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Um pastor que sonha com as cabras e com um estábulo novo

Um pastor que sonha com as cabras e com um estábulo novo

Joaquim Cardoso guarda gado na Serra de Aire, como sempre fez na sua vida e como é tradição de família há algumas gerações. Há três anos foi desafiado a integrar um projecto envolvendo várias entidades. Prometeram-lhe um estábulo em condições para as suas cabras, mas a obra ficou a meio por falta de dinheiro.

Joaquim Cardoso, 66 anos, é pastor na Serra de Aire, no concelho de Torres Novas. Há três anos prometeram-lhe um estábulo novo para os seus animais, no âmbito de um projecto da Quercus em articulação com a Junta de Freguesia do Pedrógão que visa colocar cabras a pastar na serra com a finalidade de preservação de habitats, prevenção de fogos e dinamização da economia local. Mas o guardador de cabras já acalentou mais esperança de vir a ter o estábulo novo para os cerca de 130 animais que agora tem. O processo tem vindo a arrastar-se já que a Junta de Freguesia do Pedrógão não tem meios para acabar a obra, tendo inclusivamente pedido ajuda à Câmara de Torres Novas nesse sentido.O pastoreio de cabras para a produção de leite é a paixão de Joaquim Cardoso e assim tem sido ao longo da vida. Uma actividade que já vem de família ao longo de várias gerações: “Não faço outra coisa, até de noite sonho com elas”. Levanta-se todos os dias pelas 6h00 ou 7h00 da manhã para tratar dos animais e passa quase todo o dia de volta deles. “Aquilo é só para quem gosta muito. Costumo dizer que quem gosta de cabras não pode gostar de bola”, sentencia. Reside em Adofreire há 24 anos e cria os animais num curral que não tem as melhores condições. O espaço, demasiado pequeno, impede o pastor de criar mais animais e desenvolver a sua actividade. “Tenho de criar mais cabras pois eu vivo delas, mas ali não dá e tenho de me limitar às condições que há”, conta. A falta de condições já causou em tempos problemas com a vizinhança, como noticiou O MIRANTE em 2006. Os moradores queixavam-se de uma epidemia de pulgas e dos cheiros nauseabundos provenientes do curral. Apesar do conflito estar adormecido e resolvido, segundo conta o pastor, a mudança para o novo estábulo iria também evitar que futuramente o problema pudesse ressurgir. O novo equipamento permitiria melhores condições para os animais e a possibilidade de desenvolver novos projectos, como uma queijaria, que seria também para os seus filhos. Quando teve início o projecto, a Quercus, em conjunto com a Junta de Freguesia do Pedrógão, procurou um pastor que já tivesse experiência no ramo e assim chegou a Joaquim Cardoso. Foi há três anos que lhe deram um rebanho de 173 animais a juntar às cerca de 50 cabras que já tinha, prometendo o estábulo para os albergar. Joaquim Cardoso não percebe muito bem por que razão o estábulo ainda não está concretizado, mas não atira culpas a ninguém. “Só sei que as coisas não foram feitas”, diz reforçando a importância de ter a obra feita. “O gado dava mais rendimento, tinha melhores condições”. Céptico, diz que nunca mais foi visitar o local do novo estábulo: “Não vou lá fazer nada, aquilo está sempre na mesma, já estou farto daquilo nunca mais estar feito”. O MIRANTE contactou o coordenador responsável pelo projecto, José Paulo Martins, que disse que a parte que competia à Quercus está terminada, conforme estava protocolado: “Lançámos os alicerces, o resto cabe às outras entidades conforme estipulado”. Considera que é importante a conclusão do projecto e que há interesse da Quercus em fazer o seu acompanhamento. O assunto foi também levantado pelo presidente da Junta da Freguesia do Pedrógão, Paulo Simões, na reunião descentralizada do executivo da Câmara de Torres Novas que se realizou na sua freguesia. O projecto foi iniciado em 2011 pela Quercus e devia ser implementado nas freguesias de Pedrogão e Fátima, concelho de Ourém. Em Fátima já está concluído. No Pedrogão ainda não pois, segundo explicou Paulo Simões, só se conseguiu obter a autorização para a construção do estábulo no ano em que terminaria o prazo de construção, segundo o projecto da Quercus. E agora não há dinheiro para o concluir.Ana Filipa Rodrigues, vereadora da CDU, disse que era necessário que a Quercus voltasse a acompanhar e a apoiar o desenvolvimento deste projecto, posição que foi partilhada pelo presidente da câmara municipal, Pedro Ferreira.
Um pastor que sonha com as cabras e com um estábulo novo

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