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“Fazemos parte de um país que sempre teve fome”

“Fazemos parte de um país que sempre teve fome”

Conferência organizada pela Moneris juntou cerca de duas centenas de profissionais do sector agrícola. Ministra da Agricultura encerrou os trabalhos. A Agricultura está na moda mas o sector precisa de continuar a modernizar-se e a fiscalização sobre o sector vai apertar.

Produzir mais e melhores produtos e serviços com maior valor acrescentado e vendê-los de uma forma mais global e profissionalizada é para o presidente da direcção da Agromais e da Anpromis, Luíz Vasconcellos e Souza, o caminho da mudança no sector agrícola. A opinião foi partilhada na conferência “Agricultura – Novos desafios e enquadramento”, que decorreu na tarde de segunda-feira, 18 de Maio, no Convento de São Francisco, em Santarém, com a organização do grupo Moneris.“Fazemos parte de um país que sempre teve fome. Sempre precisamos de comprar coisas fora. A situação mudou nos últimos anos porque começamos a fazer parte de um grupo de excedentários. Mas o país está na mesma. Por isso interessa falarmos do défice que temos e como alterar a situação”. Discurso directo de Luiz Vasconcellos e Souza que foi ainda mais longe: “É impressionante o que não produzimos. Há sectores da nossa agricultura em que deixamos de produzir pura e simplesmente. Temos de olhar para o mercado externo como o nosso mercado de proximidade”, salientou ainda Luíz Vasconcellos e Souza, criticando as cerca de 170 mil toneladas de carne de vaca que Portugal importa anualmente da vizinha Espanha.Teresa Cardoso, directora da Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT), fez uma das mais esclarecedoras intervenções do seminário alertando para os incumprimentos e as multas pesadas que podem afectar os agricultores. “Curiosamente a organização do seminário surge numa altura em que a ACT vai iniciar uma campanha de divulgação para sensibilizar as entidades patronais para os acidentes de trabalho, a necessidade de os exames de saúde dos trabalhadores serem cumpridos assim como os seguros estarem conforme as novas leis”, alertou. Teresa Cardoso chamou ainda a atenção para medidas recentes do Governo nomeadamente ao nível da segurança que, a não serem cumpridas, dão origem a contra ordenações muito graves.Rui Almeida, CEO do grupo Moneris, abriu a sessão falando da importância da actividade agrícola no Ribatejo e congratulando-se pela oportunidade de reunir um leque de convidados que podem ajudar os agricultores mas também as entidades que são parceiras de negócio. Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, salientou a existência na cidade do complexo da Fonte Boa e das oportunidades que estão a ser criadas entre várias entidades da região como é o caso da NERSANT, Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, universidades e Escola Agrária, entre outros.Vasco Cunha, deputado e presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar, disse na abertura da sessão que a agricultura está na moda e que a sua contribuição para as exportações começa a fazer-se notar. Depois falou dos milhões que vêm aí com a nova PAC e realçou a importância de haver dois centros de competência na nossa região; o do Tomate, no Cartaxo, e o da Cortiça, em Coruche. Relevou ainda o papel dos jovens agricultores na mudança de paradigma e elogiou as associações de Regantes nomeadamente as do Vale do Sorraia que fazem a diferença.Isaac de Carvalho, director de finanças do distrito de Santarém, dirigiu-se à plateia para lembrar que a principal obrigação dos serviços é fazer com que todos paguem os impostos que devem e a tempo e horas. Mas deixou também palavras de conforto e colaboração. “Os serviços servem também para explicar; não são só para cobrar impostos”, lançando o desafio aos agricultores para que peçam esclarecimentos sempre que precisem.Fernanda Chora, da Segurança Social, Miguel Ribeiro do BPI, Rosário Gama do IFAP e Gonçalo Santos Andrade da Portugal Fresh completaram o painel de oradores nesta conferência que juntou cerca de duas centenas de profissionais do sector no Convento de São Francisco.A ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, encerrou os trabalhos lembrando aos mais jovens que apesar da agricultura ser um sector atractivo “nem tudo são facilidades”, aconselhando-os a ter em conta, tanto a vertente prática como a científica, pois as duas são inseparáveis. A governante lembrou que a agricultura foi um sector capaz de se impor e afirmar na altura mais difícil de contracção da economia portuguesa. Incentivou todos os agentes ligados ao sector a continuarem o esforço de investimento, a melhorarem a sua organização. Inovação nos métodos de comercialização dos produtos, internacionalização e industrialização são para a ministra os principais desafios que se impõem à agricultura. “Se todos estivermos juntos poderemos gerar mais riqueza para o nosso país e para as nossas famílias”, salientou.
“Fazemos parte de um país que sempre teve fome”

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