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Campeão do mundo de pesca paga do próprio bolso para ir às provas

Campeão do mundo de pesca paga do próprio bolso para ir às provas

Pescador de Almeirim é campeão do mundo na modalidade de feeder após 25 anos de carreira

José Evangelista já gastou milhares de euros para alimentar a sua paixão mas diz que todo o esforço valeu a pena. Há quase um ano que é presidente da Federação de Pesca e está apostado em atrair os jovens para a modalidade e em fazê-la crescer.

É natural de Almeirim e morador na Raposa o novo campeão do mundo de pesca. Chama-se José Evangelista, tem 39 anos, e alcançou o título mundial individual na modalidade de feeder, nos dias 11 e 12 de Julho, na Holanda. Foi o corolário de 25 anos de carreira, que comemora precisamente este ano. “Senti que era o reconhecimento pelo meu trabalho e pelo esforço familiar e financeiro que tenho feito. Senti que tudo valeu a pena. Mas mesmo assim, o meu filho estava mais contente do que eu. Chorou e tudo quando fui receber o prémio”, contou o pescador a O MIRANTE, explicando que, ainda assim, dá mais valor a ser campeão do mundo pela selecção do que individualmente. “É extremamente agradável ser campeão do mundo individual, como é lógico, mas quando é uma selecção, um grupo, dá mais prazer”.Não há campeões sem sacrifício e na pesca desportiva há sacrifícios bem grandes que se têm de fazer para chegar ao topo. José Evangelista, por exemplo, nunca teria marcado presença no campeonato do mundo se não tivesse pago do seu próprio bolso, situação que já o fez gastar milhares de euros em nome da sua paixão pela modalidade. “Não é fácil ir às provas porque temos de suportar uma parte da ida. Eu, por exemplo, paguei 800 euros do meu bolso para ir a este campeonato do mundo. Suportei uma metade e a Federação outra mas o ano passado, para ir ao mesmo campeonato, paguei tudo do meu bolso. Depois, os materiais são uma pequena fortuna. Só os meus custaram 20 mil/30 mil euros. Infelizmente é um desporto que está a ficar muito caro”, admite.A primeira vez que José Evangelista pegou numa cana de pesca tinha 6 ou 7 anos. Pescava numa ribeira que passava ao pé de casa, depois da escola ou aos fins-de-semana. Com apenas 13 anos foi desafiado para começar a fazer pesca de competição, tendo-se estreado aos 14, numa prova na barragem Trigo de Morais, no Alentejo. Ficou em terceiro lugar, resultado que, admite, não é normal para uma primeira prova, mas rejeita que na altura já fosse um predestinado. “Foi sorte de principiante”, refere. O certo é que ganhou o gosto pela competição e nunca mais parou. “A competição dá-me um prazer especial. Sou altamente competitivo. Até no dia a dia, na minha vida pessoal, sou extremamente competitivo. Às vezes até exagero”, revela.A principal ocupação de José é o trabalho como tatuador, algo que faz há 12 anos, convencido pela irmã e pelo jeito que tem para desenhar. Neste momento tem lojas em Almeirim e na Nazaré e presta serviço em mais 5 estabelecimentos. Apesar de assumir que não é fácil, diz que consegue conciliar as tatuagens com a pesca, fazendo o maior número de horas possível durante a semana para depois, ao fim-de-semana, pensar na sua paixão desportiva.Santarém é um dos distritos com mais praticantesJosé Evangelista é também, desde Setembro de 2014, o presidente da Federação Portuguesa de Pesca Desportiva, algo que não estava nos seus planos. “Não era vontade minha mas fui convencido a ir porque existia uma outra lista que sinceramente não seria a ideal e foi uma forma de a travar. Concorri às eleições e ganhei com a maioria dos votos”, lembra. Como presidente lamenta a descida do número de federados, que passaram de 4 para 3 mil nos últimos 5 anos. José associa esse facto à crise mas revela que estão a ser feitos esforços para atrair pessoas para a pesca federada, especialmente jovens. Quanto a distritos, o de Santarém é onde se pratica mais a pesca desportiva, juntamente com o Porto.Quanto ao futuro, José Evangelista sonha “repetir títulos”, passo dado pelas figuras mundiais da pesca para ficarem na história. Como presidente da federação, quer angariar verbas para que as representações portuguesas no estrangeiro sejam o mais competitivas possível e de resto o objectivo é simples: “Entrei com o objectivo de fazer o melhor possível pela pesca em Portugal e de tentar levar isto a bom porto e é isso que pretendo fazer. Não é fácil ser presidente da federação mas não estou arrependido”.
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