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Desportista que desceu o Tejo numa prancha diz que a poluição é maior em Espanha do que em Portugal

Desportista que desceu o Tejo numa prancha diz que a poluição é maior em Espanha do que em Portugal

Os principais obstáculos de Antonio de La Rosa no troço do Tejo na região foram a falta de água e o vento

Tem 46 anos de idade e sempre praticou desporto. Há quatro anos descobriu o “paddle surf” e este ano decidiu descer o Tejo desde a região de Madrid onde mora, até Lisboa. Foram 19 dias de aventura e ficou com muita coisa para contar.

Antonio de La Rosa, um espanhol da zona metropolitana de Madrid que desceu o Tejo numa prancha de “paddle surf” diz que a poluição do rio no seu país é muito maior que em Portugal. O MIRANTE falou com ele em Santarém, Sábado à tarde, durante uma pequena pausa e repetiu algumas vezes a pergunta sobre a poluição das águas do grande rio Ibérico, não fosse perder-se alguma coisa na tradução, mas a resposta foi sempre a mesma. “Fiquei agradavelmente surpreendido com o estado de limpeza em que se encontra o rio em Portugal em comparação com a visível sujidade e poluição das suas águas em Espanha”. Percorridos 850 dos 911 quilómetros do percurso de 18 etapas, Antonio contou que nos dois primeiros dias desta aventura, a água era tão límpida que até arriscou bebê-la directamente do rio mas a partir de Toledo e Talavera de la Reina a poluição surgiu em força e foi-se acentuando cada vez mais. “Deparei-me com um rio bastante sujo e contaminado. A qualidade da água só começou a melhorar a partir da Estremadura (Espanha) e ficou muito melhor após a minha entrada em território português”, explicou. O desportista e aventureiro de 46 anos de idade, partiu da sua zona de residência, em Buitrado Lozoya, a norte de Madrid, a 29 de Julho e chegou a Lisboa no domingo, dia 16. Em Santarém disse ter encontrado dificuldades de progressão devido ao baixo caudal do rio e ao vento. Caiu muitas vezes à água por a quilha da prancha embicar em vegetação e areia. “Pensava que esta aventura ia ser mais fácil e que poderia remar sem problemas com condições favoráveis mas na verdade encontrei muitos imprevistos”, confessa enquanto vai comendo o almoço preparado pela namorada, Cinthya, que o acompanhou ao longo de toda a viagem fazendo o trajecto de carro. Quando entrou em Portugal, passou também a partilhar esta aventura com José Pires, um amigo português parceiro de provas de aventura, que remou com ele uma pequena parte do percurso. Percorria uma média de seis ou sete quilómetros por hora, aproximadamente 50 por dia. Nas solitárias horas que passava a remar, Antonio entretia-se a contemplar a natureza e o rio, pensava no negócio de desportos de aventura que tem em Espanha e concentrava-se na melhor estratégia para se desviar dos obstáculos que ia encontrando. Alguns quilómetros antes da chegada ao Castelo de Almourol, concelho de Vila Nova da Barquinha, onde concluiu a 16ª etapa da prova na tarde de 14 de Agosto, foram feitos na companhia de alguns atletas de caiaque (pequeno barco a remos). Ao longo do percurso encontrou muitas máquinas a tirar areia do Tejo que o fizeram acreditar que é essa a principal causa do grande assoreamento do rio. Viu milhares de peixes de diversas espécies e aves singulares como a cegonha preta e o mocho. A cada quilómetro que percorria, deparava-se também com muitos barcos a motor e a remos, encostados nas margens, por não conseguirem passar devido à abundante vegetação e ao baixo nível das águas.Na prancha insuflável, levava apenas uma mochila com comida, água, o telemóvel e um localizador que transmitia em tempo real na sua página da Internet a localização exacta em que se encontrava. Fazia-se acompanhar também de uma pequena mala com um kit de primeiros socorros. Embaixador do turismo activo e de natureza de Madrid, desde jovem que Antonio pratica desportos de aventura, como caiaque, ciclismo de montanha ou escalada. Residente na serra norte de Madrid, encontrou nesta travessia uma boa oportunidade de promover o “paddle surf”, desporto que começou a praticar há quatro anos.
Desportista que desceu o Tejo numa prancha diz que a poluição é maior em Espanha do que em Portugal

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