americana Kristi Brack, que participa nos encontros há mais de dois anos e confessa que tem aprendido muito. Cristina Barbosa começou por vir apenas abrir a porta do Círculo Cultural Scalabitano às tricotadeiras e acabou por se render aos encantos do tricô. “Estou a fazer os acabamentos deste pano que estava por acabar para aí há seis anos”, confessa, concluindo um dos picotados de linha amarela.O grupo fica completo com a chegada de Hélia Viegas, acompanhada por Ermesinda. Chegou sorridente e entusiasmada para mostrar às outras tricotadeiras um avental creme que concluiu. “Todos os meses aprendo uma coisa nova e faço durante um mês”, adianta Hélia, de 68 anos. Adora costurar, mas confessa que detesta fazer rendas. “Uma fábrica de ensino” é como define os encontros das Tricotadeiras de Santarém, a que comparece mensalmente. Este mês há mais: dia 14 de Março, a partir das 15h00, no Círculo Cultural Scalabitano.
“Somos doentes da cabeça pelo tricô”

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