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Sara

Por todo o país, da arquitetura à medicina, da moda ao desporto, há Saras que se distinguem e que são permanentemente ignoradas. Este país, que todos conhecemos, tem aversão a distinguir e reconhecer o mérito, sobretudo no feminino. Na verdade, o desporto, pelo mediatismo que tem, presta-se muito para a referência e o exemplo. Sara Moreira, a enorme atleta portuguesa, merece todo o reconhecimento que se lhe possa fazer. Quase que apetece escrever que há mais vida para além de Ronaldo, obviamente sem o mínimo desprimor para este. Um ano depois de ter sido mãe, Sara Moreira, na estreia da distância, consegue o terceiro lugar na maratona de Nova Iorque. Quem corre uns quilómetros, como aqui já confessei que faço há mais de 40 anos, consegue fazer uma modesta ideia do que significa ficar em terceiro nos 42,192 quilómetros de uma das mais emblemáticas provas do atletismo mundial, ainda por cima quando se está a estrear na distância. “Sou ambiciosa e acredito sempre”, disse a atleta a propósito do que viveu em Nova Iorque, no dia que é apenas o culminar de uma vida de trabalho, persistência e dedicação.O sucesso alcançado em Nova Iorque não acontece por acaso. Antes do dia do desafio, muitas etapas foram ultrapassadas graças essencialmente a duas receitas: determinação e trabalho. Este é o exemplo que devemos seguir, não há outra forma de chegar ao sucesso na nossa vida. Cada um de nós tem verdadeiras maratonas, desafios que só vamos conseguir ultrapassar se todos os dias trabalharmos para isso. Mesmo que muito do que nos rodeia nos diga não. Quando a Sara recebeu o convite para correr em Nova Iorque, provavelmente tinha muitas razões para declinar o desafio. Aceitou, trabalhou, arriscou e ganhou. No desporto de alta competição, como na vida, muitas vezes é necessário arriscar e às vezes quando parece que tudo vai bem, que todas as condições (treino/trabalho) estão reunidas para atingir o objetivo, no dia D há alguma coisa que falha – nisto das corridas até pode ser uma meia mal calçada ou uns ténis mal escolhidos. É assim também na vida e então tudo começa de novo, com mais determinação e vontade.Sara evidencia ainda outra faceta muito importante – a capacidade em conciliar a vida familiar, como mãe, e a exigência da alta competição. Como a própria afirma, “em Portugal poucas mulheres regressam à alta competição depois de serem mães”. Por isso, o resultado alcançado torna o exemplo ainda mais relevante. É bom seguirmos os melhores, pela sua atitude e exemplo. Também por isto, estas Saras merecem mais reconhecimento de todos nós. “Go Sara”, mostra a este país como se faz e dá-nos alegrias. Carlos A. Cupeto

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