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Entidade Regional de Turismo do Alentejo, Ribatejo e rio Tejo

Muito interessante a entrevista a António Ceia da Silva no caderno especial da última edição. Tal como havia sido inteligente a decisão de juntar Alentejo e Ribatejo na mesma Entidade Regional de Turismo (ERT). O Alentejo tem mantido um crescimento de notoriedade e interesse, pela sua beleza, história, paisagem, gastronomia e vinhos, mas também pela localização privilegiada entre Lisboa e o Algarve. Já o Ribatejo, mesmo com carácter e personalidade, sempre mostrou mais dificuldades em projectar a sua identidade, talvez por não ter conseguido ainda capitalizar precisamente o seu maior trunfo, o rio Tejo e a Lezíria.O Ribatejo enquanto província existiu durante 40 anos, uma ínfima fracção de tempo na história de Portugal. Mas se Santarém continua a ser considerada a sua capital, a perda de influência e população da cidade é notória. Houve um retrocesso na sua promoção como capital do Gótico, devido a uma falta de visão local do que pode ser o turismo ligado à História. Os roteiros dos Templários também mereceriam um outro olhar, mais convergente entre vários municípios da região. E até mesmo as várias barragens não estão a ser potenciadas. No Alentejo, pelo contrário, Évora conseguiu impor-se por mérito próprio, tendo toda a região capitalizado, apesar de mais distante da capital, e sem as mesmas condições de acesso e transportes, nomeadamente ferrovia. Muito une ambas as regiões, sobretudo a natureza, a agricultura e as gentes.Património cultural e imaterial, é portanto tudo o que contribua para o desenvolvimento de toda a comunidade e, nos dias que correm, também que nos ponha na rota das melhores práticas e, sobretudo, boa imagem nacional e internacional. A resposta politicamente correcta, mas verdadeira, do responsável pela ERT em relação à actividade tauromáquica, demonstra esse alinhamento. De quem compreende o que nos pode projectar no turismo internacional, independentemente das convicções pessoais de cada um. Neste particular, convém relembrar porque tal prática nunca poderia ser classificada pela UNESCO, ao contrário do que aconteceu com o cante alentejano ou os chocalhos. Já em 1980 este organismo da ONU vocacionado para a cultura, descreveu que as touradas afrontavam a ciência e a cultura.Mesmo assim, os agentes privados de turismo podem promover a tauromaquia, os seus negócios e empresas correlacionadas, sempre que tal lhes traga vantagens. Já os organismos oficiais, Entidades Regionais de Turismo e câmaras municipais, devem abster-se de tal promoção, sob pena de fragilizarem as suas regiões em termos turísticos e culturais.Aqui há que fazer uma ponte para outra interessante entrevista, que podemos ler na mesma edição. Desta vez ao presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Como residente neste município, saúdo a sua resposta sobre as vantagens do mesmo estar, e bem, integrado na ERT de Lisboa. Gostaria assim de ver a minha terra finalmente prosseguir a estratégia que ficou definida em 2014 no Plano Estratégico para o Turismo na Região de Lisboa. Recordo que VFX foi integrada na centralidade Arco do Tejo, que previa precisamente o foco da nossa promoção à volta do rio Tejo, actividades e desportos náuticos, turismo de natureza, observação de aves (EVOA) e promoção de actividades com cavalos, incluindo o turismo da saúde.Para isso seria necessário começar por limpar o rio, torná-lo navegável, coisa que nos últimos anos não se fez. É burocrático, é caro e dá trabalho, mas trará frutos no futuro. Só que volvido mais de um ano desde esse plano ainda nada foi feito.Lamentavelmente, VFX tem prosseguido pelo caminho que não é sequer considerado estratégico para o Ribatejo - promover demasiado a actividade tauromáquica. Festas, feiras, congressos, semanas, museus, etc. Porém, com o desinteresse crescente dentro do seu próprio concelho, e na generalidade dos Portugueses, não estaremos assim a reduzir a imagem da região? Logo agora que muita da indústria foi desaparecendo, que a aeronáutica arrisca mobilizar noutras direcções (nomeadamente para Évora ou Montijo) e os serviços de valor acrescentado teimam em ir para outros locais da Grande Lisboa? Se há quem precise de uma imagem moderna, desenvolvida e cultural, às portas de Lisboa, é Vila Franca de Xira. Pensemos nisso enquanto comunidade.Maria Santos

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