Autarca de Vila Franca de Xira quer legislação que impeça novo surto de legionella
Riscos foram controlados há um ano mas não houve qualquer reforço de mecanismos
Após o surto foi elaborado um relatório pelas entidades de saúde que recomendava a criação de legislação específica que enquadrasse a actuação dos responsáveis mas até hoje não entrou nada em vigor.
O surto de legionella que atingiu o concelho de Vila Franca de Xira há um ano não pode voltar a acontecer e é preciso que as autoridades apostem na prevenção e aprovem legislação que obrigue a uma maior vigilância das fábricas. O pedido foi deixado pelo presidente do município, Alberto Mesquita (PS), durante a última reunião pública de câmara. “É preciso apostar na prevenção para que não voltem a acontecer situações destas no concelho e no país. Na altura falou-se muito da necessidade de introduzir alterações legislativas para fazer a vigilância das fábricas mas nada foi feito”, lamentou o autarca. Após o surto de legionella as autoridades de saúde elaboraram um relatório onde recomendavam a criação de legislação específica para enquadrar, entre outros, a actuação dos responsáveis nestes cenários mas essa legislação nunca veio a ser publicada. As vistorias às torres de refrigeração das fábricas, que por norma são os principais focos de contaminação, continuam a não ser obrigatórias nem feitas pelo Estado.O Director-Geral da Saúde, Francisco George, confirmou esta semana, em declarações a uma rádio nacional, que apesar dos riscos terem sido “perfeitamente controlados” durante o surto não houve, até aos dias de hoje, “um reforço de mecanismos” para prevenir estas situações. Já Alberto Mesquita (PS) voltou a associar-se à “dor das vítimas” e voltou a defender que os culpados devem responder pelas suas acções. “Tenho procurado ser muito cauteloso com o que digo porque oficialmente ainda não existe um culpado. Se bem que os indícios apontem para um local, não existe a indicação taxativa de que foi aí a origem do surto. Temos de encontrar os causadores para que esta situação não se repita”, notou.O autarca voltou a assegurar que, logo que seja deduzida acusação por parte do Ministério Público, a câmara apresentará uma acção para ser ressarcida dos danos de imagem que teve com toda a situação. O surto de Vila Franca de Xira foi também falado no 31º congresso da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, em Albufeira, na tarde de quinta-feira, 5 de Novembro. Na sua intervenção uma especialista da Direcção-Geral da Saúde defendeu que as consequências do surto só não foram piores e mais devastadoras graças à intervenção rápida das autoridades.No sábado, 7 de Novembro, as bandeiras da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa foram colocadas novamente a meia-haste, em sinal de respeito pelas vítimas. Em comunicado o presidente da junta, Jorge Ribeiro, lamentou que a justiça ainda não tenha encontrado os culpados e disse acreditar que a verdade seja descoberta e que os responsáveis pelo surto sejam “punidos”.O surto de Vila Franca de Xira infectou cerca de 400 pessoas e matou 14 pessoas. A doença do legionário é provocada por uma bactéria que se contrai por inalação de gotículas de vapor de água contaminada que transportam a bactéria para os pulmões. Pode originar sintomas semelhantes a uma gripe - como as dores no corpo e febre - e pode evoluir para uma pneumonia grave que tem, como consequência última, a morte do doente.
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