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Rosinha diz que publicidade eleitoral nas ruas já é demais

Rosinha diz que publicidade eleitoral nas ruas já é demais

Maria da Luz Rosinha é o braço direito de António Costa para as questões das autarquias

Maria da Luz Rosinha, membro do Secretariado Nacional do PS, considera que o partido não vai sair prejudicado pela polémica dos cartazes da campanha eleitoral, porque acredita que as pessoas se vão focar nos verdadeiros problemas. A ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira defende que há cartazes a mais espalhados pelas ruas, numa poluição visual que acredita já não ser necessária.

António Costa pediu desculpa e reconheceu que foi uma aselhice a utilização de imagens de pessoas sem a sua autorização em cartazes e com histórias que não correspondiam às mesmas. Parece-lhe normal que essa questão tenha chegado a este ponto? Foi algo que correu mal mas acho que isto se tornou num assunto, principalmente para a coligação e redes sociais, para tentar desviar as atenções. Este não é o principal problema dos portugueses. Este último cartaz que saiu é o mais feliz, porque se centra no principal, com uma imagem de confiança que se deve ter no António Costa, candidato a primeiro-ministro, escolhido de forma alargada em Portugal.Há já quatro versões dos cartazes. Em tão pouco tempo de campanha não acha que esta indecisão prejudica a credibilidade do PS? O PS assumiu desde o início que não ia gastar muito dinheiro nisto. Em primeiro lugar porque não o tem e depois porque não fazia sentido. Por isso, se houvesse uma grande máquina de propaganda a assessorar estas questões, isto não tinha acontecido.Ainda assim foi contratado o Edson Athaíde, considerado um dos melhores na área… Mas, por vezes, os criativos têm dias infelizes. Devemos centrar-nos no essencial, porque os cartazes não são o essencial.Mas não teme que estes erros possam prejudicar o PS nas eleições? Não. O que pode prejudicar o PS é a indiferença e o medo das pessoas. E é isso que temos de combater e que me preocupa, porque 40 anos depois do 25 de Abril, sente-se de novo o clima de medo. Não queremos isso para o país. É bom dizer às pessoas que são livres de escolher, que já perceberam o que se passou nos últimos quatro anos em que nos prometeram uma coisa e fizeram outra. Esse medo que refere combate-se com credibilidade e confiança. Esta oscilação demonstrada com o episódio dos cartazes não prejudica esses dois predicados? Combate-se com verdade. Mas correram mal os cartazes, retirámos e optámos por aquilo que é um valor seguro, a imagem do secretário-geral. O erro está apagado, pedimos desculpa, assumimos um erro e passámos à frente.Não há cruzamento ou rua em Vila Franca de Xira que não tenha um cartaz seja de que partido for. Há propaganda a mais? Quando fui presidente de câmara tentei fazer a definição de espaços para propaganda eleitoral. Os partidos da oposição não aceitaram. Temos de evoluir na forma de fazer campanhas políticas, tal como na de fazer política. Isto já está gasto. Não há necessidade de tanta poluição visual. Se tivermos coragem de avaliar, perceberemos que mais de metade da população não reteve as mensagens. Defende que a aposta tem de ser mais nos meios digitais? As redes sociais não abrangem toda a gente, mas são uma das grandes armas. Mas têm uma coisa de que a política tem de se livrar: a ofensa pessoal, o insulto, a falta de nível. Temos de dar passos em frente e é uma mudança necessária. Os cartazes não vão decidir nada, temos de avançar como o PS fez, que foi apresentar logo um conjunto de pessoas, que não está presa ao partido, mas que é reconhecida nas suas áreas e que fez contas para o que pretendemos fazer.“Vou abordar as questões de outra maneira”Nesta experiência de cerca de nove meses como presença forte no núcleo duro deste PS, vê credibilidade e força para mudar o tipo de discurso que tem sido habitual? O António Costa não surge do nada. Tem uma imagem que corresponde às exigências que as pessoas fazem. Tem capacidade de ouvir, de entender o que as pessoas precisam. Isto advém muito do facto de ter sido autarca. Eu que também fui digo que essas coisas nunca saem de nós. Olhamos os problemas de forma diferente e passamos a perceber que as pessoas são todas importantes. É com aquelas que nem sabemos o nome que o mundo se faz e é preciso estar atento.O que é que consegue aportar para as suas novas funções do facto de ter sido autarca? Não há-de ter sido por acaso que me foi confiada a área das autarquias. Isso é o ganhar consciência de que fui muito feliz no meu desempenho e com as pessoas que fizeram parte das minhas equipas, a quem sempre agradecerei. Sei que esta minha longa experiência me deu uma outra forma de chegar aos outros. É importante transportarmos esses conhecimentos para o que é o compromisso de um partido perante um Governo e um país. Neste compromisso, o poder local é um parceiro de primeira escolha, extremamente importante.A política autárquica é muito diferente da política legislativa. Que dificuldades encontrou no aparelho nesta transição? Não encontrei aparelho nenhum. Aquilo estava vazio. Por isso, foi possível introduzir uma nova forma de relacionamento, sobretudo com os autarcas. As orientações do secretário-geral coincidem com os meus pensamentos, trabalhamos em equipa e isso permite dar opinião, o que é fundamental.A sua experiência autárquica é valorizada? Sem dúvida nenhuma. Como a de todos os autarcas, que são fundamentais para este processo, porque o seu contacto directo com as pessoas permite-lhes dar contributos valiosíssimos. Ainda assim, a acção deste Governo na execução dos fundos comunitários disponíveis mostra bem a ineficácia da acção concreta do Governo.O que é que pode levar de novo para o Parlamento? Levo uma muito maior experiência feita no terreno em contacto com as pessoas. O que prometo é que o que fiz em 1995 e anos seguintes manterei, que é ter um espaço aberto para todos contactarem comigo. Mas já vou abordar as questões de outra maneira, com mais conhecimento.