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Uma festa da comunidade em que toda a comunidade participa

Uma festa da comunidade em que toda a comunidade participa

Quarenta pares vão participar em três desfiles para recolher as ofertas
A Festa do Bodo é uma festa franca. Tudo é feito com o esforço da população que se dedica de corpo e alma à preparação desta festa que só se realiza de quatro em quatro anos. Nestes dias a Azinhaga renasce. A população embeleza as ruas da aldeia com bonitos arranjos florais e há até quem tenha o cuidado de pintar a fachada da casa. A Festa do Bodo é uma tradição religiosa secular cujos primeiros registos remontam ao século XVI. Inspirada no culto do Divino Espírito Santo, marca o final das celebrações realizadas entre os domingos de Páscoa e de Pentecostes. Simboliza a partilha entre os homens: dádiva de alimentos dos mais ricos aos mais carenciados.António Saldanha é este ano o juiz da festa. A coroa, que simboliza o Divino Espírito Santo, foi-lhe entregue há um ano numa cerimónia simbólica. Foi por essa altura que foi criada a Confraria, presidida por José Rufino, que organiza a festa e se começaram a atempar dos preparativos. Para esta 5ª edição (dos tempos modernos) inscreveram-se 100 mordomos e 185 meios mordomos. São eles que contribuem com uma parcela significativa de dinheiro para as despesas. Cada mordomo está incumbido de pagar 60 euros enquanto os meios mordomos pagam 30 euros. Alguns mordomos fazem questão de pagar os fatos com que as moças desfilam. Um fato diferente para cada um dos três cortejos mas com a exigência de ser em cetim e até aos pés. No primeiro cortejo de recolha de pão nas casas dos mordomos e meios mordomos, as meninas saem à rua com um vestido de cor azul, no segundo dia em rosa claro e no cortejo de distribuição do bodo reina a cor branca. A chamada “guia” enverga os vestidos com as cores pela ordem inversa: branco, rosa e azul. Proposta pelo juiz da festa, a guia acompanha-o nos cortejos e é normalmente a moça mais bonita e alta de todas. Nos cortejos animados pela Banda Sociedade Recreio Musical Aziganhense 1º de Dezembro, todas levam na cabeça trabalhadas rodilhas com fitas penduradas até aos pés. Quanto mais cores tiverem as fitas, melhor. Este ano vão desfilar quatro dezenas de pares com idades compreendidas entre os dez e os 30 anos. As meninas têm de ser obrigatoriamente solteiras. Em tempos muito recuados também tinham que ser virgens. Cada mordomo doa quatro pães e os meios mordomos dois, que são recolhidos nos dois primeiros cortejos. Depois de benzidos, no último dia da festa, metade dos pães doados por cada mordomo e meio mordomo são-lhe devolvidos. E como “não só de pão vive o homem”, os mordomos recebem de volta pela sua benévola contribuição um quilo de carne e um litro de vinho. Meio quilo de carne e meio litro de vinho é retribuído a cada meio mordomo. O bodo é depois distribuído em carroças aos mais carenciados.Mesmo os que não são mordomos nem meios mordomos fazem questão de contribuir com qualquer coisa. Todos gostam de participar e não há ninguém que dê por mal empregue o dinheiro. Dos mais novos aos mais velhos toda a população se une numa demonstração de bairrismo e paixão pela terra. A festa decorre entre o jardim e o miradouro. No jardim vai estar um bar de venda de cafés e bebidas e 35 stands de artesanato, doçaria e gastronomia. No centro do jardim está o palco Tradições onde vão actuar alguns grupos de música popular e fadistas. No palco Azistock, montado no miradouro da localidade, vão actuar bandas e artistas com reportórios mais alternativos agraciados pela população mais jovem. No miradouro vai estar representado o restaurante “O Poizo do Besouro”, da Chamusca, e dois bares. Nesta aldeia tipicamente ribatejana do concelho da Golegã, os toiros e os cavalos têm lugar cativo na Festa do Bodo. Animação taurina não falta com toiros à corda, largadas de toiros e garraiadas. A festa culmina com a distribuição do bodo à população num “mega churrasco” onde não falta a suculenta carne de boi regada com um bom vinho.
Uma festa da comunidade em que toda a comunidade participa

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