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“Feira da Agricultura perdeu vivacidade quando mudou para o CNEMA”

“Feira da Agricultura perdeu vivacidade quando mudou para o CNEMA”

Diniz Ferreira registou em imagens o percurso da feira desde os seus primórdios e mostra agora, até 6 de Junho, esses fragmentos de memória no Centro Cultural Regional de Santarém.

Os dias da Feira Nacional de Agricultura/Feira do Ribatejo em Santarém eram sempre agitados para Diniz Ferreira. Fotógrafo de profissão andava pelas ruas, mesmo ao lado dos toiros e cavalos, para conseguir a melhor imagem. Quando era preciso saltava para cima das tronqueiras e colocava a máquina na posição que lhe permitia captar o melhor ângulo. Adorava o movimento, a velocidade, a cor e a empolgação das pessoas. Tem milhares de fotografias da Feira Nacional de Agricultura. Todas no antigo Campo da Feira, junto à Casa do Campino. Desde o primeiro ano em que foi convidado a fotografar o evento. Deixou de fotografar a Feira quando esta passou para o CNEMA (Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas), na periferia da cidade. “A minha Feira da Agricultura é no Campo da Feira, no planalto da cidade. Nunca fui ao CNEMA porque não me sentia à vontade. O ambiente é diferente, acho que a feira perdeu vivacidade ao mudar de local”, afirma, acrescentando que a cidade ganharia se o certame regressasse ao planalto.Diniz Ferreira tem 92 anos e foi fotógrafo durante mais de 60 anos. Continua a tirar fotografias mas agora apenas por lazer. Na tarde de sábado, 23 de Maio, foi inaugurada a exposição de fotografia “Homenagem a Diniz Ferreira”, que o Centro Cultural Regional de Santarém decidiu organizar e que vai estar patente no Fórum Actor Mário Viegas até 6 de Junho. Na sala estão em exposição 60 fotografias que retratam a vida de trabalho de Diniz Ferreira. A maioria são imagens da Feira Nacional de Agricultura, a preto e branco. Também estão expostos retratos que o fotógrafo tirou ao fadista Carlos do Carmo, Maria da Fé, Laura Alves ou ao toureiro António dos Santos.Diniz Ferreira nasceu no Porto mas vive em Santarém desde os 27 anos. Veio para a capital ribatejana a convite, para fazer sociedade na loja de fotografia Nov’Arte, que se situava em frente ao Teatro Sá da Bandeira, no centro histórico. Entretanto, ficou sozinho a gerir a loja. A fotografia não foi uma paixão. Tudo começou quando, aos 16/17 anos começou a trabalhar num estúdio fotográfico. Aos 19 anos decidiu que era essa a profissão que queria seguir. Talento não lhe faltava e Diniz sentia que podia fazer um melhor trabalho que o patrão da altura. Foi isso que lhe deu alento para continuar. Via muitas fotografias americanas e isso ajudou-o a ter outra percepção daquele mundo. Começou por praticar com um sobrinho pequeno que tinha. Foi aí que percebeu que as suas fotos funcionavam e tinham qualidade. “Pedi opinião a um fotógrafo espanhol e ele disse-me que se fizesse todas as fotografias como aquelas já não precisava de melhorar mais. É uma questão de talento e, modéstia à parte, eu tenho-o”, afirma.Já perdeu a conta aos milhares de fotografias que tirou ao longo da sua vida. Gosta de fotografar tudo o que os seus olhos gravam. Diniz Ferreira confessa que vivia sobretudo do prazer que os clientes tinham quando recebiam os retratos que encomendavam. Nunca foi fotógrafo de andar com a máquina a tiracolo. O que lhe valeu críticas dos especialistas na matéria. “O Eduardo Gageiro chegou a criticar-me por não andar sempre com a máquina. Dizia-me que a qualquer altura podia aparecer uma excelente imagem para registar, mas nunca liguei muito a isso”, confessa. Agora já não fotografa, só em condições muito especiais. Apesar de ter experimentar máquinas fotográficas digitais, usou sempre máquinas analógicas. “Quando começou a era do digital já estava no final da minha carreira profissional. Uma foto digital para ser boa tem que ser com material caro e nunca comprei máquinas caras. O meu olho e o talento é que faziam a fotografia”, refere.
“Feira da Agricultura perdeu vivacidade quando mudou para o CNEMA”

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