“Sei que não posso mudar o mundo mas gostava de contribuir para alterar os estereótipos que parecem estar instalados na opinião de grandes públicos relativamente à música clássica”. É com este objectivo que Marta Menezes quer fazer carreira de pianista e vai bem lançada. A jovem natural de Minde, concelho de Alcanena, já actuou em vários países como Espanha, França, Reino Unido e nos Estados Unidos da América, onde estuda música na vertente de piano, estando no segundo ano do doutoramento na Jacobs School of Music da Indiana University, onde também já dá aulas.Marta Menezes, 27 anos, vai dar-se a conhecer ao público da região num concerto na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Entroncamento, no domingo, 5 de Julho, pelas 18h00, no âmbito das comemorações do aniversário do Regimento de Manutenção, unidade militar instalada na cidade. No recital que vai apresentar alia a tumultuosa e dramática sonata de Beethoven à leve e festiva obra de Schubert/Liszt e que já foi apresentado pela pianista nos Estados Unidos da América. “Quero conseguir transmitir que a música clássica não é nenhum ‘papão’ ou algo ‘aborrecido’ e é possível a identificação pessoal com algum estilo ou período”, realça Marta Menezes.Marta vai-se deixar levar além das notas que estão na pauta e aduzir o seu cunho pessoal à interpretação do compositor, transmitindo a sua paixão pelo piano ao público. É esse o seu modo de estar na música. Na plateia vai contar com o apoio da família e os amigos a quem diz estar muito grata pelo apoio incondicional. Marta gostava de actuar mais no seu país mas lamenta que “em Portugal a falta de verbas é o maior entrave à concretização de mais concertos porque as salas mostram interesse mas os orçamentos são muito curtos”.Aos 27 anos, Marta Menezes assume-se como uma promissora pianista da sua geração. Lançou recentemente o seu primeiro CD inspirado nas sonatas de Beethoven e Fernando Lopes-Graça, compositor de Tomar falecido em 1994. Já há algum tempo que a ideia de lançar um CD “estava no ar”, mas o impulso final surgiu em 2014 quando a Fundação GDA (Gestão dos direitos dos Artistas) abriu um apoio à edição fonográfica de intérprete e o projecto foi contemplado. O CD pode ser adquirido directamente no site da pianista (www.martamenezes.com) ou no site do Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa.Na Jacobs School of Music Marta dá aulas a estudantes de licenciatura que tenham escolhido o piano como disciplina de opção. Longe de casa, é da família e dos amigos, mas também da comida portuguesa que sente mais saudades. Nos tempos livres, Marta gosta muito de viajar, ler, ver um bom filme e dançar. O “bichinho” pela música nasceu desde muito cedo no contacto com um piano que havia em casa da avó. Começou a aprender música aos quatro anos. Do 5º ao 12º ano de escolaridade, frequentou o Colégio S. Miguel em Fátima, em regime articulado com o Conservatório Jaime Chavinha em Minde. “O curso em regime articulado permitiu-me uma dedicação maior à música e a preparação para o ingresso no ensino superior”, explica.Fez a licenciatura e mestrado na Escola Superior de Música de Lisboa e um segundo mestrado em Performance, em Londres. Marta Menezes está agora a preparar um projecto que junta dois pianos e percussão, a apresentar este Verão em Lisboa e no final de 2015 nos Estados Unidos.