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Exposição mostra contrastes entre passado e presente em Santo Estêvão

Exposição mostra contrastes entre passado e presente em Santo Estêvão

O arquivo de centenas de fotografias a preto e branco de António de Moura Silva aparece, pela mão da família, numa exposição no Museu de Benavente que retrata as gentes e hábitos de outrora. Na forja está também um museu da terra onde Cristiano Ronaldo quis ter uma mansão

Santo Estêvão já não é a terra onde os miúdos corriam no meio da rua em brincadeiras de infância, onde os piqueniques eram coisa frequente e onde todos trabalhavam a terra num ritmo cadenciado. Santo Estêvão tornou-se nos últimos anos mais conhecida pelo campo de golfe, pelo abate polémico de sobreiros e como a terra onde Cristiano Ronaldo quis, há poucos anos, construir uma mega vivenda da autoria de Souto Moura. Mas para que as memórias não se percam e para dar fôlego à recuperação das tradições, o Museu Municipal de Benavente leva a cabo uma exposição fotográfica intitulada “Santo Estevão a preto e branco”, com fotografias de António de Moura Silva, cedidas pela família.Quando o pai faleceu, há quatro anos, a filha Ana Paula teve a ideia de levar aos habitantes o viver de Santo Estêvão dos anos 40 e 50, quando se deparou com caixas cheias de fotografias e negativos a preto e branco. Recolhidas pelo pai, que se tornou fotógrafo profissional seguindo a paixão que despertou quando se encontrava no Sanatório do Caramulo a curar uma tuberculose, as centenas de fotografias e negativos retratam a vida da terra e os hábitos dos seus habitantes.“Era uma vivência rural com divertimentos inocentes das pessoas da terra. As fotografias, mais ou menos espontâneas, mostram isso, além das tradições de Carnaval e momentos mais formais, como visitas de algumas entidades”, explica.A reacção dos habitantes não poderia ser melhor. Por opção, as fotografias não tinham legenda. Em alguns casos, a maioria, porque não se sabia identificar os rostos retratados. “Hoje, todas as pessoas estão identificadas e isso aconteceu num processo natural. Quem vem ver a exposição, sobretudo os mais antigos, vão conhecendo as pessoas e recordando episódios. Isso já nos permitiu legendar quase tudo e até levar alguns a restabelecer contactos perdidos”.As ruas mudaram de feição, os habitantes começaram a chegar de fora e, hoje, o Santo Estêvão retratado nas fotografias de António Silva, o pai, “mudou muito”, diz António Silva, o filho. “Há uma grande interacção dos novos residentes, que começaram a chegar quando começaram os grandes projectos imobiliários. A vila ganhou muita vida nessa altura, mas depois muitos projectos caíram porque houve muitas pessoas que não mediram o que é morar em Santo Estêvão e trabalhar em Lisboa. Mas muitos ficaram cá, estão integrados e até estão envolvidos nos projectos locais”, explicou.Houve projectos que não avançaram, como a mega vivenda de Cristiano Ronaldo que, em 2002, acabou por não ser construída. O terreno está numa zona de sobreiros protegidos, o que provocou arrelia ao craque, que desistiu da ideia. A aposta nos cavalos também deixou marcas, mas perdeu fulgor. Pelo contrário, o golfe está pujante e marca a localidade. Mas há vontade da “comunidade mista recuperar tradições do tempo em que se andava descalço na rua e tudo era simples”, realça António.Sinal disso é o projecto que os irmãos têm de construir um museu com as fotografias do pai e com a outra grande paixão. “O meu pai era artesão, trabalhava em madeira, fazia miniaturas de automóveis e máquinas agrícolas. O museu vai ser em Santo Estevão”, concluiu Ana Paula.
Exposição mostra contrastes entre passado e presente em Santo Estêvão

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