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O que está a acontecer com o Cegada é “chocante” e “inadmissível”

O que está a acontecer com o Cegada é “chocante” e “inadmissível”

Grupos de teatro dizem-se solidários com a companhia de Alverca e pedem mais debate sobre o assunto. Cegada não concorda que a companhia Inestética receba do município 24.600 euros anuais e que restem apenas 16.200 euros para as restantes companhias do concelho dividirem.

Vários grupos de teatro amador do concelho de Vila Franca de Xira estão solidários com o Cegada de Alverca e dizem que está na hora do município rever a subvenção que dá ao grupo Inestética, o único considerado profissional pela câmara. Há mesmo quem diga que a câmara não pode continuar a financiar “afilhados”.“Chocante”, “inadmissível” e “inclassificável” são alguns dos adjectivos usados pelos responsáveis do teatro para classificar a perda cultural que vai representar o fecho do Teatro-Estúdio Ildefonso Valério em Alverca, no Dia Mundial do Teatro, 27 de Março. Tudo porque o Cegada de Alverca não concorda com a forma como o município vilafranquense atribui os apoios e por isso não se candidatou a qualquer subsídio este ano.“É inadmissível e choca-me que não haja da parte do município uma posição mais firme sobre isto. O Cegada é um grupo importante e é incrível como é que ainda não se formou um movimento de solidariedade”, lamenta a O MIRANTE António Nabais, do grupo de teatro do Grémio Povoense. O responsável diz que a entrega de uma verba por subvenção ao Inestética, superior ao que resta para os outros grupos, é “chocante”, sobretudo porque, diz, “não se vê muito” do que vão fazendo ao longo do ano. “Não tem havido coragem para discutir abertamente este assunto. Devia criar-se um movimento para dar a volta a isto. No Grémio vamos vivendo do esforço de muita gente”, remata.Já o encenador do grupo Esteiros, de Alhandra, tem uma opinião pessoal sobre o assunto. “É uma grande perda se o espaço fechar. Se há uns anos o Cegada optou por enveredar por um projecto profissional já se sabia que isso ia trazer dificuldades. Era uma tragédia anunciada”, lamenta. O mais crítico do actual momento que se vive no teatro do concelho é Pedro Cera, encenador e responsável do grupo teatral Gruta Forte. O responsável diz ver tudo o que se está a passar com “grande tristeza” e afirma que o sistema de subvenção atribuído ao Inestética deve ser revisto. “Trabalho no concelho a fazer teatro e sempre defendi que há espaço para tudo. Mas o Inestética é um luxo para um trabalho que se vê pouco. No deserto cultural que a câmara criou, não pode continuar a dar dinheiro a afilhados e a premiar pessoas que produzem pouco”, critica.Recorde-se que o Cegada não concorda que a companhia Inestética, sediada no Palácio do Sobralinho, receba 24.600 euros e que restem apenas 16.200 euros para as restantes companhias dividirem. A companhia teatral de Alverca pede um novo regulamento, mais transparente e de iguais oportunidades para todos os grupos, ao invés de uma subvenção directa ao Inestética. Inestética queixa-se de “campanha demagógica”Os responsáveis do Inestética já tinham emitido um comunicado queixando-se de um “ataque violento” através de uma “campanha demagógica” do Cegada, que utiliza o Inestética como “arma de arremesso”. O grupo diz que o Cegada está a “instigar uma guerra fratricida que coloca os grupos de teatro uns contra os outros”, numa estratégia “incendiária, dirigida e estúpida”. Num comunicado repleto de adjectivos, o Inestética fala também de “lutas rasteiras” que só contribuem para a “mediocridade intelectual”. Apesar de ser a entidade que mais recebe no concelho, o Inestética diz que o montante que lhe é atribuído “é manifestamente insuficiente” para todas as actividades que produz. O director artístico do Cegada, Rui Dionísio, já tinha afiançado a O MIRANTE que a companhia não tem “absolutamente nada contra o Inestética” mas sim contra a forma como o município tem atribuído os apoios.A câmara justifica que a verba é maior porque o Inestética é a única companhia profissional do concelho. O Cegada discorda e lembrou esta semana, em comunicado, que efectuou em 2012 o processo de profissionalização da sua estrutura de teatro, tendo-se candidatado já por três vezes, com admissibilidade, aos apoios da DGArtes - Secretaria de Estado da Cultura.Prémio de teatro não cativou grupos do concelhoNo último domingo foi entregue, no espaço cultural Fernando Augusto, na Póvoa de Santa Iria, a primeira edição do prémio de teatro “Mário Rui Gonçalves”. Instituído pela câmara municipal, o prémio visa distinguir o trabalho feito pelos grupos de teatro do concelho, premiando, entre outros, a melhor peça, melhor actor e melhor encenação. Apesar de existirem mais de meia dúzia de grupos no concelho apenas três se candidataram ao prémio: Esteiros, Gruta Forte e Grémio Povoense. A primeira edição foi ganha pelos Esteiros, com a peça “O Pelicano”. O grupo levou para casa 2500 euros. Para o ano está a ser estudada a possibilidade do concurso ser aberto a outros grupos de teatro da Área Metropolitana de Lisboa.
O que está a acontecer com o Cegada é “chocante” e “inadmissível”

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