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Insofismável Manuel Serra d’Aire

As Câmaras de Constância e Barquinha impediram camiões da tropa (que participam num exercício da NATO a decorrer na região) de passar na ponte sobre o Tejo que liga esses concelhos, constituindo-se como uma autêntica força de bloqueio à aliança atlântica, semelhante à areia das praias de Grândola que atascaram os marines norte-americanos. Com essa decisão, os autarcas desses dois municípios - a comunista Júlia Amorim e o socialista Fernando Freire - deram uma clara prova de que existe realmente um namoro político entre PS e PCP (a nível local e nacional) que pode acabar em casamento. Depois das dificuldades criadas às manobras da NATO, quem sabe se não vem aí uma posição conjunta dos dois municípios visando a declaração da independência e a criação no seu território de uma república socialista digna sucessora da saudosa URSS, onde impere a ditadura do proletariado.Vivem-se tempos de brasa e, com o aproximar do 40º aniversário do 25 de Novembro, começam a ressuscitar lendas e narrativas. E não me admirava nada se, em Rio Maior, a produção de mocas ressurgisse agora em força, num contributo inesperado e bem-vindo para a economia local. As crises trazem sempre oportunidades e essa pode ser uma boa aposta nos tempos que correm para quem tem jeito para o negócio. Até porque ainda há muita gente que acredita que os comunistas comem criancinhas ao pequeno-almoço e os petizes, por cá, são hoje um bem quase tão escasso como a sardinha. Quem também parece ter ressurgido nos últimos tempos foi Arnaldo de Matos, o grande educador da classe operária e figura lendária do lendário MRPP, que é um daqueles fantasmas que não se limita a pairar e provocar calafrios, pois também bota faladura e com picante QB. Disse ele recentemente sobre a eventual frente de esquerda que pode vir a governar o país: “Isto é tudo um putedo!”. E eu, recorrendo igualmente ao vernáculo, concordo com o grande educador, lamentando apenas que os f**idos (e mal pagos) sejam sempre os mesmos...Outro sinal de que os tempos estão a mudar é o momento que se vive no PCP. Os comunistas têm sido muito criticados nos jornais por não terem um gesto de solidariedade para com os activistas políticos angolanos presos por afrontar o regime do camarada José Eduardo dos Santos. Mas a verdade é que, em Torres Novas, a assembleia municipal aprovou por unanimidade um voto de solidariedade proposto precisamente pela bancada comunista. E é aqui que bate o ponto. O PCP a falar a duas vozes? Cheira-me que os camaradas torrejanos estão a habilitar-se a um estágio de reciclagem na Coreia do Norte, com passagens por Alpiarça e pelo Couço.Quem deve estar livre disso é uma camarada ligada ao PCP de Santarém, com o nome um pouco burguês de Lili, que recentemente desancou no Presidente da República no dia em que Cavaco Silva anunciou ao país a indigitação de Passos Coelho como primeiro-ministro. Na opinião da militante comunista, Cavaco ajuizou mal a questão da formação do novo Governo e ela rotulou-o com o impropério mais comum que os espectadores lançam sobre os árbitros nos campos de futebol (e não, não foi ladrão que lhe chamou...). O desabafo no Facebook em jargão digno de claque de futebol não é a linguagem que habitualmente se usa no PCP. O que indicia igualmente que a chamada cassete de discurso único está a mudar. Decididamente, a tradição já não é o que era! Pelo menos à esquerda... Saudações panfletárias do Serafim das Neves

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