As suspeitas confirmaram-se e a oposição na Câmara Municipal de Santarém chumbou a proposta de contratação de serviços de assessoria financeira destinados a definir quanto valem as participações que a autarquia detém no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) e na Escola Profissional do Vale do Tejo (EPVT). Com essa decisão fica pelo caminho a intenção da gestão PSD, que governa com maioria relativa, de reduzir o seu peso nas estruturas accionistas dessas empresas e ao mesmo tempo realizar um encaixe de capital que se previa superior a dois milhões de euros.Recorde-se que a Câmara de Santarém tem 18% do capital do CNEMA e 25% na EPVT e pretendia reduzi-lo para 3% em cada uma das sociedades. O presidente da autarquia, Ricardo Gonçalves (PSD), estimava que pudesse arrecadar dois milhões de euros com a venda de acções do parque de exposições e 300 mil euros com as da escola profissional. Valores que se encontravam inscritos no orçamento camarário para 2015 no lado das receitas. O autarca admitiu na reunião do executivo de segunda-feira, 6 de Abril, que esta decisão pode causar complicações na execução orçamental.Ricardo Gonçalves bem sublinhou que para já estava apenas em causa a contratação de serviços de assessoria destinados a determinar quanto valem as participações da Câmara de Santarém nessas empresas. Só que - tal como na reunião de há duas semanas, quando o ponto acabou por ser retirado -, a oposição (4 vereadores do PS e 1 da CDU) não vislumbrou vantagens nesse procedimento e acabou por votar contra deitando por terra as intenções da gestão PSD (composta por 4 elementos) de vender grande parte das acções.O vereador da CDU, Francisco Madeira Lopes (CDU), fez um breve historial da ligação entre a autarquia e o CNEMA para recordar que, ao invés do pretendido pelo PSD, a sua força política sempre defendeu uma maior participação no capital do CNEMA, que tem como accionista maioritário a CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal. Madeira Lopes considerou, tal como Ricardo Segurado (PS), que o município não deve abdicar da sua posição na sociedade que gere o parque de exposições e que organiza eventos emblemáticos como a Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo que são marcas da cidade e a que a autarquia esteve ligada desde a sua génese.“É importante a Câmara de Santarém ter uma posição de relevo e intervenção directa no CNEMA”, disse por sua vez Ricardo Segurado, referindo que o parque de exposições é relevante e estratégico para o desenvolvimento do concelho, tal como a EPVT.