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Os imigrantes que vão ajudando a rejuvenescer o país

Estive sábado à noite em Santarém, na cerimónia da Páscoa da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Como O MIRANTE explicou, aquela e outras igrejas do Oriente, nomeadamente as ortodoxas, seguem o calendário Juliano e daí a Páscoa ter sido celebrada este ano a 1 de Maio.
O Convento de Santa Clara estava cheio. Contei os presentes e eram mais de quatrocentos. Havia dezenas de crianças e a maioria das pessoas era jovem. Os mais velhos não deveriam ter mais de cinquenta anos e eram pouco mais de dezena e meia. Como a celebração foi em ucraniano, língua apenas falada na Ucrânia, presumi que não estariam ali pessoas de outros países de Leste.
Sei que os ucranianos são, a seguir aos brasileiros, a maior comunidade estrangeira a viver em Portugal. Serão nesta altura mais de sessenta mil. Já foram mais mas muitos partiram e alguns milhares pediram a nacionalidade portuguesa. Em Santarém, no Convento de Santa Clara, estavam apenas pessoas que vivem e trabalham na região uma vez que houve celebrações em Lisboa, Fátima e outras zonas do país. Não imaginei ver ali tantos imigrantes ucranianos. Passamos por eles diariamente e não damos por eles, dada a boa capacidade de adaptação ao nosso país.
Faço este relato para lamentar que a presidente da Câmara de Abrantes, na entrevista dada a O MIRANTE, tenha dito que não aceita receber refugiados por não ter habitação social. É uma desculpa esfarrapada. Tenho lido sobre refugiados recebidos em aldeias, como em Vaqueiros, Santarém, e não me parece que nessas aldeias houvesse habitação social disponível. A única disponibilidade que havia era a solidariedade, o humanismo e a vontade de ajudar quem foge de guerras.
A população do concelho de Abrantes tem vindo a diminuir acentuadamente e está cada vez mais idosa. Se a senhora Maria do Céu Albuquerque pensa que a construção de museus e de esplanadas junto ao rio e a oferta de medalhas comemorativas do centenário aos bebés nascidos na maternidade vai inverter essa tendência, ou é ingénua ou ignorante.
Fernando de Carvalho

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