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Anúncio do falecimento de alguém é demasiado importante para ser esquecido

Anúncio do falecimento de alguém é demasiado importante para ser esquecido

Agências funerárias disponibilizam-se para tratar de tudo mas nem sempre a sugestão é aceite

Na vida actual a mobilidade é muito grande. São cada vez mais raras as pessoas que nascem, vivem, trabalham e morrem na mesma terra. Na altura em que partem fisicamente deste mundo as famílias devem ter a sensibilidade de perceber que há outras pessoas dispersas por muitos locais que também partilham a dor daquela partida e que querem homenagear quem partiu, nem que seja através de um exercício de memória.

A não ser que existam instruções em contrário, todos os falecimentos deviam ser publicitados. Primeiro porque todos os falecidos, cada um à sua dimensão, são pessoas importantes para familiares, amigos, conhecidos e para a comunidade em geral e depois porque já lá vai o tempo em que a vida de alguém e o seu círculo de conhecidos e amigos se concentrava num único local. Na angústia e tristeza do momento, nem todas as famílias estão em condições de se lembrarem de dar a conhecer o falecimento dos seus entes queridos mas seria útil delegarem essa tarefa na agência que contratam para o funeral e que incluíssem esse serviço na lista de serviços que as mesmas se disponibilizam para prestar.As páginas de necrologia vão desaparecendo a pouco e pouco dos jornais sem que o assunto pareça preocupar muita gente. Trata-se de algo que acompanha a tendência moderna de esconder a morte. As únicas excepções são as figuras públicas. Mas qualquer cidadão à sua maneira é também uma figura pública. Não tem milhares de admiradores mas tem muita gente que o conhece e com ele trabalhou, estudou, conviveu. Pessoas que por vezes vivem na cidade ou na aldeia próxima e que ficam privadas de uma informação que lhes interessa.Há muita gente que lamenta não ter sabido do falecimento de um ex-camarada de armas; de um ex-companheiro de trabalho. Nem sempre os familiares de quem morre têm o contacto de todos os amigos do falecido. Por vezes nem o próprio os tinha em vida. E mesmo quando o têm, muitas vezes não conseguem avisar toda a gente, ou não têm cabeça para isso num momento tão doloroso como aquele. O anúncio de um falecimento de alguém num jornal é uma forma de fazer voltar a viver quem morreu fisicamente. Quem conheceu a pessoa pode contactar os familiares para apresentação de condolências. Pode participar em cerimónias religiosas de homenagem. Pode passar a notícia e lembrar quem partiu através de conversas com amigos comuns. Os agentes funerários mais experientes sabem da importância da publicação de um anúncio na secção de necrologia. Sabem que muitas pessoas, nomeadamente as mais idosas, começam a leitura do seu jornal por aquela página. Se não insistem mais no serviço junto dos familiares é porque receiam ser incómodos. No entanto aquela é uma parte essencial de um funeral. Há agências funerárias que até já disponibilizam informação online de falecimentos, funerais e missas do 7º dia para além dos avisos que colam nas paredes ou nas monstras das suas sedes. É bem provável que à medida que os serviços online das funerárias se vão desenvolvendo, passe a haver até um sistema de alertas para quem se inscreva, por exemplo. Por enquanto reina um certo conservadorismo. E nem sempre é possível ultrapassar o direito à privacidade. Há famílias que não permitem a divulgação das fotos, nomes, idades e datas de falecimento dos seus mortos.Há agências que permitem a realização de um “contrato em vida” onde qualquer pessoa pode estabelecer e pagar, enquanto está viva, as condições do seu funeral, poupando aos familiares as preocupações com o mesmo quando ocorra o seu óbito. Seria útil que, também nesses casos os agentes tomassem a iniciativa de sugerir anúncios em jornais e disponibilização da informação em sites criados para o efeito.
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