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Uma vida ao serviço dos alunos e do desporto em Santarém

Uma vida ao serviço dos alunos e do desporto em Santarém

Professor José Gameiro foi homenageado na sexta-feira em Santarém, cidade onde fez a sua vida

Apesar de reformado há muitos anos, o antigo docente de educação física e treinador ainda hoje é recordado por antigos alunos, que nele têm um amigo. Teve uma vida ligada ao desporto e agora, mesmo um pouco afastado, dá a sua opinião sobre alguns assuntos ligados à área e também sobre Santarém e o rio Tejo. Diz que “gostava de ser recordado como um gajo porreiro”.

José Gameiro nasceu em Almeirim há 86 anos mas foi em Santarém, onde tem residência há mais de 50 anos, que viveu os melhores momentos da sua vida. Distinguiu-se como professor de Educação Física na Escola de Regentes Agrícolas (hoje Escola Superior Agrária) e no Liceu Sá da Bandeira e como treinador de atletismo na Académica de Santarém e de ginástica na Casa do Benfica. Na escola, tal como nos clubes, marcou e mudou a vida de muitas pessoas, graças aos conselhos e à forma como tratava os alunos. Além disso lançou muitos atletas. Uma dessas pessoas é Augusto Lourenço que praticava futebol e atletismo. Num determinado fim-de-semana, tinha um jogo e uma prova que coincidiam. “O professor Gameiro disse-me que jogadores como eu havia 2 mil e tal e atletas como eu apenas meia dúzia”. Augusto não só foi à prova como seguiu carreira no atletismo, carreira essa que inclusivamente o levou até ao Sporting.“Eu apenas lhes possibilitei que eles mostrassem o que valiam. Eles é que mudaram as vidas deles porque eles é que praticavam. Eu só ajudava como treinador e como amigo”, diz José Gameiro. Reconhece que fez alguma coisa de valor durante a vida mas não ao ponto de ser alvo de homenagens, como já foi por mais de uma vez. Se por um lado se acha uma pessoa demasiado normal para ser homenageado, por outra tem dificuldade em expressar-se nessas ocasiões. Costuma dizer apenas obrigado.Actualmente, José Gameiro goza a reforma, dividindo a vida entre Santarém e Lisboa. Dá os seus passeios, convive com os amigos mas afastou-se do desporto. Ainda assim é da opinião que um dos problemas é o facto de os clubes viverem acima das suas possibilidades. Em relação a instalações para a prática do desporto, diz que Santarém está bem servida. Lembra que as escolas secundárias estão bem servidas de ginásios, que a Escola Agrária continua a estar aberta a todos e recordou também a existência do complexo gimnodesportivo. “Não me parece que o desporto tenha evoluído tanto que Santarém necessite de pavilhões novos. Não me parece que estes sejam muito maus. A nível de instalações a cidade não está muito mal”.“Não acho que Santarém esteja pior do que há 10 anos”Um dos ex-líbris de Santarém é o rio Tejo, que José Gameiro considera estar a ser mal-aproveitado. “Mas se calhar para ser bem aproveitado é preciso muito dinheiro e isso não há”. Diz que o rio podia ser melhor aproveitado para os desportos aquáticos, mas para isso era preciso ter água e não areia. “Pensaram desassorear o Tejo para ter navegação até aqui mas aquilo nunca deu. Era uma despesa muito grande”.Na política nunca se meteu. Nunca teve nenhum cargo, nem sequer foi candidato a nada. Dos presidentes da Câmara de Santarém que houve ao longo das últimas décadas, surpreendeu-se com Moita Flores. “Foi alguém que se importou com Santarém e que lutou por Santarém. Era uma pessoa simpática, que se dava com toda a gente. Penso que era uma pessoa interessada em fazer. Se conseguiu ou não, não sei, não faço ideia”. À sua volta tem amigos que dizem que Santarém está a morrer a pouco e pouco mas José Gameiro não tem essa opinião. “Não acho que Santarém esteja pior do que estava há 10 anos. Tinha mais gente, a cidade velha estava cheia e agora não, mas acho que agora as pessoas vivem melhor. Há mais automóveis, há mais manifestações de riqueza. Isto pode não querer dizer nada mas também pode querer dizer alguma coisa”. Um dos sectores em que aponta o desenvolvimento da cidade é o da restauração: “Antigamente para se comer alguma coisa tinha que se ir a Almeirim. Hoje isso já não acontece”.Aos 86 anos, José Gameiro está grato a todos os amigos que fez. “A amizade é o melhor que levo desta vida”, afirma. Para terminar, O MIRANTE perguntou como gostaria de ser recordado e a resposta foi a mais simples de toda a conversa: “Gostava de ser recordado como um gajo porreiro”.Professor foi homenageado em SantarémO professor José Gameiro foi homenageado na noite de sexta-feira, 20 de Novembro, pelo Panathlon Clube de Santarém (PCS). O presidente do PCS, Cândido Azevedo, enalteceu o trabalho “amplamente meritório” de José Gameiro, durante mais de meio século, no campo educativo da educação física e desporto, bem como no campo da ginástica de exibição, realçando que o professor projectou a cidade de Santarém nacional e internacionalmente. Presente no jantar no restaurante “A Grelha”, José Gameiro agradeceu a gentileza da homenagem que lhe prestaram mas disse que o que fez no passado “não tem relevância”. “A amizade que hoje nos trouxe aqui é o mais importante”, disse.No final do jantar, e depois de Cândido Azevedo ter apresentado aos presentes uma nova modalidade, o tchoukbol, falou-se do futuro do PCS, movimento que possui finalidades éticas e culturais e que pretende aprofundar, divulgar e defender os valores do Desporto. O presidente manifestou a sua indisponibilidade para continuar no cargo por ter recebido um convite irrecusável para ir trabalhar para o estrangeiro. Luís Arrais poderá ser o novo presidente, tendo prometido pensar no assunto.No evento estiveram também presentes o presidente do Panathlon Clube de Lisboa, Mariz Fernandes, a representante do Inatel, Fernanda Azoia, e vários amigos do professor José Gameiro.
Uma vida ao serviço dos alunos e do desporto em Santarém

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