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Votar

Numa das últimas edições de O MIRANTE li um anúncio da Comissão Nacional de Eleições (CNE) a apelar ao voto: “votar é mais que um direito”. Esta frase, que me põe literalmente os cabelos em pé, é, aliás, a grande mensagem na página de entrada do sítio da dita Comissão. Muito mais que este apelo frouxo, este verão morno anuncia enormíssimos desafios que não podem ser entregues displicentemente a qualquer um que se proponha governar-nos. Todos, mas todos, devemos saber, com a CNE à cabeça, que no atual contexto, nacional e internacional, os desafios não se compadecem com conversa mole nem, tão pouco, com complexos de “pruridos de democracia” em que a liberdade de cada um é confundida com o dever de todos. Se votar em outubro de 2015 é mais que um direito, então escrevam a palavra certa: votar é um dever. Na verdade, em outubro, como nunca, decide-se muito do nosso futuro comum.Com elevado custo, persistem estes complexos – da falta de coragem em chamar os nomes certos às coisas – que atravessam a sociedade portuguesa. Chego a suspeitar que este estado de apatia coletiva interessa a uns quantos poucos privilegiados que são mandatados para decidirem por nós. Naturalmente que o papel de cada um não se esgota com a cruz no dia 4 de outubro, pois todos os dias sobejam oportunidades de manifestarmos os nossos deveres enquanto cidadãos responsáveis. Cada vez mais a qualidade do país com que sonhamos faz-se todos os dias pelo somatório do que cada um de nós faz. Alguém ainda duvida disto? Estranhamente, às vezes, vezes de mais, a realidade mostra-nos que sim: existe uma maioria discreta que continua a acreditar no “país do faz de conta”. Provavelmente, esta gente pensa que os milhares de refugiados que todos os dias chegam à Europa nada têm a ver connosco.Votar é então muito mais que um direito, é um inequívoco dever. A revolta verbal no café ao fim do dia de trabalho não resulta, não tem qualquer consequência positiva. Se o Governo for mau será ainda muito pior se a nossa oposição, isto é, atitude, não for melhor. Transpondo isto para a sala de aulas, não tenho dúvidas em afirmar aos meus alunos que a qualidade da aula depende muito mais deles, da sua atitude, do seu nível de exigência, do que do professor. Só nós, cada um de nós, podemos contribuir para a mudança positiva que todos desejamos. Não há magia que faça por nós o que devemos, o nosso nível de vida está diretamente indexado ao nível de consciência coletiva que manifestarmos. Os tempos não são fáceis mas serão muito mais difíceis se nos mantivermos passivos e conformados. Não tenham dúvida, o país é o que fizermos. Tudo o resto é pura demagogia que só serve para criar pobreza, sobretudo de espírito. Carlos A. Cupeto

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