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Figo preto de Torres Novas há 10 anos em busca da denominação de origem

Figo preto de Torres Novas há 10 anos em busca da denominação de origem

Feira Nacional dos Frutos Secos decorreu no fim de semana em Torres Novas, com muitos produtores da região
Figos, passas de uva, nozes, amêndoas e outros frutos secos vendidos a granel, queijos e enchidos, doces e licores caseiros, vinho, tasquinhas, artesanato e muita animação com as filarmónicas e ranchos folclóricos do concelho. São estes ingredientes que fazem da Feira Nacional dos Frutos Secos de Torres Novas uma referência. O certame decorreu este ano na Praça 5 de Outubro, entre os dias 8 e 11. “Esta feira faz 30 anos que são também os anos da cidade. Começou por particulares que quiseram lembrar a história de Torres Novas ligada ao figo, que, durante muitos anos, foi a riqueza dos agricultores do concelho. Existe aqui um microclima especial para figueira, por isso é que temos um figo que é único - o figo preto de Torres Novas”, explica Pedro Ferreira, presidente do município.O autarca diz ainda que a câmara está há 10 anos a tentar junto do Ministério da Agricultura registar a patente: “o ministério diz-nos que que para criarmos a denominação da origem as pessoas têm de pegar no figo preto e dizer - isto é figo de Torres Novas - mas para nós chegarmos a esse patamar precisamos que nos ajudem a criar a denominação de origem. Andamos aqui numa roda vida, mas havemos de lá chegar”.A vida de Maria Lopes, de 75 anos, é que não pára graças aos frutos secos. Faz a feira desde o início. Ficou viúva mas agora conta com a ajuda dos filhos e dos netos para cuidar das suas fazendas. “Eu gosto de vir à feira, conviver com as pessoas, gosto do ambiente, de ir fazendo as coisas porque é uma distracção para mim até para me ajudar a passar o tempo, porque se eu tiver alguma coisa obrigatória para trazer para a praça, eu obrigo-me a andar na fazenda a fazer as coisas”, sublinha. “Estou a fazer uma coisa que eu gosto”, confessa Mário Faustino, produtor e vendedor. Conta que este ano conseguiu uma boa colheita e que, apesar de ter vários produtos importados na sua banca, não são esses os mais vendidos: “As pessoas procuram mais o produto da zona de Torres Novas, principalmente o figo preto, passa de uva, pingo mel, só querem o nacional”.Pedro Ferreira defende que além do convívio, da festa popular, a feira é também uma forma de desafio ao empreendedorismo: “O grande desafio é dizer às camadas mais jovens que vale a pena continuar a apostar nos frutos secos, nem que seja em part-time na sua vida, porque é um bom negócio e é uma forma também de não deixar morrer o figueiral de Torres Novas”.Foi isso que fez a jovem Michele Lascasas Rosa, filha de agricultores, licenciada em Ciências do Desporto: “O projecto acabava por morrer na minha geração ou tinha alguma continuidade no trabalho desenvolvido até então. Foi aí que achei por bem começar e agarrar outra vez”. Além de continuar com o negócio da fruta fresca da família, começou por criar a marca Doce Terra e reformulou o conceito: “Não adquirirmos nada a outros, produzimos, transformamos e embalamos”. A aposta original está no reaproveitamento da “fruta feia e defeituosa, mas que é muito saborosa na mesma”, criando o Figo Lanjal e o Figo Corigo. “O que acontece é que antes as pessoas só o apanhavam para dar aos animais por ser um figo pequeno e feio. Criámos embalagens diferentes para tentar uma ruptura com o modelo tradicional da venda a granel. Temos caixinhas de madeira, sacos de celofane, temos ainda uns sacos semelhantes aos antigos sacos do pão”, afirma. A criatividade levou-a ao figo em calda, uma receita que demorou dois anos a conseguir e ao figo preto com noz, uma inovação já premiada com a medalha de ouro no Concurso Nacional de Frutos Secos Tradicionais Portugueses.
Figo preto de Torres Novas há 10 anos em busca da denominação de origem

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