Cerca de 80 empresários reuniram-se num jantar debate, no dia 26 de Novembro, em Abrantes, organizado pela Associação Comercial e Empresarial de Abrantes (ACE), para discutirem a “Actividade Empresarial em Abrantes: desafios e oportunidades”.Alguns empresários deixaram críticas às opções do município nos últimos anos. Um dos mais críticos foi Armando Cruz, administrador da Cruzimpex, empresa de Abrantes que opera no ramo da importação e exportação de carne. O empresário refere que não tem “visto grande evolução em Abrantes ao longo dos anos” e acha que a líder do município, Maria do Céu Albuquerque, tem que trabalhar mais e fazer menos política. “Quem governou e quem governa esta câmara já há muitos anos nunca pensou no desenvolvimento da cidade, que tem uma posição estratégica que nunca soube explorar. Um camião de distribuição está apenas a sete horas de Madrid, a três do Porto e a duas de Lisboa”. O empresário concorda que “foram feitas algumas coisas” mas que tem “vergonha de trazer empresários estrangeiros à cidade porque está tudo degradado”. Armando Cruz diz ainda que tentou trazer empresários para Abrantes mas que houve sempre entraves por parte da autarquia. Em declarações a O MIRANTEdepois do colóquio o empresário reafirmou que “os agentes políticos de Abrantes precisam de falar menos, arregaçar as mangas e agir mais”. O turismo em Abrantes foi outro dos assuntos abordados. O empresário Joaquim Ribeiro, um dos interessados na aquisição do Hotel de Turismo de Abrantes, voltou à carga e depois de “ter estado a ouvir palha de Abrantes durante duas horas”, referindo-se aquilo que considerou um debate sem interesse, acusou a presidente da câmara de ter facilitado o negócio entre o Turismo Fundos e o Grupo Luna Hotels em prejuízo de um empresário local. “Nem tudo foi bem feito, nem ainda tudo está feito”Maria do Céu Albuquerque esteve presente na iniciativa e não concorda que Abrantes não tenha evoluído. A autarca diz que nasceu há 45 anos, recorda-se de na sua aldeia ter que ficar na fonte à espera de vez para encher o quartão de água e tomar banho apenas uma vez por semana. Disse ainda que também se lembra de já ser mais velha e ainda não ter saneamento em casa. “Nem tudo foi bem feito nem ainda tudo está feito. Mas se tudo estivesse feito o que estaríamos nós aqui a fazer?”, perguntou a autarca, que ficou sem resposta. A autarca dirigiu-se a Joaquim Ribeiro e argumentou: “Todos os empresários são tratados da mesma maneira. Nem sempre conseguimos que as coisas corram bem porque não dependem de nós verdadeiramente”. Relativamente ao hotel afirmou: “A Câmara de Abrantes apresentou à Turismo Fundos um conjunto de empresários e foi esta a intervenção da câmara. O hotel é a jóia da coroa e é uma pena estar encerrado”. Ainda em relação ao turismo, Maria do Céu Albuquerque diz que antes de promover o que quer que seja é preciso estruturar uma oferta turística e ter qualidade. “É verdade que nos faltam coisas como um bom hotel na cidade, uma pousada da juventude a funcionar como deve ser, e a gastronomia associada. Temos que ter consciência que não vamos conseguir criar valor no turismo se pensarmos Abrantes sozinhos. Ninguém vem a Abrantes porque nós não temos o Convento de Cristo, não temos um Castelo de Almourol, não temos um santuário de Fátima e, portanto, temos que ter alguma coisa que nos distinga. Por isso temos que promover em conjunto com os outros parceiros do Médio Tejo para podermos ser capazes de atrair turistas”. Este foi o primeiro de um ciclo de debates que pretendem discutir o posicionamento e as perspectivas de futuro para as empresas da região. Os próximos serão realizados nos concelhos de Constância, Sardoal, Mação e Vila de Rei. A reunião teve a presença do presidente da direcção da associação empresarial Joaquim Serras e foi moderada por António Paulo, empresário e presidente da mesa da assembleia da ACE.