uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Um pintor que busca a inspiração nas paisagens da sua terra

Um pintor que busca a inspiração nas paisagens da sua terra

Saúl Roque Gameiro herdou do seu bisavô Alfredo a vocação para a arte e a paixão por Minde

Estudou e trabalhou em Inglaterra e quando regressou de Londres ficou por Lisboa, para o impacto da mudança ser menor, mas tem uma grande ligação à terra natal e passa cada vez mais tempo em Minde, onde tem um atelier.

Saúl Roque Gameiro divide o seu tempo entre Lisboa e Minde. O pintor, natural de Minde, bisneto de Alfredo Roque Gameiro, pintor e desenhador especializado na arte da aguarela, conta a O MIRANTE que o facto do seu bisavô ter sido um grande pintor talvez tenha despertado nele a paixão pelas artes. “Desde muito cedo tive essa familiaridade com as imagens e as pinturas do Roque Gameiro e tudo isso acaba por facilitar esse caminho da pintura porque houve uma sensibilização desde muito cedo pela apreciação das coisas que nós tínhamos na família ou pelo simples facto de saber da importância que Roque Gameiro teve como aguarelista”, refere. A paixão pela pintura começa na adolescência e pelo fascínio que o autor tem pela paisagem cársica e pela paisagem calcária das serras de Aire e Candeeiros e é a partir dessa temática que faz uma série de trabalhos tradicionais e figurativos. É também a partir dessa paisagem que faz a evolução para uma linguagem contemporânea, aproveitando os ritmos da rocha calcária, começando a participar em exposições fora do concelho de Alcanena.O artista foi para Inglaterra aos 17 anos para estudar engenharia têxtil e aí permaneceu cerca de oito anos a trabalhar nessa área numa empresa portuguesa. Esteve em Leeds, Leicester e Londres. Saúl Roque Gameiro conta que sempre foi muito ligado à sua terra mas quando veio de Londres, aos 32 anos, decidiu ir viver para Lisboa. “Tinha muitos amigos que estavam em Lisboa e depois de ter estado em Inglaterra não estava propriamente na disposição de vir de Londres para Minde. Então fui viver para a capital porque o impacto era menor”. Lembra-se de chegar de Inglaterra e olhar para Minde “como uma coisa exótica”. Mas o pintor adora Portugal e a região. “Tem um clima fantástico, as pessoas são acessíveis e simpáticas, temos, enquanto portugueses, aquelas nossas birras, aquelas depressões típicas do nosso fado, mas somos um povo de uma humanidade muito grande, temos a melhor gastronomia do mundo e as nossas paisagens são maravilhosas e muito variadas para a nossa dimensão”. Deixa ainda um alerta: “temos é que fazer um pouco mais culturalmente porque estamos subaproveitados”. E aponta exemplos. “Aqui na região devíamos reabilitar as aldeias e as povoações, cuidar um pouco mais as perspectivas e as vistas porque por vezes temos coisas muito bonitas que não estão visíveis, simplesmente porque há arvoredos que não deixam ver as vistas ou porque muitas vezes existem construções inestéticas que estão em sítios onde não deveriam de estar. Devia haver um trabalho de reabilitação, que se ia notar, porque esta região tem realmente um potencial enorme”. Gosta do Ribatejo e dos ribatejanos, mas não é um aficionado pela festa brava. “Acho bonito o espectáculo, a cor e tudo isso, faz parte da nossa tradição e cultura, mas sou um pouco sensível ao sofrimento e ao stress a que o animal é sujeito sem ter feito a escolha de estar ali. Talvez se devesse arranjar uma forma de diminuir o sofrimento dos animais. Um pintor ou uma pessoa ligada às artes é sempre sensível a essas questões”, confessa. “Museu Alfredo Roque Gameiro tem uma grande dinâmica” “O Museu Alfredo Roque Gameiro em Minde tem muita dinâmica”, diz Saúl Roque Gameiro. “Precisava era de um pouco mais de espaço porque o espólio de peças é muito grande”, diz. “A directora Alzira Roque Gameiro tem trabalhado muito bem e tem organizado muitas actividades que dinamizam realmente o museu. Tomando em consideração que o museu está instalado numa terra pequena como Minde, tem funcionado muito bem”.
Um pintor que busca a inspiração nas paisagens da sua terra

Mais Notícias

    A carregar...