Grupo de mulheres quer provar que é possível ter um Banco do Tempo em Vila Franca de Xira
A ideia do projecto é operar como um banco com a diferença de que o único bem transaccionado é o tempo
A região já conheceu vários bancos semelhantes que faliram por falta de gente interessada em dar o seu tempo, mas as dinamizadoras de Vila Franca de Xira acreditam que podem fazer a diferença.
Um grupo de seis mulheres, residentes na região, decidiu avançar com a criação de um Banco do Tempo em Vila Franca de Xira e estão determinadas em provar que é possível ter uma destas estruturas a funcionar no concelho.A ideia do projecto é operar como um banco, com a diferença de que o único bem transaccionado é o tempo. Há cheques onde os interessados podem dar e receber até 20 horas de ajudas em diversas áreas, seja a passar a roupa, dar explicações a jovens alunos, ir com idosos ao médico ou até lavar o carro. Tudo à borla, apenas movido com o espírito de dar e receber sem pedir nada em troca. A ideia é antiga e nem sempre foi um sucesso na região abrangida por O MIRANTE.“Sermos apenas mulheres a constituir o núcleo duro da agência de Vila Franca de Xira foi uma coincidência. Nos bancos do tempo também há homens e temos esperança que eles apareçam. Mas nestas actividades as mulheres são mais dinâmicas que os homens e conseguem sempre encaixar mais uma actividade nas suas vidas”, explica Jacqueline Costa, da equipa dinamizadora do projecto.A ideia nasceu no início do ano mas só agora está a dar os primeiros passos porque a equipa teve de receber formação no banco central em Lisboa. O grupo está a estabelecer contactos com várias entidades e associações da cidade para oferecer os seus serviços e ao mesmo tempo recrutar pessoas interessadas em trocar os seus tempos livres para ajudar e ser ajudado.“A diferença do Banco do Tempo para o voluntariado normal é que no banco a pessoa é obrigada a receber, enquanto o voluntariado se rege pelas regras de apenas dar. Se a pessoa estiver a fazer voluntariado e apenas dá, nunca recebe, isso empobrece a pessoa. No Banco do Tempo a pessoa é incentivada a receber”, explica a responsável.Ajudar os idosos é considerado pelo grupo como uma das tarefas mais interessantes para lançar em Vila Franca de Xira. “A cidade carece de gente para ajudar estas pessoas”, nota.Um passado de bancos falidos na regiãoOs Bancos do Tempo na região não têm sido um sucesso. Há dois anos, dos cinco bancos existentes no concelho, só um não falira (em Abrantes) e só com muita ajuda da câmara continuava em funcionamento, como O MIRANTE noticiou. Em Alverca, Alcanena, Torres Novas e Santarém os Bancos do Tempo deixaram de registar transacções e faliram. O desinteresse da comunidade e a falta de divulgação foram algumas das causas apontadas. Jacqueline Costa, dinamizadora da nova agência de Vila Franca de Xira, acredita que pode fazer diferente. “Não podemos medir as coisas pelo lado negativo mas sim pelo positivo. Há Bancos do Tempo com 30 anos. Acredito que o sucesso dos núcleos parte muito da equipa dinamizadora que arranca com o projecto. Ela é o motor da actividade. Se essa equipa se mantiver coesa, entusiasmada e positiva acredito que é fácil conseguir que as coisas entrem em velocidade de cruzeiro. Há muita coisa que pode falhar, mas temos a ambição de mostrar que é possível. Se nunca tentarmos fazer qualquer coisa de diferente nada de diferente vai acontecer”, regista.
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