uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Viriato, aos sábados, no Castelo de Almourol, com encenação de Carlos Carvalheiro

Divulgação

Vá viver a História junto do Castelo de Almourol, aos sábados, às 19h19 (de 18 de Julho a 19 de Setembro), por 22,22€ com banquete de casamento incluído: Uma peça do Grupo de Teatro Fatias de Cá com encenação de Carlos Carvalheiro. O encenador escreveu para O MIRANTE um pouco da História e dos tempos em que viveu o chefe guerreiro lusitano.

Está tão entranhada a ideia de que os Portugueses descendem dos Lusitanos, que as duas palavras funcionam correntemente como sinónimos. Mas isso não corresponde à verdade. Vamos lá ver. Os Lusitanos estabeleceram-se ao longo do rio Tejo, da nascente à foz, a partir do século VI a.C. Uns 400 anos depois ofereceram uma tenaz resistência aos conquistadores romanos. Quando foram derrotados os Romanos deram o nome de Lusitânia a uma das províncias da Península com capital em Mérida. Depois disso vieram mais Bárbaros (o nome que os Romanos davam a qualquer indivíduo que não falasse latim e cujos sons lhes parecia «bar-bar-bar») como os Vândalos (a quem depois caiu o “V”, ficando conhecidos por «andalos», habitantes da Andaluzia), depois os Mouros e finalmente D. Afonso Henriques veio do Norte por aí abaixo e lá conseguiu, ao cabo de uma vida de canseira, “legalizar” o novo país de nome Portugal, habitado portanto por Portugueses e nunca mais se falou de Lusitanos até que, quando Portugal esteve politicamente ligado à Espanha, entre 1580 e 1640, um patriótico frade, Bernardo de Brito, refere os Lusitanos, na obra «Monarquia Lusitana», como se Portugueses fossem, como forma de fazer valer a nossa autonomia cultural e étnica em relação aos Castelhanos. E, a partir daí, a ideia de que Portugueses e Lusitanos era a mesma coisa, foi-se sedimentando no imaginário popular.ViriatoViriato foi o mais famoso chefe lusitano e encarnou a resistência do ocidente ibérico ao invasor romano. Todos conhecemos Viriato desde o tempo da escola. Aprendemos que era um pastor dos montes Hermínios (o nome antigo tanto da serra portuguesa onde nasce o Zêzere como da serra espanhola onde nasce o Tejo) e que ele e a sua gente se recolhiam à cava que tem o seu nome, e que fica em Viseu. Mas, por muito que custe a admiti-lo aos naturais da dita cidade, a Cava de Viriato nada tem a ver com os lusitanos porque é uma fortificação da época muçulmana. Não se sabe onde Viriato nasceu. Para muitos espanhóis, ele terá nascido, ou na província de Zamora, ou na de Cáceres. E, tal como em Viseu, Zamora tem uma estátua dele.O que se sabe é que Viriato foi um chefe guerreiro lusitano que, entre 147 e 140 a.C., infligiu sucessivas derrotas aos Romanos no Sul da Península, entre o Alentejo e a Andaluzia. Também se sabe que Viriato fez um rico casamento com uma tal Tangina. O rico sogro, um tal Astolpas, possuía muitas cabeças de gado e vivia em Alvega, no atual concelho de Abrantes.Galba, o gatilho da nossa históriaA saga de Viriato começou em 150 a.C., quando a Ibéria foi entregue ao pretor Galba, que entrou pela Lusitânia dentro com as suas legiões, arrasou o que pode e depois convocou os bandos lusitanos para consagrar a paz. Compareceram uns trinta mil, incluindo mulheres e crianças, esperançados em melhores dias. Galba discursou, todo saudações, todo sorrisos:— É a esterilidade dos vossos campos e a vossa pobreza que vos obriga ao latrocínio. Por isso dar-vos-ei novas terras onde podereis trabalhar à vontade. Mas tereis de abandonar as armas.Os Lusitanos rejubilaram e entregaram as suas armas aos legionários romanos, findo o que, Galba, perfidamente, continuou:— No entanto compreenderão que preciso de uma garantia de que nunca mais levantarão as armas contra Roma. Por isso a mão direita dos guerreiros será decepada.Os Lusitanos tentaram reagir, mas foi tarde. Estavam cercados e desarmados. Num só dia foram trucidados nove mil Lusitanos. Mais de vinte mil, incluindo mulheres e crianças, foram enviados para o mercado de escravos. A terra e os regatos estavam ainda tintos com o sangue dos mortos e já Galba recebia o produto da venda dos cativos. Alguns lusitanos escaparam, e entre eles estava o nosso Viriato. No fim desse ano, Galba regressou a Roma, onde os seus crimes tinham revoltado até os seus próprios compatriotas, a ponto de o levarem a julgamento perante o Senado. Mas o ouro que roubara na Ibéria chegou-lhe para comprar a absolvição.Três anos depois, em 147 a.C., e durante sete anos, Viriato vai tornar-se o pesadelo de Roma.Vá viver a história junto do castelo de Almourol, aos sábados, às 19h19 (de 18 de julho a 19 de setembro), por 22,22€ com banquete de casamento incluído: reservas@fatiasdeca.net.

Mais Notícias

    A carregar...