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Azinhaga engalanou-se para mais uma Festa do Bodo

Azinhaga engalanou-se para mais uma Festa do Bodo

Festejos são realizados apenas de quatro em quatro anos

Apesar do calor que se fez sentir muitos populares fizeram questão de acompanhar a par e passo as quatro horas de desfile de recolha do pão, um dos três que integraram o programa. Cortejo contou com a participação de quatro dezenas de pares.

Matilde e João Maltez são primos e participaram pela primeira vez no cortejo de recolha de pão nas casas dos mordomos e meios mordomos na manhã de sexta-feira, 22 de Maio. Têm 10 e 12 anos, respectivamente, e muitos os confundem como irmãos dadas as parecenças físicas. Seguiam numa das primeiras filas da ala direita do cortejo de moças de vestido acetinado de cor azul com tabuleiros na cabeça.O relógio marcava as 10h10 quando a guia da festa, Débora Silva, saiu sorridente da Casa da Azinhaga acompanhada pelo juiz, António Saldanha, ao som da Banda Sociedade Recreio Musical Azinhaguense 1º de Dezembro. O destino era a Capela do Divino Espírito Santo, onde os esperavam as quatro dezenas de pares do cortejo e muitos populares curiosos. Quatro anos depois, a tradição da Festa do Bodo, um culto ao Espírito Santo, voltava a cumprir-se em Azinhaga.Na parte de trás do vestido de Matilde, por entre as fitas azuis, brancas e rosas pendidas na rodilha, saltava à vista um laçarote. Tal como o vestido, o tabuleiro com rosas em branco e rosa e com a pomba do Divino Espírito Santo no topo foi “herdado” da sua irmã mais velha, que também seguia no desfile. João caminha ao lado da prima, transportando algumas vezes o tabuleiro para a deixar descansar. Veste umas calças pretas que contrastam com a camisa branca com um pequeno elástico vermelho no colarinho e uma fita azul da cor do vestido de Matilde.O cortejo seguiu pela Rua do Espírito Santo, ziguezagueando pelas principais ruas da vila, recolhendo de porta em porta os pães nas casas dos mordomos e meios-mordomos que os esperavam com um grande sorriso. As ruas estavam todas floridas e as moradias engalanadas. Há até quem tenha tido o cuidado de pintar a fachada da casa.A mãe de João é mordoma e o pequeno azinhaguense, que quer ser futebolista quando for grande, não conseguiu esconder um enorme sorriso quando o cortejo parou em frente ao café Maltez e foi chamado para recolher os pães oferecidos pela mãe. Matilde está a achar giro o desfile, mas prefere quando não tem de ir buscar pão porque o tabuleiro fica mais pesado. “O saiote é bué quente”, desabafa com os colegas.O sol era tórrido naquela manhã. Pessoas da terra iam distribuindo garrafas de água e pacotes de bolacha por entre as moças e moços do cortejo para os ajudar a aguentar a jornada. Apesar do calor que se fazia, muitos populares fizeram questão de acompanhar a par e passo todo o desfile.Conforme as horas vão passando, o cansaço começa a vencer o casal de primos novatos nestas andanças. Algumas filas atrás, segue descontraído Diogo Rufino. Tem 24 anos e é o quarto ano em que participa no desfile. Este ano tem um par muito especial: a namorada, Inês Alves. Residente na Chamusca, a jovem de 23 anos decidiu participar nos cortejos para se enraizar nas tradições da terra do namorado. Sobre o corpo traz um vestido trabalhado com uns pormenores florais no pescoço que tinha sido usado pela irmã de Diogo. Na cabeça, enverga uma rodilha com numerosas fitas de diferentes cores que contrastam com os seus olhos azuis claros e óculos da mesma cor.De minuto a minuto o cortejo pára e vão saindo do alinhamento pares em direcção a diferentes portas. Recolhem o pão, posam para a fotografia e as moças voltam ao seu lugar com os tabuleiros já recheados. Inês vai conversando com o namorado para passar o tempo. “É impressionante o espírito das pessoas da terra porque se unem todas para um objectivo comum”, afirma. Diogo entretém-se a arrancar o rótulo da garrafa de água enquanto boceja sem parar. A noite foi de festa até às tantas da manhã.Quatro horas volvidas, o cortejo chega à Capela do Divino Espírito Santo e as moças vão deixando, à vez, as suas coroas sobre as bancadas forradas com cetim. Matilde e João estão cansados e com fome. Diogo e Inês não lhes ficam atrás. Agora há que descansar e recuperar forças para os dois cortejos dos dias seguintes.
Azinhaga engalanou-se para mais uma Festa do Bodo

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