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Um laboratório de teatro está a nascer na Póvoa de Santa Iria

Um laboratório de teatro está a nascer na Póvoa de Santa Iria

Concelho de Vila Franca de Xira tem o seu primeiro grupo experimental

O GITEP é dinamizado por jovens, apadrinhado pelo Grémio Povoense e estreia a sua primeira peça em Junho. Actores e dinamizadores prometem fazer um teatro diferente daquilo a que o público está habituado a ver. “É no palco que tiramos as máscaras e somos o que realmente somos”, dizem.

Ao contrário da crença popular, não é no palco do teatro que os actores colocam a máscara, mas sim o local onde a retiram e onde mostram tudo aquilo que são. A opinião é dos responsáveis do Grupo Independente de Teatro Experimental da Póvoa de Santa Iria (GITEP), criado em Fevereiro e que estreia em Junho a sua primeira peça.“No dia a dia usamos máscaras e temos os nossos papéis na sociedade, em casa, no trabalho. Há coisas que não conhecemos em nós próprios. A vida, da forma como está feita, não apresenta as circunstâncias ideais para a experimentar. Por isso, no palco, é o sítio onde tiramos as nossas máscaras e somos o que realmente somos”, explica Ruben Milheiras, encenador do grupo a O MIRANTE.O grupo tem cerca de uma dezena de pessoas, todas oriundas da Póvoa de Santa Iria, mas está a crescer. A ideia de formar um grupo de teatro experimental já corria nas mentes dos responsáveis há vários anos mas só agora foi possível concretizar esse sonho, com a ajuda do Grémio Dramático Povoense, que os acolheu nas suas instalações. Mas afinal, o que é isto do teatro experimental e de que forma se distingue das restantes peças que vão sendo apresentadas no concelho? Ruben explica: “Delineamos as nossas peças através de experiências e exercícios para chegar a determinadas cargas emocionais. Somos como um laboratório, estamos em constante procura de novos métodos que permitam ao espectador não se aperceber que está a ver uma peça de teatro. Isso resulta numa maior química entre os actores e os espectadores”, refere.Artur Neto e Joana Dias são dois dos actores do GITEP que vão dar vida, no dia 19 de Junho, à peça “Transição”, de Fernando Augusto. “Ele escreveu a peça quando era jovem, estava a viver uma situação que hoje em dia os jovens também vivem. Os jovens têm ambições e querem procurar novos mundos mas infelizmente a vida encaminha-os para outras coisas. É uma história sobre um conjunto de jovens que querem apanhar um comboio metafórico, dos sonhos e das ambições, que os leva onde eles possam ser o que nasceram para ser”, explicam.Portas abertas para novos actoresA estreia da peça será na antiga sede do Grémio mas as restantes sessões já serão no novo espaço cultural da associação. O GITEP já tem actuações planeadas por todo o país em Julho e as suas actuações poderão vir a sair dos palcos, com actuações ao ar livre ou em locais da cidade. Uma novidade é que os moradores da cidade que queiram participar em futuras peças do grupo vão poder inscrever-se gratuitamente. “Não vamos cobrar nada a ninguém a não ser trabalho. Depois de fechadas as inscrições vamos ter um mês à porta fechada onde faremos exercícios e formação e só depois é que partimos para o ensaio da futura peça”, explica Ruben Milheiras. O grupo garante que estar às portas de Lisboa é uma vantagem e não uma adversidade e que a população da Póvoa está pronta para este tipo de teatro, inédito no concelho. “Setenta por cento da Póvoa é dormitório das pessoas que estão em Lisboa. É óbvio que toda a gente está preparada para ler um poema, ver um ballet ou uma peça de teatro. Toda a gente tem direito a isso. Quanto mais diversidade tivermos no concelho melhor, não temos de canalizar tudo para a capital e as grandes cidades. A arte tem de ser descentralizada”, defende Artur Neto.Acima de tudo, garantem os responsáveis, o que os move é o desejo de fazer algo bom pela comunidade, com autonomia criativa que, dizem, seria impossível de conseguir se entrassem num dos outros grupos de teatro já existentes no concelho. “Não há grupos de teatro a mais no concelho. Que venham muitos mais grupos e seria importante que os grupos pudessem criar uma comunicação entre eles onde se pudessem apoiar uns aos outros, porque não há razões para haver guerras, se o objectivo for a verdade do teatro, estamos todos a trabalhar para o mesmo e queremos dar o nosso melhor”, conclui Ruben.
Um laboratório de teatro está a nascer na Póvoa de Santa Iria

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