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Preguiçosos?

“Incomoda-me muito que depois de 20 ou mais anos de estudo um jovem licenciado parta à procura de emprego e não se sinta apto, com competência e vontade de criar o seu próprio posto de trabalho. Ainda não me convenceram de outra forma de sairmos da austeridade”

Os meus alunos ribatejanos – Moita, Santarém, Coruche…, - querem convencer-me de que há uma grande diferença entre os ribatejanos e os alentejanos. Não estou convencido disso. Talvez a diferença seja a Reta do Cabo e nada mais. Por isso, acredito que, mais coisa menos coisa, a história que recentemente vivi numa pequena cidade alentejana se poderá passar numa qualquer terra do Ribatejo. Uma significativa diferença é a quantidade de gente. No Alentejo há muito pouca gente. Sobeja território altamente qualificado, o recurso mais valioso do planeta Terra. Refiro-me, concretamente, ao solo e à água. Enganam-nos, e andamos enganados, como se o problema fosse falta de gente e não gente a mais. Porque se deslocam esses milhares de refugiados? Um dia destes, tenho a certeza, que as nossas ricas terras vão ficar povoadas, só espero que ordenadamente.Voltemos à exemplar cidade alentejana, onde a atividade económica é escassa, de onde os jovens partem e os velhos ficam. Tudo o resto existe – infraestruturas de todo o tipo – com uma qualidade ímpar. E o que fazem as pessoas para contrariar, para vencer, esta realidade? Nada.Porque o queijo por estes lados é dos melhores do mundo. Numa tarde de domingo quis provar uma queijada mas não havia. Pelas 12h00 as 500 queijadas, sabiamente confecionadas por uma velhota, já tinham sido vendidas no vulgar estabelecimento do centro da cidade. Saiba-se que naquela loja se vende muito mais que queijadas; bolos caseiros típicos, queijos, enchidos, etc, e que as prateleiras estavam vazias. Façam-se, pois, umas contas grosseiras e a conclusão é óbvia. Por que razão não há jovens locais que peguem nesta fileira de sucesso? Por que razão no atual contexto de falta de trabalho (?), depois de uma entrevista para uma excelente oportunidade laboral, a candidata vai para casa pensar? Porque somos assim. Falta-nos atitude. São os brandos costumes, é cultural, ou não gostamos de trabalhar?Por mim, incomoda-me muito que depois de 20 ou mais anos de estudo um jovem licenciado parta à procura de emprego e não se sinta apto, com competência e vontade de criar o seu próprio posto de trabalho. Ainda não me convenceram de outra forma de sairmos da austeridade.Carlos CupetoProf. Universidade de Évora

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