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A Feira da Golegã…à margem da lei…

Por ocasião da Feira de São Martinho, a autarquia da vila da Golegã presenteia os seus habitantes e alguns visitantes com a maior falta de respeito, civismo e humanismo, perdendo esta a noção da verdadeira essência do que significa o “dever social e de responsabilidade” para com a população. O que deveria ser uma feira/exposição de temática equestre, não passa de um espelho, embora parcial, da sociedade actual. As ruas enchem-se de multidões sedentas por álcool, as quais não permitem a circulação dos habitantes.A autarquia não percebe o quanto prejudica o bem-estar social, emocional, profissional e o simples quotidiano do povo que nesta terra todo o ano vive e paga os seus impostos. A autarquia simplesmente não compreende que o espaço físico da vila não permite de forma correcta e ordenada a realização desta feira, a qual se desenrola de forma “atabalhoada”, interferindo na liberdade individual de cada um de nós que aqui habita.Durante a feira vem à tona o sentimento de que esta terra não é do seu povo mas mais parece invadida (e acaba por sê-lo) por (alguns) bárbaros sedentos de cerveja, vinho, e outros líquidos de teor alcoólico, iguarias estas que parecem ser o ponto principal de atracção da feira e não o Cavalo.Todos os anos, a autarquia regulamenta o trânsito de forma a facilitar o acesso e circulação local a quem visita a vila no período da feira, mas porém incoerentemente não permite o estacionamento a alguns dos seus habitantes nas ruas onde vivem, assim como veda o acesso a locais públicos da vila, vigiados por “mecanismos futurísticos” e automáticos os quais só se abrem mediante um código específico e via telemóvel.      Durante estas duas semanas a Golegã não é de quem nesta vive e a faz crescer, mas sim e apenas de alguns visitantes que a percorrem a cavalo e em outros veículos de tracção animal. Infelizmente alguns sob o efeito de álcool, sem terem o mínimo de respeito e civismo pelos transeuntes, pelos visitantes que são correctos e por aqueles que todo o ano aqui vivem.A “imunidade” de certas elites é visível pela forma como a parcial e fraca actuação policial se manifesta. O elevado número de operacionais da GNR, operou de forma estática e pareciam fechar os olhos a um determinado número de infracções ao código da estrada e civil.As operações de fiscalização de trânsito da GNR, permitiram que condutores de veículos de tracção motorizada não se fizessem à estrada por excesso de álcool e que pagassem pelos seus erros. Porém se os testes de alcoolemia chegassem a todos os que transitavam na feira fazendo uso de veículos de tracção animal não sei se os bocais para uso individual na elaboração do referido teste, não teriam que vir em camiões de transporte de inertes! Quiçá?Numa terra que se auto intitulou de “capital do cavalo”, seria de esperar que o seu ex-líbris merecesse mais consideração por parte de todos nós e acima de tudo por parte da autarquia e da comissão organizadora do evento. Infelizmente nada disso se vê. Os abusos e os maus tratos ao símbolo de uma “farsa elitista forjada” são vistos por quem quer ou não quer e onde apenas os cegos e os insensíveis não vêem.Foi a 14 de Novembro de 2015 que presenciei impotente ao abate por eutanásia de um cavalo em plena rua principal da Golegã, em plena Feira Nacional do Cavalo. O animal circulava em plena rua quando colocou uma pata num buraco na faixa de rodagem, fracturando gravemente o membro o qual segundo a opinião do veterinário que o assistiu, não teria recuperação possível.Tudo porque a Câmara Municipal da vila da Golegã resolveu presentear as suas ruas, calçadas e passeios com buracos de metro e tal de profundidade, nos quais pela ocasião de outros eventos equestres e taurinos, são colocados postes metálicos para vedar as mesmas. Acho vergonhoso, inadmissível e de uma incompetência e irresponsabilidade pura a negligência perante os equipamentos que colocam nas nossas ruas. Um simples e estúpido tubo de PVC no meio da estrada funcionou como armadilha de “morte” para o “ex-líbris” que a vila tanto ostenta.Esperei no passeio até que evacuassem o animal para outro local, esperei para lhe mostrar respeito e prestar homenagem para que ele soubesse que apesar de ter morrido em vão, não morreu na indiferença, porque muitos foram os que se importaram com ele e o tentaram salvar. Da parte da câmara municipal, apenas ocorreram ao local funcionários que ajudaram no resgate do cavalo e um engenheiro de obras.Poder-se ia dizer que não passou tudo de um trágico acidente, mas não creio que a faixa de rodagem ou a via pública sejam o melhor local para colocar este tipo de estruturas, as quais são apenas usadas uma a duas vezes por ano em eventos que em nada são benéficos e rentáveis para o município.Rui Vicente

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