O Enterro do Santo Entrudo, em Samora Correia, na quarta-feira, dia 10 de Fevereiro, finalizou os festejos de Carnaval na cidade ribatejana. Cerca de 300 pessoas seguiram, já de noite, pelas ruas o morto e as duas viúvas, enquanto o “padre”, Mário Pereira, acompanhado pelo sacristão Hélder Salema, brindavam as famílias por cujas casas passavam, com versos onde a figura central foi sempre a merda, muita merda...Com o mote dado pela choradeira das viúvas que acompanhavam o morto de membro hirto e ao grito de “Ai meu rico Santo Entrudo, deitas merda por um canudo”, o cortejo não poupou ninguém na distribuição de versos. Nem as figuras eleitas do concelho, como Hélio Justino, líder da Junta de Freguesia de Samora Correia, escaparam ao testamento escatológico e tradicional da localidade, como aliás se percebe pelo verso declamado em frente à sede do órgão autárquico.No seu jeito trapaceiroEnganou até o padeiroQue com merda os pape-secos unta,Bem frescos os congelouEm testamento deixouAlí para o Executivo da Junta.Era um cagão cumpridorQue cagava mesmo com dorQue tudo fazia alegre e contente,Uns cagalhões grossos fezEram para aí dois ou trêsPara o Dr Hélio - Presidente.O riso do povo que seguia atrás do tractor era contagiante e não esmoreceu durante a viagem, sendo apenas abafado pelo som dos instrumentos dos músicos da SFUS que acompanharam o enterro do início, na Avenida Egas Moniz, até ao final da marcha. Até o tempo ajudou, abrindo tréguas num dia chuvoso, para proporcionar uma noite seca.Quem também não perdeu pela demora foi Carlos Coutinho, presidente da Câmara de Benavente, e a mulher do líder da autarquia e dirigente da ARCAS que organiza o Carnaval, Dora Coutinho, que fez questão de estar presente em todo o cortejo e riu a bandeiras despregadas quando foi alvo de um verso mais picante. E O MIRANTE até esteve na origem do verso ao líder da autarquia.E antes do rebentar finalAinda caga este animalPara aquele que foi seu amo,Pro Carlos Coutinho PresidenteDeixou uma bosta de presentePor ser do Mirante, Político do Ano.Leve para casa como medalhaE junte à outra tralhaQue na lareira deve ter,Porque não me estou a aguentarAgora sou eu que vou cagarPara a sua esposa Dora comer.É uma rapariga divertidaQue anda sempre entretidaLá na Arcas, também ela presidente.Compre-lhe um escovilhãoPara que limpe o cagalhãoQue lhe fica preso no dente.O Santo Entrudo, depois de cerca de duas horas a passear pelas ruas da localidade, acabou em chamas e com grande estrondo no largo do Calvário, o principal de Samora Correia.