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“Sonham que há ouro no terreno do Campo das Pratas”

Vasco Cunha lamenta todo o processo que envolve o Sport Lisboa e Cartaxo e o Campo das Pratas

O vereador do PSD na Câmara do Cartaxo e ex-deputado considera que o proprietário do terreno está a defender os seus direitos mas também que Manuel Marques está a ser mal aconselhado. Na sua opinião, os mais prejudicados são os jovens atletas que se vêem obrigados a treinar várias vezes por semana no concelho de Azambuja. Em entrevista a O MIRANTE volta a defender a expropriação como única solução para o caso.

O vereador do PSD da Câmara Municipal do Cartaxo e antigo dirigente do Sport Lisboa e Cartaxo (SLC), Vasco Cunha, vê todo o processo que envolve o clube e o proprietário do Campo das Pratas com “tristeza e desapontamento”. Acredita que Manuel Marques, o proprietário do terreno, está a defender os seus direitos mas também considera que o mesmo está a ser “mal aconselhado”. “Tenho muitas dúvidas sobre quem o aconselha, provavelmente com ganância, por aproveitamento material ou desejo de protagonismo. Deve haver por ali alguém que acha que vai ganhar o totoloto à custa do proprietário do Campo das Pratas e que sonha que ali há ouro”, afirma em entrevista a O MIRANTE.Desde o início deste litígio entre o município e o proprietário do terreno que Vasco Cunha defende que a “única solução” é a expropriação. O autarca justifica esta solução com o facto do Campo das Pratas ter uma avaliação patrimonial entre os 40 mil e os 50 mil euros. No entanto, a Câmara do Cartaxo já pagou mais de 20 mil euros dos quase 50 mil que o tribunal mandou pagar por rendas em atraso nos últimos anos. Além disso, refere o vereador, a câmara tem outra avaliação que aponta para cerca de 90 mil euros como valor-referência indemnizatório no caso da expropriação.“Pergunto-me se aquele pedaço de terreno, onde já existe um investimento de mais de um milhão e meio de euros, tem outra solução que não seja a sua entrega ao domínio do interesse público e municipal. O Campo das Pratas remunerou o seu proprietário em milhares de euros nos últimos anos como nenhuma outra propriedade do Cartaxo o fez. Será que o Campo das Pratas tem minas de ouro para se continuar a pagar tudo isto, quando o valor patrimonial é de 40 a 50 mil euros”, questiona em jeito de critica.Vasco Cunha considera que não há nenhum atleta ou encarregado de educação que esteja satisfeito com a solução que actualmente obriga os jovens jogadores a terem que se deslocar a Vila Nova de São Pedro, no concelho de Azambuja, várias vezes por semana para treinarem. “Nada temos contra quem nos tem recebido mas é uma solução que não agrada”, refere.“Enquanto o município do Cartaxo pagou quase tudo houve sempre dirigentes para todas as colectividades” Vasco Cunha recorda que, tal como centenas de miúdos, também jogou futebol no SLC e ganhou afecto ao clube. Ainda jogava nos juniores, aos 17 anos, quando teve a sua primeira experiência como director do futebol juvenil, juntamente com o amigo Frederico Guedes, que, mais tarde, chegou a ser presidente do clube. “No concelho do Cartaxo houve muitos bons dirigentes desportivos, em todas as colectividades, enquanto a câmara municipal pagou quase tudo. O problema foi quando a ‘torneira’ dos protocolos fechou. Parece que os dirigentes deixaram de ter vontade de estar ao serviço das suas colectividades”, lamenta.Vasco Cunha acrescenta que foi presidente da assembleia-geral do clube durante “meia dúzia de anos” e teve que assumir a direcção do clube quando havia dívidas que chegavam aos 60 mil euros, dois anos depois da câmara municipal ter suspendido todos os apoios e protocolos às colectividades. “Realizaram-se seis assembleias gerais ao longo de seis meses e ninguém tinha disponibilidade ou vontade para assumir a direcção do clube. Era um deserto total. Ficamos apenas oito pessoas no clube. Foi um desgaste brutal”, recorda.Enquanto dirigente do SLC e autarca, Vasco Cunha (e outros dirigentes que estavam na mesma situação) tinha um conflito de interesses que o impedia de participar nas votações que dissessem respeito aos assuntos do clube. “Acho que nunca passou pela ideia de todos, mas mesmo de todos, os autarcas do Cartaxo, eleitos pelas várias forças políticas, que os compromissos que a câmara municipal assumia não pudessem ser cumpridos. Até porque os serviços jurídicos do município nunca alertaram ninguém para a possibilidade da nulidade dos acordos estabelecidos com o senhor Manuel Marques e família”, conclui.

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