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“Há que despertar a vontade das mulheres para a política”

“Há que despertar a vontade das mulheres para a política”

Maria da Luz Rosinha e Serafina Rodrigues estiveram a debater o papel político das mulheres antes e depois do 25 de Abril e ambas reconhecem que há ainda um longo caminho a percorrer.

Duas mulheres com presença e intervenção política e autárquica depois do 25 de Abril foram convidadas para um debate, no passado sábado, promovido pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, no Núcleo Museológico de Alverca. Maria da Luz Rosinha e Serafina Rodrigues foram ambas presidentes, a primeira na Câmara de Vila Franca de Xira e a segunda na Junta de Freguesia de Alverca, e têm cores políticas diferentes, mas estão plenamente de acordo de que há ainda um longo caminho a percorrer para se atingir a igualdade de direitos entre homens e mulheres.
“Depois do 25 de Abril alguma coisa mudou, mas também temos consciência que embora se tenha feito um longo caminho, muita coisa está por resolver”, vincou Maria da Luz Rosinha, indicando também que hoje, passados mais de 40 anos sobre o 25 de Abril, ainda se discutem as mesmas questões: a igualdade no emprego, nas remunerações, nas pensões de apoio à família, etc...
A deputada socialista reconheceu, por outro lado, que a participação das mulheres na actividade política nacional também merece ser revista. “Portugal adoptou, em 2006, a lei da paridade e estabeleceu uma quota de 33% para as mulheres, mas não determinou que esse número tinha que ser em relação, por exemplo, aos candidatos às autarquias. Então, podemos ter 33% de mulheres nas autarquias e nenhuma ser presidente de câmara. Há determinadas situações que necessitam de ser corrigidas a nível legislativo. Portugal é dos países em que a representação parlamentar também tem menos mulheres e se não houvesse uma legislação que obriga a que um em cada três deputados fosse mulher, seguramente teríamos as mulheres encostadas ao fim das listas”, afirmou.
Já Serafina Rodrigues lembrou que é necessário despertar mentalidades e vontades, para ficar demonstrado que o mundo da política não é só ‘deles’. “As mulheres já demonstraram há muito que são capazes, mas também é necessário despertar-lhes a vontade, porque mercê de um conjunto vasto de constrangimentos, as mulheres desinteressam-se da participação política”, admitiu.
O debate, moderado por Fernando Paulo Ferreira, vice-presidente do município, e onde compareceu igualmente Afonso Costa, presidente da Junta de Freguesia de Alverca, foi pouco concorrido (cerca de 20 pessoas). Porém, na assistência, estava uma jovem mãe, que também faz parte da assembleia de freguesia. Isabel Santos veio ao debate com a pequena Sofia Nogueira, de apenas sete meses, e a avó, Manuela Santos, sendo um exemplo claro de que é possível para uma jovem mulher conciliar a vida familiar com o trabalho autárquico. “Gerir estas coisas todas não é fácil, mas é possível. Não deixo de fugir às minhas responsabilidades porque tenho uma bebé. A Sofia também tem um pai, que tem a obrigação de ser pai dela e acho que por vezes exigimos muito pouco das pessoas que estão connosco”, adiantou.

“Há que despertar a vontade das mulheres para a política”

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