uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Uma refeição gourmet não é pagar muito e comer pouco

Uma refeição gourmet não é pagar muito e comer pouco

Ricardo Casaleiro, 36 anos, empresário de restauração em Vila Franca de Xira

Ricardo é responsável pelo “Casaleiro’s”, um dos principais restaurantes do concelho que tem somado excelentes notas no site de roteiros turísticos “Trip Advisor”. Diz que hoje em dia trabalha-se apenas para pagar impostos e tem esperança que os valores de IVA na restauração venham a descer novamente para os 13 por cento.

Apesar do crescente acesso à informação a maioria dos portugueses continua a ter uma ideia errada sobre o conceito gourmet e continua a acreditar que o nome é sinónimo de pagar muito e comer pouco. Uma ideia que, defende Ricardo Casaleiro, 36 anos, empresário que trabalha desde a juventude no ramo da hotelaria, é urgente desmistificar.“Uma refeição gourmet não são três ervilhas num prato e passar fome. A palavra significa a selecção de produtos de primeira qualidade. Quando se vê pouca comida nos pratos isso geralmente é quando estão a decorrer menus de degustação, em que se prova seis ou sete pratos diferentes. Mas, para o português, ir a um restaurante que não tenha uma travessa de batatas fritas e uma costoleta com 700 gramas já não é comer”, lamenta.Ricardo é responsável pelo “Casaleiro’s”, um dos principais restaurantes do concelho de Vila Franca de Xira, que tem somado excelentes notas no site de roteiros turísticos “Trip Advisor”. Diz que hoje em dia se trabalha apenas para pagar impostos e tem esperança que os valores de IVA na restauração venham a descer novamente para os 13 por cento. “Precisamos de ser bastante honestos senão os nossos clientes já não voltam. Antigamente é que os empresários podiam fazer tudo o que quisessem que os clientes acabavam sempre por voltar. Hoje já não é assim”, regista.Ricardo Casaleiro sabe do que fala. Desde os 15 anos que trabalha na restauração e no sector da hotelaria. Durante as férias e aos fins-de-semana trabalhava a servir às mesas. Entrou nos pára-quedistas aos 18 anos e mais tarde trabalhou nas OGMA em Alverca no fabrico de peças de alumínio para aviões. Natural de Vila Franca de Xira, rapidamente percebeu que se ganhava mais dinheiro na hotelaria do que a ajudar a construir aviões. Despediu-se, foi trabalhar para a Suíça, a esposa não se entendeu com a língua do país e voltou a Portugal. Foi durante o Euro 2004 que a carreira descolou, passando rapidamente a coordenar equipas e chegando a chefe de sala. Foi responsável por servir refeições a ministros, presidentes e a fazer um jantar de campanha no Meo Arena para mais de seis mil pessoas.“Era um trabalho muito duro e de muita responsabilidade. Quando as pessoas chegavam já tudo tinha de estar montado e quando fossem embora teríamos de carregar tudo novamente”, recorda. Uma complicação com um dos chefes da empresa onde trabalhava atirou-o para o desemprego. Juntamente com a mãe, Maria do Rosário, abriu um café em Arruda dos Vinhos mas viria a fechá-lo pouco depois. Foi quando apostou no “Casaleiro’s” e no conceito “slow food” (comida lenta), onde o principal não é comer rapidamente e em quantidade mas antes com calma e a desfrutar do ambiente. “Já abrimos a empresa há três anos. Desde que mudaram o hospital de sítio notou-se imenso no movimento. Conheço médicos que só por terem de pegar no carro e atravessar Vila Franca de Xira deixaram de vir aqui com tanta frequência”, lamenta. Ricardo quis e conseguiu criar um conceito único, onde os pratos são confeccionados na hora e empratados especificamente para o cliente. Além de uma carteira com mais de uma centena de vinhos tem também 55 gins para desfrutar. “Gosto de dar muita atenção ao cliente, este é um restaurante para se sentirem bem, apreciar a comida, o vinho, desfrutarem de um bom momento”, explica. Quando era criança Ricardo sonhava ser camionista, para poder passar a vida a viajar de um lado para o outro. Quando cresceu percebeu que a profissão de camionista é bem mais dura do que imaginava. Adora viajar e o que o motiva todos os dias para estar no restaurante é a emoção de servir bem os clientes. “É um gosto e uma paixão que tenho”, conclui.
Uma refeição gourmet não é pagar muito e comer pouco

Mais Notícias

    A carregar...