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Ciclista de Fátima quer brilhar nos Jogos Olímpicos

Ciclista de Fátima quer brilhar nos Jogos Olímpicos

David Rosa é o crónico campeão nacional de cross-country olímpico, disciplina do BTT

Jovem vive uma vida de sacrifícios para atingir as suas metas, sendo uma delas a dos Jogos Olímpicos. Em 2012 esteve em Londres e agora treina afincadamente para marcar presença no Rio de Janeiro em 2016, com objectivos ambiciosos.

David Rosa, 28 anos, natural de Fátima, já tem um lugar na história do desporto português: foi o primeiro atleta nacional a marcar presença numa prova de BTT nuns Jogos Olímpicos. Fê-lo em Londres, em 2012, exactamente 10 anos depois de ter enveredado pelo ciclismo de competição, então com apenas 15 anos. A evolução tem sido de ano para ano. Títulos de campeão nacional já foram 9 e este ano já chegou a ocupar o 11º lugar do ranking mundial, o melhor de sempre de um português. “Os Jogos Olímpicos são um evento mágico, especial. Lembro-me que estava muito focado na prova, de sentir orgulho e responsabilidade ao mesmo tempo e de pensar que se não me doessem as pernas era porque não estava a fazer aquilo que tinha prometido a mim mesmo. Foi essa a minha mentalidade para aquela prova. Dei tudo”. O resultado foi um 23º lugar mas, se não fosse uma queda, o top 15 podia ter sido possível. Com menos de um ano para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o ciclista ainda não tem lugar garantido mas ficar de fora é um cenário altamente improvável. David sabe-o e já estabelece objectivos: voltar a ficar na história, agora pelo resultado. “Quero melhorar o lugar que fiz em Londres. O meu andamento agora é melhor do que era na altura e por isso penso que o top 10 é possível”.A preparação de um atleta em ano de Jogos Olímpicos é dura. David diz que até Maio a preparação vai ser uma autêntica tareia, com muita competição. A nível de treinos, costuma treinar 3/4 horas por dia mas pondera treinar mais, “respeitando sempre os limites do corpo”. “É preciso trabalhar com cabeça”, refere. Só em Junho pensa abrandar o ritmo para chegar fresco ao Rio de Janeiro em Agosto de 2015. David aponta ainda outro tipo de “sofrimentos” como a incerteza sobre a participação, o medo de lesões graves, o afastamento da família e amigos e o stress competitivo, relacionado com a dúvida sobre o estado de forma.Os sacrifícios, as regalias e o dopingProfessor de educação física, David Rosa deixou essa actividade em Janeiro de 2012, ao fim de dois anos, para se dedicar à alta competição, um mundo para o qual, ao contrário de muitos, David estava preparado. “É uma vida de sacrifícios, não é uma vida cor-de-rosa”. Sobre os principais sacrifícios, refere o estar muitas vezes longe da família e amigos e a ausência em datas importantes. “Sei que estou a perder pontos importantes da minha vida e da vida das pessoas que me são mais próximas, mas tem que ser”.Outro sacrifício é o da alimentação. David, como qualquer atleta de alta competição, não pode comer o que lhe apetece. Se no passado optava por comer, insistentemente, carnes brancas e arroz ou massa, agora passou a comer mais peixe, mais fruta, mais vegetais. À segunda-feira “tira folga” e dá-se ao luxo de comer o que lhe apetece. Quanto aos suplementos, tem vindo a reduzir o seu consumo. “A suplementação é importante até certo ponto. Em primeiro lugar temos de ter atenção à alimentação e só depois à suplementação e não o contrário”, explica.A alta competição não é, no entanto, só sacrifícios. São também regalias, embora poucas. Na vida diária, a única regalia sentida pelos atletas olímpicos é no uso de piscinas e de ginásios ou pela época especial de exames na faculdade. Em termos monetários, David Rosa faz parte de uma lista de 65 desportistas que se encontram abrangidos por uma bolsa de apoio à preparação, por estarem integrados no chamado projecto olímpico. Mais ajudas chegam dos patrocinadores e até da Junta de Freguesia de Fátima.Tema inevitável quando se fala em ciclismo é o doping. David Rosa diz que nunca se sentiu tentado. “Orgulho-me de ter atingido aquilo que atingi apenas devido ao meu trabalho. Se recorresse ao doping estaria a enganar-me a mim mesmo”, refere. O ciclista diz que existe doping em todas as modalidades e, por isso, algo que o chateia é que só se fale no ciclismo. “Nunca apareceu em lado nenhum que o futebol é a modalidade com mais casos de doping nos últimos quatro anos. São dados públicos e eu não vejo uma notícia disso em lado nenhum. Vai-se buscar casos de doping de ciclistas que ninguém conhece mas para se publicar resultados ou uma entrevista com um ciclista, aí já não há espaço. Não é correcto”, lamenta.
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