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A professora de Artes que não queria ser reformada

A professora de Artes que não queria ser reformada

Emília Palhinha leccionou durante três décadas no Cartaxo, onde inaugurou este mês uma exposição de pintura no Centro Cultural. Oriunda do Alentejo, já adoptou a cidade ribatejana como sua.

O convite para a mais recente exposição de pintura de Emília Palhinha no Cartaxo surgiu depois de ter ultrapassado um cancro do pulmão e uma fase menos positiva da sua vida. O conjunto de 16 quadros está em exposição até 29 de Novembro no Centro Cultural do Cartaxo. Emília Palhinha nasceu em Évora mas vive no Cartaxo há mais de 40 anos, tendo já adoptado a cidade ribatejana como sua, embora não esqueça as suas raízes alentejanas. No entanto, confessa que a fase de adaptação não foi fácil. “Vivi em Évora, Lisboa e Leiria antes de vir para o Cartaxo. São cidades movimentadas e no Cartaxo não se passava nada. Ia ao café e não era muito habitual as mulheres irem ao café… E quando iam estavam num lado e os homens no outro. Eu e o meu marido na altura sentávamo-nos ao meio, o que era estranho para todos”, recorda.Apesar dessas características locais, garante que foi sempre muito “amada, acarinhada e apaparicada” pelas pessoas do Cartaxo, sobretudo pela comunidade escolar. Maria Emília Palhinha, que prefere não revelar a sua idade, foi professora de Artes na Escola Secundária do Cartaxo durante cerca de três décadas. Na escola há uma sala com o seu nome em homenagem a tudo o que deu àquele estabelecimento de ensino. Lamenta ter deixado de dar aulas e critica que os professores não possam leccionar até aos 70 anos. Emília Palhinha sentia-se com capacidades para o fazer. Também dá aulas na Universidade Sénior do concelho mas garante que quer cortar o “cordão umbilical” com o ensino. Sabe que vai ser difícil mas é um passo que pretende dar em breve.Natural de Évora, sempre sentiu o apelo pelas artes. Desde criança que pinta. Perdeu a mãe com cerca de 18 meses e o pai aos 15 anos. Queria estudar Belas-Artes mas o seu tutor não deixou porque teria que ir para Lisboa. “Perguntou-me que outra área eu queria seguir sem ser Belas-Artes e eu disse-lhe ballet e hospedeira. Recebi sempre não como resposta e o meu tutor perguntou-me porque é que eu não queria uma profissão normal”, recorda bem-disposta. Acabou por entrar em Línguas Germânicas mas licenciou-se em Artes Plásticas e Pintura. Só aos 45 anos, já com duas filhas e a viver e trabalhar no Cartaxo, é que concretizou o sonho antigo de se licenciar em Belas-Artes.Ao longo dos anos realizou várias exposições de pintura e recebeu diversos prémios. O primeiro foi ter conquistado o primeiro lugar num concurso nacional de cerâmica em azulejo com o retrato da Rainha D. Leonor. A exposição recentemente inaugurada chama-se “Fugas” porque os quadros que pintou foram uma forma de sair de um estado de marasmo e alguma tristeza em que se encontrava. Emília Palhinha conta que normalmente a produção dos seus quadros é uma gestação “muito prolongada”. “Demoro muito tempo até chegar ao produto final mas de repente tenho a imagem que quero na minha cabeça e pinto astronomicamente rápido. Custa-me muito a sair mas quando sai é rápido”, revela. Tem duas filhas, três netos e acha que o neto mais novo é aquele que mostra mais aptidão para desenhar uma vez que adora entreter-se com desenhos e aguarelas.
A professora de Artes que não queria ser reformada

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