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Dão cartas no futebol feminino e sonham com os grandes palcos

Dão cartas no futebol feminino e sonham com os grandes palcos

Mariana e Diana foram companheiras de equipa no Ouriense e actualmente são adversárias

Jogadoras de futebol da região, naturais de Tomar e de Ourém, afirmam-se nos relvados enquanto estudam para garantir futuro. Porque no pontapé na bola no feminino ninguém ganha fortunas. No sábado passado disputaram a final da Supertaça, em Abrantes.

Mariana Coelho e Diana Silva são jogadoras de futebol com um percurso em comum. Jogaram juntas no Ouriense durante 4 anos, foram bicampeãs nacionais e no final da época passada saíram rumo a outras paragens. Mariana, 19 anos, está actualmente no Futebol Benfica, equipa lisboeta campeã nacional, e Diana, 20 anos, rumou ao Albergaria, do distrito de Aveiro. De companheiras passaram a adversárias e já se defrontaram na Supertaça, em Abrantes, com ambas a conseguirem o estatuto de titulares.O futebol na vida de Diana, natural de Ourém, começou aos 12 anos, no Ouriense, onde chegou a jogar um ano com rapazes. Mariana começou aos 13 e, ao contrário da amiga, sempre jogou com raparigas, primeiro no União de Tomar, de onde é natural, e a partir dos 15 anos no Ouriense. Apesar dos rapazes poderem ser cruéis quando jogam com raparigas, Diana não tem queixas desses tempos. “Foi normal jogar com rapazes. Havia um ou outro que queria provar que era melhor que as raparigas mas nunca fui alvo de nenhum tipo de gozo”, garante.Pelo facto do Ouriense não ter camadas jovens no futebol feminino, Diana chegou à equipa principal do clube com 13 anos e Mariana com 15. “Fomos muito bem recebidas. O ambiente era muito bom nessa altura”, diz Diana. “As jogadoras eram quase todas da nossa idade. As mais velhas tinham 20 e poucos anos. Por isso acabou por ser uma integração fácil”, complementou Mariana. Bem recebidas foram também nas actuais equipas, com as jogadoras a salientarem a ajuda e os conselhos que recebem por parte das atletas mais experientes, algumas internacionais.No Ouriense foram bicampeãs, algo que descrevem como uma sensação única. Sendo da região e tendo passado bons momentos na equipa, uma pergunta torna-se pertinente: porque saíram do clube? Fizeram-no por razões diferentes. Mariana encontra-se a tirar o curso de Ciências do Desporto em Lisboa e cansou-se de fazer as constantes viagens entre Ourém e a capital, onde agora joga e logo numa grande equipa, o que também influenciou na mudança. Já Diana, apesar de estudar Ciências Farmacêuticas em Coimbra, diz que essa não foi a razão da sua saída do Ouriense. “Já estava no clube há muitos anos e, sentindo que a época passada não foi das melhores, procurei uma nova motivação. Temos que arriscar nas decisões que tomamos”. Primeiro estão os estudosAmbas arriscaram sair do “ninho” e tiveram o apoio dos pais, como sempre tiveram desde que começaram a jogar futebol. O único reparo que os pais fazem a ambas é para que não se esqueçam que os estudos estão primeiro. E elas sabem-no.Quanto ao futuro no futebol, não estão muito inclinadas a jogar no estrangeiro, a não ser que fosse num Barcelona ou outro colosso europeu. “É claro que pensamos nisso”, confessa Diana, prontamente secundada por Mariana: “Sonhar não paga imposto. Quem sabe um dia, mas temos os pés assentes na terra”. Fora do futebol, o objectivo é concluir os respectivos cursos, começar a trabalhar e conciliar com o desporto-rei até onde der. Se essa conciliação deixar de ser possível e tiverem de tomar opções, o caminho a seguir já está definido, pelo menos no caso de Mariana: “Eu própria tenho a noção que, se um dia tiver que optar, vou optar por estudar ou por trabalhar. Não vou optar por continuar no futebol porque tenho a noção que é difícil viver dele”, confessa.O MIRANTE quis saber a opinião das jogadoras em relação ao estado do futebol feminino em Portugal. Se Diana diz que “podia estar melhor”, Mariana é da opinião que está a evoluir e que há mais público interessado. “Depende da região do país. Na nossa há cada vez mais interesse e em Lisboa também sinto isso. As pessoas cada vez são mais conhecedoras, vêem mais jogos, interessam-se. Ainda há muito a cultura do futebol masculino mas isso vai haver sempre”, reconhece. Em relação ao distrito, um lamento: “O futebol feminino aqui ainda é muito pequenino. Acaba por ser só o Ouriense e mais nenhuma equipa. Acabam por haver mais equipas de futsal do que de futebol”.
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