“Próximo Governo tem de ter um plano estratégico para o Estuário do Tejo”Tendo a pasta das autarquias, na eventualidade de um Governo PS, compromete-se a ter um total aproveitamento dos fundos comunitários dedicados às autarquias? Esse compromisso está claro pela boca do secretário-geral, no programa e na minha posição. Isto obedece a um contrato celebrado a nível da Comissão Europeia. No entanto, há vários aspectos possíveis de melhorar. O PS já se comprometeu a fazer um melhor aproveitamento dos meios para potenciar a intervenção do poder local.Pode haver uma melhor distribuição dos fundos? Há áreas como Lisboa e Algarve que beneficiam menos desses fundos, porque não são consideradas áreas deprimidas. No interior do país temos outros problemas, zonas deprimidas, outras em que a população tem vindo a ser reduzida e onde é preciso fazer investimento para criar emprego e ai os fundos comunitários são importantes. Esta é uma das grandes causas do nosso programa, porque pelo emprego resolvem-se imensos problemas das pessoas, das famílias e evita-se a emigração de pessoas qualificadas.Como se pode inverter a fuga de pessoas das actividades ligadas ao Tejo e como se pode melhorar as condições do rio para o explorar melhor? Devemos ter vários olhares para o Tejo. O próximo Governo tem de ter um plano para o Estuário do Tejo. Este e o do Sado exigem uma intervenção de nível superior que permita aproveitar o potencial turístico que aqui temos. Tal como o potencial de navegabilidade, que permita utilizar o rio como estrada fluvial, melhorando a qualidade ambiental pela diminuição do transporte rodoviário e, ao mesmo tempo, potenciando o emprego nas empresas à beira do rio, tal como em Vila Franca de Xira. Tem de haver aproveitamento do turismo fluvial, porque hoje as pessoas já diversificam as suas opções de férias, não vão todos para o mesmo sítio. Temos de aproveitar este nicho de negócio.“António Costa apanhado de surpresa pela candidatura de Maria de Belém”A candidatura de Maria de Belém à Presidência da República, lançada no exacto momento em que António Costa estava em directo numa televisão, representa uma divisão? O secretário-geral tem um sentido de responsabilidade muito interessante. De manhã, quando foi entregar as listas, todo perceberam a forma cordata como tratou Maria de Belém, que é primeira suplente nas listas, que foi o lugar que ela quis. Aí ela disse que era o momento das legislativas. À tarde mudou de ideias e fez o anúncio. António Costa foi apanhado de surpresa e respondeu que este é o momento das legislativas.Acha que se pode falar em traição neste caso? A política deve ter um nível superior e o comportamento das pessoas tem de o ser. Por isso, devemos tentar desdramatizar aquilo que às vezes até nos pode magoar. Mas, é assim.Tendo em conta a candidatura de Sampaio da Nóvoa, que já mereceu aprovação de António Costa, e o surgimento desta de Maria de Belém, pode levar a que o PS não apoie ninguém? As candidaturas presidenciais não emanam dos partidos. Não é a primeira vez que o PS tem no seu seio várias candidaturas, não é a primeira vez que o PS apoia um candidato que não é apoiado pelo secretário-geral. Isto quer dizer que, embora possam dizer que é divisão, desorganização, é sim uma grande liberdade que se vive no PS. Acho que no momento certo o PS vai emitir uma opinião. Tenho essa expectativa.Há muitos históricos nas listas e jovens como Pedro Delgado Alves, uma das mais fortes promessas do partido, está além de 20º na lista. Parece-lhe o rejuvenescimento anunciado por António Costa? O PS vai ganhar as eleições e por isso vai haver saídas para ministérios e, como tal, o número vai subir. O Pedro é uma aposta de muito valor, é um político da nova geração, muito competente e generoso. Estando na Assembleia da República disponibiliza-se para ir a eleições numa freguesia, que ganha e faz um excelente trabalho. Essa disponibilidade mostra que há uma nova geração que está disponível para desafios que não são só os mais cómodos, porque ser autarca é tudo menos cómodo. Mais de 50 por cento da lista foi renovada. São 154 pessoas novas nas listas e o rejuvenescimento aconteceu, tal como aconteceu um reforço em relação à participação das mulheres. E é fácil encontrar mulheres disponíveis para a política? Por vontade do secretário-geral as listas seriam paritárias. Mas temos de ver uma maior disponibilização das mulheres para a actividade política. Temos muitas em cargos de relevo a nível nacional em vários campos, mas na actividade política retraem-se um bocadinho, porque esta é muito crua e redutora no potencial das pessoas se o temperamento não for de luta constante.
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