O mês passado fui, com a parte da minha família que cabe em dois automóveis, conhecer o Museu Ferroviário do Entroncamento. A visita guiada aos diversos pavilhões até correu bem, as pessoas do Museu são simpáticas e conhecem a matéria em causa mas logo à entrada um problema surgiu com a minha carteira profissional de jornalista. Segundo o simpático recepcionista, no Museu Ferroviário do Entroncamento os jornalistas «só são admitidos quando em serviço» e apenas nessa condição. Tratando-se de um Museu jovem surpreende-me a imposição pois ele precisa (e muito) de ser divulgado. E para o dar a conhecer ao Mundo nada melhor do que os portadores da carteira profissional de jornalista. Aliás essa palavra ainda hoje em muitas partes do Mundo quase mágica («Press»), fez há pouco tempo com que no Museu do Prado em Madrid com a mesma carteira profissional me tenham dado um bilhete onde estava escrito «Todas las exposiciones». Mais recentemente, no passado dia 29-12-2014 estive no Royal Observatory de Greenwich para ver no Planetário local o espectáculo intitulado «The Sky Tonight» e com a mesma carteira profissional também me facultaram um bilhete grátis com indicação adversativa apenas «Este bilhete não pode ser trocado». Mas isso tem a sua lógica pois só é entregue a alguém com uma carteira profissional e não é para ser trocado. Em inglês lê-se «Ticket is non-exchageable» além do óbvio «Ticket is non-refundable». Em Portugal isto é tudo diferente. País de analfabetos, onde os jornais são desprezados e por isso a sua vida é efémera, não admira que os jornalistas sejam tratados assim. Por cima dos ombro mesmo que as palavras sejam simpáticas. São ordens superiores e ordens são ordens. Manda quem pode, obedece quem deve. E a vida continua porque a morte é certa. José do Carmo Francisco (Carteira Profissional de Jornalista nº 4149)