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Doente responsabilizado por perda de visão por não ter dito ao médico que tinha um “corpo estranho” no olho

Doente responsabilizado por perda de visão por não ter dito ao médico que tinha um “corpo estranho” no olho

Ministério da Saúde envia a deputados do BE as explicações do Hospital de Santarém sobre caso de Manuel João Rebelo

O tractorista foi uma primeira vez à Urgência queixar-se de dores na vista direita por ter sido atingido por um objecto quando lavrava uma horta. Foi mandado para casa e só referiu a possível existência de algo no olho na segundo ida ao serviço, tendo sido operado em Lisboa para onde foi transferido.

O Ministério da Saúde já respondeu a um pedido de esclarecimento dos deputados Carlos Matias e Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda (BE) sobre o caso do cidadão de Fazendas de Almeirim que corre o risco de ficar cego de uma vista por, segundo alega, não ter tido o devido atendimento na urgência do Hospital de Santarém. Na carta enviada ao Parlamento, são repetidas as explicações que já haviam sido dadas pela administração do Hospital a O MIRANTE no final de Fevereiro, segundo as quais o sucedido é atribuído ao facto de o doente não ter referido, quando foi pela primeira vez ao Serviço de Urgência, ter “um corpo estranho” no olho, limitando-se a explicar que tinha levado uma pancada no mesmo e que tinha dores.A situação ocorreu no dia 29 de Dezembro de 2015, terça-feira, da parte da tarde, quando Manuel João Rebelo, 35 anos, tractorista de profissão, actualmente desempregado, estava a trabalhar numa horta adjacente à sua casa. Segundo contou a O MIRANTE, a certa altura sentiu algo a bater-lhe na vista e que como estava com dores foi às urgências do Hospital de Santarém. Depois de observado, lavaram-lhe a vista e colocaram-lhe um penso, com a indicação de voltar no dia 4 de Janeiro para ser observado na oftalmologia uma vez que na altura não havia médico daquela especialidade. Cerca de 32 horas depois, como sentiu mais mais dores e começou a perder a visão, Manuel João Rebelo voltou às urgências, tendo sido enviado para S. José em Lisboa. Naquele hospital verificou-se que tinha um corpo estranho metálico no olho e que apresentava uma “catarata traumática”, tendo sido submetido a uma cirurgia.Segundo a informação dada aos deputados do BE, o Hospital de Santarém tem quatro médicos oftalmologistas, dos quais três fazem urgências em três períodos semanais. terças das 08h30 às 13h00 e quartas e quintas das 08h30 às 20h30. É também dito que a falta de oftalmologistas é ultrapassada com recurso à referenciação para o Centro Hospitalar de Lisboa Central que fica a menos de uma hora de distância. Os deputados tinham perguntado porque não havia oftalmologista no dia da primeira ida à urgência, dado que no Portal da Saúde está indicada a existência daquela especialidade de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 20h00. E também queriam saber se o hospital iria abrir um processo de averiguações às circunstâncias que envolveram o atendimento do doente.Manuel João Rebelo, residente em Fazendas de Almeirim, acusa o Hospital Distrital de Santarém de falta de assistência e já entregou os relatórios médicos a um advogado para avançar com um processo judicial contra a unidade hospitalar. O administrador do hospital, José Josué, reconhece que a especialidade não está presente nas urgências e que esta também não está disponível no hospital durante todo o dia nem ao fim-de-semana mas considera que o doente foi bem atendido e que na altura, perante as suas indicações, o caso não parecia grave.Na resposta a uma reclamação feita pelo doente, a administração do hospital refere que, após inquirição aos médicos, a vista direita de Manuel apresentava uma ligeira hemorragia do olho sem presença de qualquer corpo estranho. Mas a nota de alta do Hospital de S. José, em Lisboa, onde foi assistido posteriormente, refere que este apresentava um corpo estranho metálico e “catarata traumática”, pelo que o doente teve de ser submetido a uma cirurgia. Manuel João Rebelo está a ser acompanhado no Hospital dos Capuchos em Lisboa e os médicos não lhe garantem que volte a ver com o olho direito.
Doente responsabilizado por perda de visão por não ter dito ao médico que tinha um “corpo estranho” no olho

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