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“A cultura nunca é de mais”

“A cultura nunca é de mais”

Elisabete Paiva é a nova directora artística do Festival Materiais Diversos que este ano decorre entre 10 e 19 de Setembro, com espectáculos em Minde e Torres Novas.Depois de seis edições com Tiago Guedes à frente da direcção artística do Festival Materiais Diversos (FMD), o certame multidisciplinar é este ano dirigido por Elisabete Paiva. A produtora substituiu Guedes no início do ano, depois do coreógrafo ter assumido a direcção do Teatro Rivoli, no Porto. O convite para dirigir o FMD surgiu numa conversa informal com Tiago Guedes. Depois de um momento de surpresa Elisabete Paiva decidiu aceitar a proposta. Aos 39 anos, assume sentir o peso da responsabilidade por substituir o fundador e criador do FMD. “O Tiago Guedes conseguiu, muito rapidamente, que este festival se tornasse importante e respeitado”, afirma, acrescentando que apesar da responsabilidade se sente tranquila e “muito bem” acolhida, tanto pela população como pela equipa.Com a mudança de director também aconteceram pequenas mudanças na programação. “Talvez seja uma programação mais feminina. O Tiago é mais afirmativo. Eu sou mais conciliadora através de pequenos gestos. Por exemplo, ter o escritório e o ponto de encontro do festival no centro da vila. Esta é a marca de uma chegada. Nos anos anteriores o ponto de encontro do festival era na Fábrica da Cultura, este ano apostei no jardim, no centro da vila. Acho que nos aproxima mais da população. Vamos ver como vai ser a reacção das pessoas”, refere.“O festival é reconhecido e respeitado”Natural de Famalicão (distrito de Braga), Elisabete Paiva conhece Minde desde a adolescência porque uma das suas grandes amigas é da vila vizinha de Mira d’Aire e a nova directora do certame já conhecia esta paisagem serrana, no limite do distrito de Santarém. Já em adulta veio a Minde para visitar o FMD e sempre teceu elogios ao festival. “Sempre me revi muito na identidade deste festival. É um certame que tem um grau de risco elevado por estar num local periférico e o Tiago conseguiu trazer público de todo o país, incluindo dos grandes centros urbanos. Uma das situações que me deixou muito feliz foi quando nas primeiras reuniões que tive fora do país enquanto directora do FMD perceber que havia imensos programadores que conhecem e elogiam o festival. É muito respeitado no estrangeiro e esse mérito é todo do Tiago Guedes”, sublinha.Um dos objectivos da organização é ter o escritório durante todo o ano em Minde e manter uma actividade regular no concelho de Alcanena. Este ano tal não foi possível devido ao “corte financeiro que tiveram no apoio da Câmara de Alcanena. “O orçamento para este festival é de aproximadamente 50 mil euros e a Câmara de Alcanena apoia-nos com cerca de dois terços do valor total. É um apoio muito importante que não tivemos e que nos levou a fazer alguns ajustes. Estamos a tentar retomar o diálogo com o município para inverter a situação”, conta Elisabete Paiva, acrescentando que é com programação regular que conseguem trazer as pessoas aos espectáculos. Por outro lado, a Câmara de Torres Novas tem sido um parceiro importante que nunca deixou de apoiar o FMD, sendo que alguns espectáculos realizam-se no Teatro Virgínia, no centro da cidade torrejana.Elisabete Paiva admite que a cada ano que passa torna-se difícil manter uma programação de qualidade. “Além do envolvimento da comunidade houve sempre a preocupação de trazer a Minde os mesmos artistas que a população de Lisboa, por exemplo, tem acesso nos seus festivais de referência. Isso faz com que o festival seja reconhecido e é por isso que o festival precisa de ser muito apoiado”. A directora artística confessa que antes de aceitar o cargo “conhecia mal” a actividade cultural de Minde. Sabia que existia um conservatório de Música, importante e de qualidade. Conhecia também as mantas de Minde. Descobriu também o museu da localidade e não fazia ideia que existia um Festival de Jazz. “Existem actividades suficientes em Minde mas a cultura nunca é de mais”, diz.De Guimarães para MindeElisabete Paiva nasceu a 14 de Julho de 1976 em Famalicão, onde viveu até aos 18 anos. Depois disso teve um percurso nómada. Começou por fazer três anos do curso de Arquitectura mas depressa percebeu que não era aquilo que queria. Foi para a Universidade de Évora frequentar o curso de Estudos Teatrais. Depressa desistiu porque ofereceram-lhe trabalho como assistente de encenação em Lisboa. O primeiro curso que terminou foi Produção de Espectáculos. Mais tarde concluiu o mestrado em Estudos de Teatro, no Porto. Trabalhou em vários pontos do país sempre na área de produção e mediação artística. Entretanto virou-se mais para a área de conteúdos.Esteve nove anos à frente do Serviço Educativo do Centro Cultural Vila Flor, Guimarães, e da Capital Europeia da Cultura 2012. No início deste ano aceitou o convite de Tiago Guedes para ser a directora artística do Festival Materiais Diversos.
“A cultura nunca é de mais”

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