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Jovem ribatejano treina juniores do Belenenses mas já pensa noutros voos

Jovem ribatejano treina juniores do Belenenses mas já pensa noutros voos

O sonho é chegar a um grande de Portugal e trabalhar na Alemanha ou Inglaterra

Tiago Moreira, natural de Fazendas de Almeirim, fez todos os escalões de formação como jogador e chegou a fazer uma época como sénior. Ser futebolista não era, no entanto, o seu objectivo, mas sim ser treinador. Teve a primeira experiência com 18 anos e, entretanto, já chegou ao Belenenses, onde é adjunto na equipa de juniores.

Tiago Moreira, de 22 anos, natural de Fazendas de Almeirim, começou a jogar em criança no Fazendense e fez todo o percurso na formação no clube da sua terra, chegando a fazer um ano de seniores. No entanto, não se sentia completamente realizado e procurou outros caminhos. Concorreu à Academia Militar, teve três semanas de recruta mas acabou por não ficar e entrou em Educação Física e Desporto na Universidade Lusófona. Escolheu o ramo de treino desportivo, começando aí o caminho em direcção à sua grande paixão: ser treinador de futebol. A primeira experiência foi com apenas 18 anos, nos infantis do Damaiense, e, também no primeiro ano de faculdade, foi estagiar para o Belenenses. Foi ficando no clube e actualmente é treinador adjunto da equipa júnior. A experiência não podia estar a correr melhor: sem derrotas, o Belenenses está no topo da Zona Sul do campeonato nacional juntamente com o Sporting. “Está a ser uma época muito boa. Por exemplo, já ganhámos em casa do Benfica por 4-2”, afirma Tiago, que tem uma tarefa muito específica: “Quem dá o treino sou eu. É uma parte que me é delegada. O Sousa está presente mas costuma estar a supervisionar”.José Sousa, de 37 anos, é o treinador principal dos juniores do Belenenses. Como jogador alinhou na 1ª divisão ao serviço do Benfica, Alverca, Braga, Farense e do próprio Belenenses. “Tenho aprendido muito, principalmente pela experiência que ele tem. São 14 anos de 1ª Liga, ao mais alto nível. Ele diz para eu pensar dia-a-dia, para ter calma e para compreender que as coisas não se fazem em dois dias, ou seja, para não ser obcecado com o sucesso imediato”.Quanto ao futuro, vê-se a continuar como adjunto, o papel que mais gosta de desempenhar, e possivelmente na equipa técnica de Sousa, que já o abordou no sentido de continuarem juntos no pós-Belenenses. O objectivo de Tiago Moreira não passa por continuar no futebol de formação mas sim dar o passo para os seniores. O sonho, esse, está bem definido: “Um clube grande é o sonho de qualquer treinador. Mas tenho os pés assentes na terra porque não é um percurso fácil e a concorrência é muita. É preciso competência e sorte”. Campeonatos onde gostaria de trabalhar aponta o alemão e o inglês. Descartado está o regresso aos relvados como jogador. Tiago Moreira garante que a sua paixão é o treino. Só não sabe se é isso que fará o resto da vida. “O mercado está um bocadinho prostituído. Se formos ver a quantidade de treinadores que existe, é uma loucura. São milhares mas muitos não recebem o suficiente para viver porque se num determinado cargo não está o fulano A, está o fulano B por menos e se não está o fulano B, está o fulano C por menos. Não é fácil trabalhar num mercado assim”, afirma.Os pais, Fazendas de Almeirim e um olhar sobre o FazendenseTiago Moreira vive em Lisboa durante a semana e aos sábados, no fim dos jogos, põe-se a caminho de Fazendas de Almeirim, algo que não dispensa. “Não venho por obrigação, venho por necessidade de estar com a família. Sinto necessidade de dar um beijinho aos meus pais, de estar ao pé deles, de os ouvir. É cansativo estar a vir mas sabe-me bem estar aqui. Tenho aqui a minha caminha, o meu espaço. Em Lisboa também mas nunca é igual”, refere Tiago que, em Fazendas, destaca a ausência da confusão de Lisboa: “ Descansa-se muito melhor aqui, é mais calmo. Aqui nem olho para o relógio”.No entanto, Tiago nem sempre pode vir a casa aos fins-de-semana, para desgosto dos pais: “Eles têm saudades. Perguntam-me sempre quando é que eu venho e dizem para não ficar em Lisboa”. Quanto à sua carreira de treinador, sempre teve o apoio da mãe. Convencer o pai foi mais difícil. “A minha mãe apoiou-me. O meu pai torceu o nariz porque queria que eu fosse para a Academia Militar. Duvidou da minha escolha, não ficou contente mas também não me cortou as pernas. Agora já aceita e não há fim-de-semana que não me pergunte como está a correr ou como ficou o jogo”, revela.Tendo feito a formação no Fazendense, o jovem treinador não se coibiu de deixar um lamento sobre o clube: “Há poucos miúdos da terra nos seniores e é pena isso acontecer. Mas pode ter a ver com gerações que não tiveram jogadores muito bons, não sei”. Tiago Moreira abordou ainda a questão de uma possível subida do clube ao Campeonato Nacional de Seniores (CNS). “Não sei até que ponto eles têm esse objectivo, mas é provável que sim. Pela cultura que ali recebi é sempre para tentar conquistar os 3 pontos. O clube tem é de pensar, devido aos gastos, se é benéfico ir para o CNS ou não”.
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