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Vive e treina em Torres Novas um bicampeão do mundo de biatle

Vive e treina em Torres Novas um bicampeão do mundo de biatle

Julian Espinoza é costa-riquenho de origem e torrejano de coração

Jovem da Costa Rica veio viver para Portugal em 2011 e, sem nunca ter ouvido falar em triatlo, inscreveu-se na escola de Torres Novas da modalidade, com o objectivo de se integrar e fazer amigos. Hoje é um caso sério no triatlo e nas suas variantes, como atestam os dois títulos de campeão do mundo de biatle, em iniciados e juvenis.

Julian Espinoza é um jovem costa-riquenho de 14 anos, que em 2011 emigrou para Portugal juntamente com os pais e a irmã. O motivo foi o facto da mãe, médica de profissão, ter vindo trabalhar para o Entroncamento, com um contrato de três anos, entretanto já renovado, com o Ministério da Saúde. Julian, que de Portugal só conhecia Cristiano Ronaldo e o FC Porto, veio atrás, e, passados dois meses, os pais inscreveram-no na Escola de Triatlo de Torres Novas, “para ele ter amigos e uma actividade além da escola”. Sem nunca ter ouvido falar em triatlo e com lacunas na natação, o jovem foi 8º na sua primeira prova, em Abrantes, e a partir daí tornou-se num caso sério, subindo ao pódio em todas as provas. O biatle, variante do pentatlo moderno, com dois segmentos de corrida e um de natação, é um dos seus pontos fortes, tendo-se já sagrado campeão do mundo por duas vezes: em 2013, no Chipre, em iniciados, e em Setembro passado, na Geórgia, em juvenis. Mas desengane-se quem pensa que ser campeão do mundo subiu à cabeça de Julian. “Claro que é sempre bom ser campeão do mundo, ser o melhor do mundo, mas é mais uma prova. Sinceramente não ligo muito a ser campeão do mundo, até porque a sensação de ganhar um Mundial é quase a mesma de ganhar outras provas”, refere com modéstia.Ser campeão do mundo exige sacrifícios e, com apenas 14 anos, Julian já os faz. Treina 6 dias por semana, descansando ao domingo. Natação faz todos os dias, enquanto ciclismo e corrida apenas duas vezes por semana. A agenda é preenchida mas, mesmo assim, o bicampeão do mundo consegue conciliar os estudos com o triatlo. “Não é uma conciliação assim tão difícil. Há tempo para tudo”, explica. Não é que o jovem precise muito de estudar. Frequenta o 8º ano da Secundária Maria Lamas, em Torres Novas, e é aluno de nota 5 a todas as disciplinas. “Está sempre no quadro de excelência”, diz a mãe, orgulhosa. “No meu caso nem é preciso estudar muito. Basta estar atento nas aulas e fica tudo na cabeça”, explica o próprio.Com provas e estudos a correrem bem, Julian espera agora por 2017, ano em que já poderá obter a nacionalidade portuguesa. Fora de hipótese parece estar o regresso à Costa Rica, porque é na Europa que o triatlo está mais implantado e onde existem mais oportunidades. Desportivamente, o objectivo é ser atleta de alta competição, com os olhos postos nos Jogos Olímpicos. Como vai ter dupla nacionalidade, só não sabe por que país vai competir se algum dia lá chegar. “Sou costa-riquenho mas também me sinto português. Estou dividido”, confessa. Se competir é o seu objectivo, estudar também, visto que ser atleta de alta competição não é algo que dure a vida toda: “Tenho de estudar porque quando acabar a carreira, com 30 e tal anos, tenho de ir trabalhar em alguma coisa. Gostava de ir para a universidade e de tirar algo relacionado com desporto”.“Torres Novas é uma cidade muito bonita”Nos primeiros dois anos, Julian viveu no Entroncamento e depois mudou-se para Torres Novas, onde hoje vive. A preferência é clara: “Prefiro Torres Novas. Cá estou mais perto do treino, para o qual vou a pé. É uma cidade bonita e muito calma e tem a feira medieval, da qual gosto muito. O Entroncamento é uma cidade demasiado nova, não tem castelo nem nada. Morávamos ao pé de um bairro social e isso também não ajudou muito”.Há quatro anos em Portugal, a adaptação tem corrido bem. Julian diz-se até completamente integrado, salientando a importância do triatlo e da escola para que tal acontecesse. “Quando cheguei fui muito bem recebido por toda a gente. Foram todos muito simpáticos. Ninguém olhou para mim de lado por ser estrangeiro. Sinto-me muito bem em Portugal e em Torres Novas”, confessa, num português praticamente perfeito.
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