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“Tejo deve voltar a ser navegável mas temos que saber cuidar dele”

“Tejo deve voltar a ser navegável mas temos que saber cuidar dele”

Ideia defendida na 2ª edição do Fórum Ibérico do Tejo, que decorreu em Vila Franca de Xira

Alberto Mesquita e Carmona Rodrigues defenderam a criação de condições para desenvolver o transporte fluvial no Tejo e querem que o Governo coloque na agenda política os problemas da poluição que têm afectado o rio. Foi ainda criticada a falta de interligação entre as várias entidades públicas com tutela sobre o Tejo.

O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira ambiciona criar condições para tornar o rio Tejo navegável desde a Póvoa de Santa Iria até à Vala do Carregado, defendendo a necessidade das autoridades procederem ao seu desassoreamento. Alberto Mesquita falou do seu desejo durante a abertura do 2º Fórum Ibérico do Tejo que decorreu no fim-de-semana, no pavilhão multiusos em Vila Franca de Xira. O autarca aproveitou a presença do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, para desafiar o Governo a colocar na agenda política os problemas da poluição no Tejo e a criação de condições para a sua navegabilidade.“A poluição do Tejo é prejudicial para a pesca, para o turismo e para a agricultura. Quero aproveitar a presença do senhor secretário de Estado para lhe dizer que é preciso inspeccionar e punir as infracções. Queremos o desenvolvimento fluvial e de mercadorias e queremos uma alternativa ao transporte rodoviário”, referiu. O autarca de Vila Franca de Xira defendeu também a necessidade de estabelecer regras e responsabilidades das actividades industriais. “Esperamos, sinceramente, que este problema esteja na agenda política do Governo”, sublinhou.Quem também defende que faz sentido voltar a pensar no transporte fluvial no Tejo é António Carmona Rodrigues, antigo presidente da Câmara Municipal de Lisboa e professor universitário nas áreas de Hidrologia e Hidráulica. Carmona Rodrigues afirma que o Tejo só será navegável se soubermos cuidar dele. “Todos os meses os contribuintes pagam taxas de recursos hídricos e as receitas resultantes dessa cobrança são afectadas para o fundo de protecção dos recursos hídricos (50%), para Administração Regional do Tejo (40%) e para o Instituto Nacional da Água (10%). Temos dinheiro para investir no Tejo, não sei é se esse dinheiro é canalizado para lá”, afirma.Carmona Rodrigues explicou também que é importante fazer a caracterização física do Tejo com regularidade, o que não tem acontecido. “A última foi feita em 1998, tendo já passado muito tempo”, alertou. O ex-autarca referiu que tem havido uma redução do caudal do Tejo nos últimos anos e que a construção de barragens influenciou essa redução do caudal e também a retenção de areias. Durante dois dias especialistas portugueses e espanhóis debateram a revitalização e sustentabilidade do rio Tejo, procurando alertar para a necessidade de ambos os países articularem estratégias conjuntas. No discurso de encerramento, Alberto Mesquita afirmou que tem que existir uma acção orientadora que diga o que esperam dos municípios. “Existem muitas entidades mas não há uma interligação entre elas. Não se pode continuar a assistir a um Tejo poluído e não tirar o melhor proveito das suas potencialidades”, criticou. O presidente da Associação Independente para o Desenvolvimento Integrado de Alpiarça (AIDIA), João Serrano, outro dos promotores desta iniciativa, sublinhou que todos os contributos foram muito importantes para o futuro do rio. “Começa a existir uma grande sensibilização das entidades e da opinião pública para os problemas do Tejo. Esperemos é que daqui para a frente se possa olhar para estas questões de forma integrada”, disse. João Serrano referiu a necessidade de se olhar para a economia do Tejo e explorar todas as suas potencialidades turísticas. “Temos o sonho de criar uma rota turística no Tejo. Em 2009 esse projecto ainda chegou a ser aprovado mas nunca houve verbas”, lamentou. A primeira edição deste Fórum Ibérico realizou-se em 2012, em Santarém, e existe a intenção de realizar a terceira edição no próximo ano, desta vez em Espanha.Criada Confraria Ibérica do TejoOs intervenientes portugueses e espanhóis presentes no 2º Fórum Ibérico, realizado em Vila Franca de Xira, acordaram a criação de uma Confraria Ibérica do Tejo, que apesar de ter uma vertente mais gastronómica poderá ter um papel muito importante na revitalização do rio. O presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, autor da ideia, não escondeu a satisfação. “Esta era uma ambição antiga. Deste fórum resultou a criação de uma comissão instaladora que agora irá dar início ao processo de formalização da confraria, sendo o próximo encontro em Alpiarça. Pretendemos que a Confraria do Tejo agregue todos os municípios ribeirinhos. O Tejo é imprescindível para esta região”, concluiu.Governo quer criar plano de acção para combater poluição no TejoO secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, falou, durante a sessão de abertura da 2ª edição do Fórum Ibérico, dos casos de poluição que se verificam nalguns troços do rio, nomeadamente na zona do Médio Tejo, cuja responsabilidade se atribui a algumas empresas da região. “Infelizmente ainda temos alguns actores que quando sentem que a fiscalização abranda têm a tendência para que as coisas corram menos bem. Por esse motivo o Governo criou uma comissão de acompanhamento para criar um plano de acção”, explicou. Carlos Martins espera ter até Junho um relatório que permita criar um plano de acção para combater a poluição no Tejo, ressalvando que já se encontram em curso processos que podem levar ao encerramento de duas unidades fabris. “Não temos o prazer de encerrar empresas e estamos sensibilizados para as possíveis consequências sociais e económicas. No entanto, o prejuízo ambiental seria muito maior”, justificou.O governante defendeu também que deve haver um reforço nas relações entre Portugal e Espanha para resolver os problemas do rio e um aumento da fiscalização das descargas ilegais por parte das empresas.
“Tejo deve voltar a ser navegável mas temos que saber cuidar dele”

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