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Carta aberta ao senhor presidente da Câmara Municipal de Santarém

Os mal-amados. As crianças do Bairro do Girão vivem limitadas num bairro pequenino, fechadas, encaixotadas entre a televisão e as paredes da casa onde habitam sem qualquer outra diversidade como conviver, jogar à bola e brincar. Ninguém pensa nelas. Todos nós sabemos que as crianças limitadas embrutecem por falta de convívio, agora imaginem como é difícil escapar e viver nesta pobreza isenta de estímulos.Pelas piores razões, este bairro de vez em quando anda nas bocas do “mundo”. Já houve tiroteios, pancadaria, roubos e outros. Os miúdos vão-se distraindo como podem. Recentemente distraíram-se a arremessar pedras a carros que passavam na estrada, tal como a rebentar com as lâmpadas dos postes de iluminação. Uma forma negativa de diversão! O único espaço de que dispõe é em frente à entrada do prédio do lote 9. Frequentemente são proibidos de fazer o que mais gostam: jogar à bola. Ou incomodam porque a bola bate nos carros ou então porque fazem barulho. Ninguém resolve nada ou faz alguma coisa por eles. Lembro que no único jardim que aqui existe as crianças não têm autorização de brincar nele e os outros ficam distantes e fora de mão (nem todos os pais têm transporte próprio). Recentemente foi desmontado o depósito do gás por isso deixo aqui uma sugestão: porque não aproveitar esse espaço para eles? Bastava apenas alargar os lados e no comprimento e cercar com rede. Se o condomínio investe em gastos desnecessários (cerquinhas em madeira) porque não investir num espaço para os miúdos? Eles são mais importantes. Não é necessário um campo de futebol profissional. Não importa que seja mais reduzido, o importante era eles terem um espaço para poderem brincar, jogar futebol ou voleibol, o que quisessem. Tenho a certeza que ajudas e patrocínios não iriam faltar, só é necessário empenho e boa vontade. Também é de lamentar que neste bairro, exista uma espécie de “fronteira”. “Eles os superiores” e os das habitações sociais. Quem vive nas casas de habitação social é tratado e olhado de forma “arrogante e distanciada”, não tem direito a opinar, apenas só a contribuir na limpeza do prédio. As senhoras do condomínio não se limitam apenas a “gerir” os dinheiros dos condóminos. Fazem tudo o que lhes dá na gana. Apoderaram-se dos espaços exteriores, criaram jardins (mal ordenados, mal floridos e sem graça alguma). Espaço que devia ser de todos. (...) O facto de varrerem a rua quando entendem (trabalho esse que devia ser feito por outras entidades) não as torna donas de tudo. Ao não pensarem nas crianças só demonstra que o que sentem por elas é indiferença e desprezo. Brincar na rua sim, mas com segurança! Já diz o ditado: “Se queres ver um pobre feliz dá-lhe a chave do palheiro”.Antónia Lança

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