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Bom ano de produção de vinho com a ajuda do São Pedro

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No Cartaxo e em Alcanhões as vindimas já decorrem e as uvas apresentam boa qualidade
Paulo Mendes, 46 anos, Alcanhões, concelho de Santarém, iniciou a vindima dos cerca de vinte hectares de que é proprietário no dia 24 de Agosto. É viticultor há mais de 20 anos e garante que a colheita deste ano vai ser boa e o tempo deu uma grande ajuda. Paulo é associado da Adega Cooperativa de Alcanhões. 80 por cento da produção dos cerca de 50 sócios da Adega Cooperativa de Alcanhões é de vinho tinto. São poucos os que ainda fazem a colheita manual, uma vez que “são vinhas de pequena dimensão em que são os próprios familiares que fazem a colheita” diz João Sardinha, enólogo da Adega de Alcanhões.A vinha de Paulo Mendes já é antiga. “Tem quase a minha idade”, explica, realçando que teve de a adaptar com podas para poder receber a máquina de colheita. “A vinha quanto mais velha for mais difícil a adaptação devido à sua má estrutura. Foi adaptada ao longo dos anos”, explica. Começou a usar a máquina de vindimar de que é proprietário há dez anos. Decidiu comprar a máquina por ter dificuldade em arranjar trabalhadores. “É muito melhor assim porque sou eu que controlo tudo. Antes aproveitava os estudantes que estavam de férias e agora não estou a ver os jovens virem vindimar”. O enólogo da Adega de Alcanhões diz que apesar de a vindima ainda estar no início tudo indica que a qualidade do vinho vai ser muito boa. Em relação à quantidade, será semelhante à do ano passado, cerca de um milhão e duzentos mil litros. Os produtores ainda só estão a colher uva branca, as tintas é mais tarde. Em termos de teor alcoólico andará à volta dos 12,5 graus. “Não nos interessa ter muito grau porque a tendência do mercado é que os vinhos sejam menos alcoólicos porque as pessoas querem beber mais”, refere João Sardinha.Na Adega Cooperativa do Cartaxo também se perspectiva um bom ano. Pedro Franco, enólogo da adega, diz que vai ser “um ano com muita qualidade e um ligeiro acréscimo na quantidade porque há mais área de vinha. No ano passado a produção da Adega do Cartaxo foi de oito milhões de litros” refere. Os brancos Fernão Pires vão ter graus elevados, na ordem dos 13 e alguns 14 graus. Os tintos estão um pouco atrasados. As castas mais utilizadas pela adega são Castelão, Tinta Roriz, Touriga Nacional e a Syrah.A Adega de Alcanhões, a única no concelho de Santarém, vai apresentar dois vinhos novos este ano, um tinto e um branco, que ainda não têm nome. O tinto já está engarrafado e é da colheita do ano passado, o branco ainda está a ser feito e será para um público mais jovem. Os enólogos hoje já não são só enólogos, também são alfaiates, “fazem o vinho à medida dos consumidores”, diz João Sardinha.Produtores têm aumentado área no CartaxoA grande maioria das vinhas da região têm a colheita mecanizada, as restantes são aquelas que ainda não estão preparadas para fazer a recolha mecânica. José Barroso, para além de viticultor também presta serviços de aluguer de máquinas há 16 anos. Tem cerca de 30 clientes fixos. Considera que alguns pequenos produtores aderiram porque deixou de haver férias que coincidissem com as vindimas e os estudantes eram mão-de-obra a que se recorria bastante. “Hoje em dia acho também que não se quer trabalhar porque este não é um trabalho fácil. Apanha-se sol e pó”. Em termos de rendimento da colheita é completamente diferente. “Não é difícil apanharmos 100 toneladas por dia”, garante o produtor. José Barroso tem cerca de 55 hectares de vinha com 19 variedades de castas. A uva é depositada na Adega Cooperativa do Cartaxo, onde também é director. As uvas da quinta de José Barroso, em Vale da Pinta, concelho do Cartaxo servem para vinhos de segmento superior. “Estamos a falar de vinhas com produções baixas, cerca de sete toneladas por hectare, com graduações na ordem dos 14 graus, e bastante ricas. A vinha do campo de Valada é para vinhos de graduação e segmento mais baixo, porque são grandes produções. O rendimento é grande mas a qualidade é inferior”. José Barroso diz que a produção vai ser mais alta, apesar de ter chovido muito no Inverno. Deveria ter chovido também na Primavera, mas algumas vinhas já são regadas. “Se continuar assim vai ser um ano muito bom em termos de qualidade”. O produtor acredita que o sector da vinha é rentável. A maioria dos produtores associados da Adega do Cartaxo tem aumentado a sua área de produção. A cooperativa tem apostado na promoção e sobretudo na qualidade e essa tem sido um ideia passada para os produtores que se têm sentido motivados para continuar.
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